Menina denuncia pai por estupro após assistir reportagem, diz polícia

 

Os diversos casos divulgados recentemente pela imprensa incentivaram uma menina de 7 anos a denunciar o próprio pai por estupro. De acordo com informações da polícia, o boletim de ocorrência foi registrado no domingo (5), em Bauru (SP) e Delegacia de Defesa da Mulher já está com o caso. Para a polícia, a mãe da criança contou que ela resolveu falar o que tinha acontecido após assistir uma reportagem sobre denúncias de casos de abuso sexual.

Ainda segundo as informações da polícia, os pais da menina são divorciados e têm três filhos. O pai teria se reaproximado da família depois de um dos filhos apresentou distúrbios no comportamento. Eles levou os dois meninos, um de cada vez, para passar alguns dias juntos.

No sábado, dia 14 de maio, foi a vez da menina. Pai e filha foram a uma festa e, segundo o depoimento da menina à polícia, ele havia ingerido bebida alcoólica. Quando chegaram em casa e foram dormir, houve o abuso. Ainda segundo o B.O, a menina chegou a pedir para que o pai parasse. De acordo com a vítima, ele pediu para que ela não contasse a ninguém, pois correria risco de morte. A mãe da menina afirmou que a filha ficou mais agitada depois do caso e o pai não procurou mais a família.

O caso foi encaminhado para Delegacia de Defesa da Mulher. “Nós temos todo um protocolo nesses casos de abuso, especialmente envolvendo uma criança. Ela é encaminhada para as psicólogas, que conversam com a vítima e a gente recebe um laudo com o relato dos abusos. Ela também passa por exames e mesmo não tendo vestígios do abuso, esse exame é realizado e a polícia com base nesse laudo também instrui os procedimentos. Somente depois desses procedimentos, em que encontramos a materialidade do estupro é que a prisão preventiva do investigado é pedida”, explica a delegada Alexandra Ramos Nogueira.

A delegada ressaltou também o fato da menina ter denunciado após uma reportagem e a importância da informação para que elas entendam o que está acontecendo e denunciem o abuso. “Nós sempre apoiamos a divulgação dessas informações, seja pelos meios de comunicação, na escola, entre os familiares que explicam o que é o abuso sexual, como ele ocorre dentro de casa, para que a criança entenda e se sinta à vontade para contar se acontece algo errado”, completa.

Abuso sexual em Bauru
A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo contabiliza que, de janeiro a abril deste ano foram registrados 40 casos de estupro em Bauru. São sete a mais que o mesmo período do ano passado.

“A denúncia é importante porque é um meio de prevenção. E quando se pune um autor de crime, você de uma maneira geral está prevenindo o crime pra que ele não faça outras vítimas”, explica a delegada Priscila Bianchini.

Segundo a psiquiatra Adélia Ferraz Daher Miranda, casos de abuso causam patologias às vítimas. “Existem desde os sintomas que são os mais evidentes, sintomas patológicos quando vem à luz. A pessoa desenvolve ou uma ansiedade crônica, ou uma ansiedade em picos. A gente chama de transtorno de stress pós-traumático. A pessoa com a simples menção do fato ocorrido ela tem uma crise aguda de ansiedade. Ela pode ter transtornos depressivos variados ou uma retração social importante.”

Campanhas
Depois do caso do estupro coletivo ocorrido no Rio de Janeiro (RJ), diversas cidades brasileiras têm registrado manifestações contra este tipo de crime. A última delas foi no sábado (4), em Bauru.

Um ato em defesa dos direitos das mulheres e também por mais segurança reuniu cerca de 60 pessoas, segundo os organizadores.

O ato “Por uma vida sem medo” foi organizado por três grupos sociais – coletivo Liberdade Luta, Juntas! e Coletivo Abre Alas, que atuam em frentes de defesa aos direitos das mulheres. Fonte G1