Após abril quente e seco, tempo vira com geada no Sul e frio até a Amazônia

 

O mês de abril está sendo marcado por ausência completa de precipitação em várias regiões do Brasil, inclusive em estados onde a média climatológica (1961-1990) dita em valores mais significativos, de até 140 milímetros, como no estado do Paraná.

Fato é que desde o final do mês de março, um anticiclone anômalo ganhou força em níveis médios da coluna troposférica estabelecendo um forte padrão de bloqueio, o que desviou todos os sistemas sinóticos transientes.

De acordo com o monitoramento feito pelo Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Cptec/Inpe) e órgãos regionais de meteorologia, a anomalia de temperatura mínima e máxima superou facilmente os 5°C nos 20 primeiros dias do mês, com destaque para valores mais abrangentes na Região Sul e em parte do Centro-Oeste e Sudeste, além da Bahia, principalmente para a temperatura máxima.

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Os órgãos oficiais de meteorologia, no entanto, decretam o enfraquecimento deste poderoso bloqueio atmosférico nos próximos dias. Um amplo cavado frontal (área alongada de baixa pressão atmosférica) cruzará a Cordilheira dos Andes a partir de domingo (24) sendo forçado pela ondulação da Corrente de Jato Polar Norte (CJPN), que traz ar frio diretamente do Polo Sul para a América do Sul.

O Cptec/Inpe, inclusive, em sua página na internet, ressaltou a sinalização de um de seus modelos, o BAM:

“A circulação anticiclônica anômala na troposfera média que se refletia em superfície como uma massa de ar quente e seco que vem predominando nos últimos dias sobre o Centro-Sul do país se desconfigurará no próximo final de semana e permitirá o avanço de uma onda de frio no início da próximo semana.

O modelo numérico global de previsão de tempo do CPTEC BAM 20 KM, mostra a incursão do ar frio (cores em azul) pela Argentina, Uruguai, Paraguai, oeste do MS, sul da Bolívia, Uruguai, RS e oeste de Santa Catarina na manhã de terça-feira (26/04). No dia seguinte, o frio avança também para as demais áeras do MS, de SC, PR, oeste de SP,sul e oeste de MT e sul de RO e do AC, caracterizando o fenômeno de friagem.”

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A maioria esmagadora das simulações numéricas utilizadas pelos órgãos de meteorologia projeta o deslocamento de um anticiclone considerado de forte intensidade para o mês de abril, com trajetória totalmente continental, o que deve facilitar o escoamento do ar frio polar para latitudes menores, como a região amazônica.

Ao contrário de 2015, onde apenas três fracos eventos de friagem foram registrados na região, o primeiro fenômeno de resfriamento na Amazônia de 2016 tem projeções mais otimistas para um declínio acentuado de temperatura e precipitação.

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O modelo europeu ECMWF indica sobre o nível de 850 hPa (1.500 metros de altitude), o fluxo de vento e temperatura em declínio até o sudoeste do estado do Amazonas.

A anomalia de temperatura perante também à média climatológica para abril tende a ser grande a partir do dia 26 penetrando pelo setor oeste e países vizinhos. Em algumas regiões, a temperatura deve cair para valores até 10°C abaixo do normal para o mês fugindo totalmente a regra até então observada com a bolha de calor exercida pelo bloqueio atmosférico.

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Outro modelo, o norte-americano GFS, sinaliza a condição para a formação de geada entre as madrugadas de quinta (28) e sexta-feira (29) em parte da Região Sul.

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O modelo também indica em volumes mais acumulativos de precipitação com o deslocamento deste amplo sistema frontal, onde a chuva pode retornar a toda a Região Sul e em parte do Centro-Oeste e Sudeste, com acumulados de até 80 milímetros entre os estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo e volumes maiores, acima de 125 mm, para áreas do Rio Grande do Sul e litoral sul paulista.

 

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O modelo também engloba em seus cálculos, a possibilidade de grandes acumulados de neve sobre a Cordilheira dos Andes entre a Argentina e Chile, além de áreas da Bolívia e Peru. Para a serra catarinense, a sinalização proposta pelo modelo é mínima para a região de São Joaquim.

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O mesmo também projeta marcas negativas de temperatura para cidades do sul paranaense, nordeste gaúcho e meio-oeste e sul catarinense, o que tende a impactar a agricultura em caso de geada generalizada.

(Crédito das imagens: Reprodução/Google – Reprodução/Cptec/Inpe/TropicalTidbits/WXBrasil)

(Fonte da informação: De Olho No Tempo Meteorologia)