A “novela” do atendimento da oncologia do HRA continua em 2020

Em Assis, pacientes que precisam de tratamento contra o câncer, reclamam do atendimento, oferecido pelo Hospital Regional. O maior problema seria a falta de estruturas para atender as 30 cidades da região.

Os remédios são para amenizar a dor, enquanto a Ana Paula aguarda por tratamento. Há um ano foi diagnosticada com um tipo raro de câncer na medula. A partir daí, a luta contra a doença se tornou também uma corrida entre cidades. “Fica nesse joguinho, Ourinhos me joga para Assis e Assis alegando que não tem mais esse tipo de tratamento que eu preciso, e eu entendo porque eles não têm mesmo, me devolve para Ourinhos porque também não tem. Aí, Ourinhos me mandou conseguir uma consulta em Marília”, diz.

Ao ser direcionada para uma consulta em Marília ela recebeu a informação de que receberia acompanhamento médico a cada 12 meses. Inconformada com a situação, no final do ano passado ela decidiu entrar na justiça para solicitar o tratamento. Conseguiu uma liminar para ser encaminhada para Jaú. “Quando eu ouvi de três médicos diferentes, que agora eu meu estada é paliativo, que não tinha mais o que fazer, eu entendi que estado paliativo era um acompanhamento. E quando fui me informar sobre o que significava isso, a médica de Marília, falou que iria me acompanhar. Me pediu para passar no guichê e marcar uma consulta para daqui 365 dias. Eu achei muito descaso do SUS”, conta indignada.

Assim como Ana Paula, outros pacientes que dependem do Hospital de Assis têm dificuldades e reclamam da falta de estrutura

Segundo o professor Carlos Pereira Pinto, existe uma carência de leito hospitalar, equipamentos que sejam destinados a atender a população. “Ou seja, esse hospital não era para estar aqui, era pra ter uma estrutura distanciada do centro da cidade, com uma tecnologia de infra-instrutora mais adequada, porque o Hospital Regional é antiquado, não atende mais as necessidades dos pacientes”, destaca.

O hospital de Assis é considerado como uma unidade de assistência de alta complexidade em oncologia e atende a 30 municípios da região. No entanto em 2017, ele chegou a ser descredenciado por técnicos do Mistério da Saúde. Eles encontraram situações irregulares que poderiam prejudicar o atendimento dos pacientes. Com isso, os pacientes de Assis foram transferidos para outros hospitais.

E o caso da Ana Paula Caversan, que passou ser atendida em Ourinhos, mas em janeiro de 2019 os atendimentos foram retomados e ela voltou para Assis. Só que há dois meses não consegue fazer a quimioterapia.

Segundo Cleuza Caversan, mãe de Ana Paula, ela já perdeu seis sessões de quimioterapia por causa dessa mudança.

“Falei para a minha mãe que tenho medo deles colocarem a mão em mim. Fui fazer um exame agora a pouco, mas fui com medo. Queria voltar a ser atendida em Ourinhos”, diz a paciente.