Casal que se conheceu durante tratamento contra o câncer comemora 1º Dia dos Namorados
Todo mundo que foi a alguma cerimônia de casamento já ouviu a célebre frase que sela a promessa de se amarem “na saúde e na doença”. Para o casal Jaina de Brito Moura e Denis dos Santos Cardozo o juramento não poderia ser mais apropriado.
É que eles só estão juntos hoje por causa da luta de ambos contra o câncer. Ela é de Manaus e ele, de Salvador, e se conheceram em uma casa de apoio do Hospital Amaral Carvalho em Jaú, no interior de São Paulo, durante tratamento médico.
Um encontro que dificilmente aconteceria em outro local por serem de estados diferentes do Brasil. E após oito meses de namoro, eles vão ter a oportunidade de comemorar o 1º Dia dos Namorados.
Jaina realizou o transplante de medula óssea em 2016, a irmã foi doadora e desde então ela vive em Jaú por conta da evolução do tratamento.
Um ano antes, Denis passou pelo mesmo procedimento e acabou ficando também por causa do tratamento e porque, logo depois a mãe também foi diagnosticada com câncer e foi tratada também no hospital em Jaú.
Os dois se tornaram amigos e da amizade nasceu o amor. “Eu já estava aqui e a Jaina chegou. Depois que estávamos juntos, que ela contou já gostava de mim, mas eu bobo, nem percebi. Com a doença da minha mãe, que acabou morrendo em março deste ano, passei por momentos difíceis. Foi quando a Jaina entrou em definitivo na minha vida e isso tem feito a diferença”, conta Denis, de 39 anos.
Os dois namoram desde outubro do ano passado e nesse pouco tempo junto, mas intenso, aprenderam a lidar com as diferenças culturais. “Temos diferenças de costumes, no peixe e na farinha. Ela gosta de um tipo de farinha e eu de outro. E ela ama peixe, e eu não tanto. Mas ela gosta também do meu cuscuz, do biju que faço. Viver a dois, mesmo com duas culturas diferentes, tem funcionado muito bem”, diz Denis.
Já dividindo a casa em Jaú, os dois fazem planos para o futuro e já tem a benção de familiares. “Estamos planejando ir para Salvador, pedir a transferência do tratamento dela para lá, e ficamos na minha casa”, ressalta Denis.
“Já temos até aliança de compromisso. Não planejamos e foi acontecendo, mas ele hoje representa tudo para mim, é meu porto-seguro”, completa Jaina, de 30 anos.
E nesse primeiro dia dos namorados que vão passar juntos, os dois comemoram a felicidade de terem se conhecido, mesmo num momento tão difícil da vida dos dois.
“Nunca tínhamos passado esse dia namorando, nem com outras pessoas. Estamos muito felizes. Mas para mim, todo dia é dia dos namorados. Vamos ver o que podemos fazer nesse dia, sair para algum lugar e comemorar”, declara Denis.
Na saúde na doença
A célebre frase é colocada em prática a cada dia na vida da Francisca Arevalo Farias, de 22 anos, e do marido, Diego Gomes Holanda, de 28. Os dois saíram de São Paulo de Olivença, no interior do Amazonas, em busca do tratamento contra câncer.
Francisca foi diagnosticada com a doença em maio do ano passado e como na cidade onde viviam não tinham muitos recursos eles foram para capital Manaus e de lá encaminhados para o hospital em Jaú, que é referência no tratamento da doença.
“Fomos para Tabatinga, de lá fomos para Manaus, num avião com UTI. Lá foi difícil, porque nunca tínhamos ido a uma cidade grande. No começo me senti acabado. Vi nosso sonho desmoronar, mas nunca transmiti esse medo a ela. Sempre tentei passar força a ela”, lembra Diego.
O casal está junto há seis anos e tem uma filha de 2 anos. Francisca se recorda que já viveram momentos difíceis.
“Quando começamos a namorar ele passou num curso de radiologia, em uma cidade longe, passávamos dias sem nos ver. Por dois anos, ele só vinha me ver uma vez ao mês, e rapidinho, porque tinha que voltar ou resolver outras coisas, aí era mais por telefone mesmo. Chegamos a nos separar, mas eu descobri que estava grávida e voltamos.”
Mas com a doença, ela acredita que o casal está mais fortalecido. “O apoio dele é tudo para mim. Já vi muitos casais se separarem durante o tratamento. Agradeço por ele nunca me deixar só. Nosso relacionamento foi fortalecido depois da doença. Nos aproximamos muito.”
“Tudo que Deus faz tem um propósito. Agora é que conseguimos ficar mais tempo juntos. Viramos noites conversando e ficamos muito unidos, muito íntimos”, concorda Denis.
Um companheirismo que surpreendeu até quem os conheceu durante essa empreitada. “No hospital conheci um homem que se admirou comigo. Ele disse: ‘poxa, vocês são tão novos, e estão sempre juntos, o cuidado que tem com ela, nunca a abandona’. Ele acabou desabafando que ele pensou em largar da esposa que estava em tratamento. Acho que essa fase teve seu lado positivo, nos deu mais cumplicidade. O amor nos faz superar tudo.”
E o maior presente que os dois esperam agora é poder voltar para casa e comemorar a saúde de Francisca com a família completa.
“O que mais nos faz falta é ficar com a nossa pequena, a Letícia. Estamos em Jaú desde fevereiro. Nossa luta é por ela, para voltarmos a ficar os três juntos em breve e com nossa família. Do resto a gente corre atrás”, finaliza Diego.