Brasil fecha 157 mil vagas em julho, pior resultado para o mês desde 1992

 

O Brasil seguiu perdendo vagas com carteira assinada em julho. No mês, as demissões superaram as contratações em 157.905, segundo informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgadas nesta sexta-feira (21).

Foi o quarto mês seguido de demissões na economia brasileira. O resultado de julho também foi o pior para este mês desde o início da série histórica do Ministério do Trabalho para este indicador, em 1992.

‘Fase de adequação’
Mais cedo, em São Paulo, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, já havia antecipado que o resultado de julho seria negativo, mas sem citar números. Segundo ele, o país está numa fase de adequação. “Nossa expectativa é de que até o final do ano nós possamos retomar e o governo está oferecendo recursos e sua capacidade de investimento que implica em geração de novos postos de trabalho”, disse o ministro na ocasião.

O fechamento de vagas formais acontece em meio a um fraco nível de atividade econômica, com a indicação de o Brasil já estaria no meio de uma recessão, de alta da inflação, do endividamento das famílias, e de um ajuste nas contas públicas – implementado pela equipe econômica, principalmente, com aumento de impostos e corte de investimentos.

Acumulado do ano
No acumulado dos sete primeiros meses deste ano, ainda segundo dados oficiais, foram fechados 494.386 postos com carteira assinada. Foi o pior resultado para este período da série histórica disponibilizada pelo Ministério do Trabalho, que começa, para o período acumulado do ano, em 2002.

Também foi a primeira vez desde 2002 que o saldo ficou negativo para os sete primeiros meses de um ano. Os saldos de janeiro a junho foram contabilizados após o ajuste para empregos declarados fora do prazo, e o mês de julho ainda está sem ajuste. Em 12 meses até julho deste ano, o país já acumula a perda de 778.731 postos de trabalho com carteira assinada.

Com a redução de vagas formais em julho deste ano, o número de trabalhadores com carteira assinada, em todo o país, também tem recuado. No fim de julho de 2014, um ano atrás, 41,49 milhões de pessoas tinham emprego com carteira no Brasil. No mês passado, o número de trabalhadores empregados já tinha recuado para 40,71 milhões.

Setores
De acordo com os números do governo, a indústria foi responsável pelo maior corte de vagas no mês passado: foram 64.312 postos perdidos no período. “O desempenho do setor da Indústria de Transformação (-64.312 postos ou -0,80%) originou-se da queda de todos os ramos, com destaque para: Indústria Têxtil (-8.567 postos), Indústria Mecânica (-7.762 postos), Indústria Metalúrgica (-7.046 postos) e Indústria de Material de Transporte (-6.326 postos)”, informou o governo.

O setor de serviços, por sua vez, registrou o fechamento de 58.010 postos em julho deste ano. “Esse desempenho foi proveniente do recuo de cinco ramos com destaque para os Serviços de Comércio e Administração de Imóveis. O ramo dos Serviços Médicos e Odontológicos foi o único que expandiu o nível de emprego”, informou.

A construção civil, por sua vez, registrou o fechamento de 21.996 vagas no mês passado, enquanto, no comércio, foram 34.545 vagas a menos. A agricultura foi o único setor a contratar no mês, ganhando 24.465 vagas. O Ministério do Trabalho informou que as contratações na agricultura aconteceram por “motivos sazonais” (característicos de determinados períodos do ano).

Regiões e estados
Por regiões, houve fechamento de vagas em todas elas em julho. No mês passado, o Sudeste registrou o pior resultado, com 79.944 vagas a menos. No Nordeste, foram cortados 25.164 postos, enquanto Sul e Norte perderam, respectivamente, 44.943 e 2.024 vagas, respectivamente. Já na região Centro-Oeste, foram demitidos 5.830 trabalhadores com carteira assinada, segundo o Ministério do Trabalho.

Dentre as unidades da federação, informou o governo, vinte e quatro reduziram o nível de
emprego, com destaques para São Paulo (-38.109 postos), Rio de Janeiro (-19.457 postos), Rio Grande do Sul (-17.818 postos) e Minas Gerais (-16.712 postos). Os estados que apresentaram aumento no emprego, no mês passado, foram: Pará (+2.634 postos), Maranhão (+2.121 postos) eMato Grosso (+770 postos). Fonte: G1