Conheça o competidor que montará no Desafio do Bem em Prol do Hospital de Câncer de Barretos

 

O Desafio do Bem, em Prol do Hospital de Câncer de Barretos em 2015, será realizado com Américo Antônio Mattos, de Ariquemes, estado de Rondônia. Baseado nos últimos nomes que participaram do último desafio. Quem é Américo? Acredito foi esse seu pensamento. Américo é um competidor da modalidade touros que não têm parte de um dos braços, uma deficiência de nascença. O seu nome foi descoberto e divulgado pelo competidor Leandro Baldissera, que já participou do Desafio do Bem. Através de um vídeo, que teve milhares de compartilhamentos, Américo ganhou centenas de divulgadores que enviaram este vídeo para a diretoria de Os Independentes e o pedido foi aceito de imediato. Ele ganhou também a oportunidade de montar no Rodeio Internacional.

Américo ganhou também além de apoio moral, patrocínio, a Freedom Country, deu a ele uma tralha de montarias (calça de couro, luvas e coletes, novos) a mesma empresa que faz todos os anos para o uniforme para o desafio já está confeccionando a tralha especial, para o dia que já é esperado por Américo com muita ansiedade.

Tive a oportunidade de conhece-lo no início do mês em sua cidade natal, Ariquemes, durante a 32ª EXPOARI. Conservei com ele só no último dia, porém, fiquei o observando durante dois dias antes das montarias.

Ele fica sempre sentado em um canto, concentrado, gosta de se virar. Quando imaginamos um cara que praticamente não tem um braço montando vem aquela sensação de “Coitado”. Nada disso, Américo é alegre, fala bem, se veste bem e monta muito, é “Duro no Boi” como dizemos no rodeio. É alegre e não tem traumas ou muito menos reclama de nada.

Procura sempre fazer as coisas sozinho, o máximo que pode, um exemplo de perseverança. Inspirado pelo irmão, e amigos, Américo, começou a montar com 16 anos, hoje aos 18 anos. Filho de motorista e dona de casa, é um dos principais competidores do estado da Rondônia.

Confira entrevista.

Montar em touros é muito difícil, o braço de equilíbrio, como o nome diz você não tem. Como foi essa adaptação?

Meu início foi montando por brincadeira, quando a coisa ficou séria, me dediquei muito, os tropeiros aqui da Rondônia abriram as portas para eu praticar, treinei bastante, e fui ajustando e adaptando.

Como a família recebeu a notícia que você ia montar pra valer?

Eles apoiaram, tive total apoio, porém, tive que estudar, eles exigiram isso.

Observei que você não é de pedir ajuda, faz tudo sozinho, coloca luva, amarra calça de couro. Como é isso?

Se tiver um amigo bem conhecido eu peço, senão eu me viro.  Quando meu irmão está montando comigo ele me ajuda. Eu treino também para fazer tudo que posso sozinho.

Você se sente uma pessoa que precisa de ajuda em razão deste problema?

Não. Me sinto um pessoal normal, eu não tive os dois braços para saber como é, mas eu me sinto tranquilo. Eu tento fazer de tudo sozinho, até para não incomodar os outros.

Você fica isolado, fica sempre sentado no mesmo canto na beira dos Bretes, concentrado. Você é tímido? Isso é um ritual de concentração?

Eu gosto de ficar ali pensando no touro que vou montar, faz parte da minha concentração. Não me considero tímido, pelo menos com os amigos não sou.

O que você ganhou até hoje no rodeio?

Eu fiz umas finais boas, montei em 22 rodeios em 2014, entrei em 17 finais, e já ganhei duas motos também. Esse ano montei 13 rodeios entrei sem seis finais.

Existe algum tipo de pulo de touro, que fica muito difícil para você?

Todo pulo é complicado, mas para mim, o touro que prancheia (pula torcido) é muito mais complicado.

Quando não se tem o braço (seu caso) é preciso compensar com o que?

Com a cintura, como falei, treinei muito para aprimorar e superar os pulos dos touros.

Na hora de apertar a corda você precisa de auxílio?

Sim, preciso na segunda passada da corda na mão, meu irmão e alguns amigos, já sabem certinho como funciona. Hoje (Entrevista aconteceu na semifinal de Ariquemes) mesmo o menino não sabia muito ai tive que ajudar pra ficar tudo certo, ou seja, eu consigo também.

E essa questão de fazer o Desafio do Bem em Prol do Hospital de Câncer de Barretos. Como está sua cabeça em relação a isso?

É uma emoção muito grande poder ajudar quem e fato precisa e, é como sempre falo, é muito melhor ajudar do que ser ajudado.

Você é uma pessoa feliz e sem trauma algum por esta deficiência?

Sou muito feliz, brinco o tempo todo, sou extrovertido, gosto muito de brincar.

Américo, quando um alguém fala que monta em touro, já causa um reação de espanto nas pessoas. Acredito que no seu caso, que não tem um pedaço do braço seja muito maior este espanto. Como você reage a reação das pessoas?

Desde pequeno eu convivo no meio dos competidores, sempre tiraram sarro de mim, mas tudo normal. Eu sei que tem pessoas que se assustam, e muito, mas todos tem seu valor e, se tem um sonho, temos que ir atrás.

Algum acidente grava na sua carreira?

Tomei um pisão nas costas deu hemorragia interna, com lesão no fígado, rim, mas recuperei.

Quando você começou a montar em touros você imaginava que ia chegar tão longe como montar no rodeio internacional de Barretos?

A gente pensava assim: Um dia quero estar lá. Mas, agora que tudo é realidade, fico um pouco apreensivo, mas espero que dê tudo certo.

Que mensagem você deixaria para as pessoas que reclamam da vida, que reclamam, de tudo com tudo com saúde?

Para nunca desistir de um sonho, Deus é justo e sabe muito bem o que quer da nossa vida.

 

Por Eugênio José

Foto: Leandro Kazuo