Ação da Defensoria Pública de Marília cobra da prefeitura a criação de abrigo para animais de rua
A situação dos animais abandonados nas ruas de Marília (SP) está causando preocupação entre os defensores públicos e pessoas relacionadas à causa animal da cidade, principalmente devido aos casos de leishmaniose visceral canina, sendo oito só neste ano.
Presidente de uma entidade de proteção animal, Fábio Cabral afirma o abrigo da ONG está superlotado. Ao todo, são quase 200 animais entre cães, gatos e cavalos. “Cachorro a gente não está mais dando conta. Por dia, estão vindos cinco ou seis denúncias e pedidos de socorro sobre animais na rua, cachorra que deu cria, cachorro que está doente ou que está em risco”.
A maioria dos animais que vivem atualmente no abrigo foi retirada da rua, em situação de abandono ou até maus-tratos. E para tratar de todos, a ONG conta com doações e parcerias com clínicas veterinárias.
Notando a demanda das pessoas que questionavam sobre o serviço, a Defensoria Pública do Município entrou com uma ação para forçar a prefeitura a criar um canil municipal e estabelecer uma política pública mais efetiva para os animais de rua. A ONG estima que mais de 5 mil animais estejam abandonados nas vias do município.
Além disso, a ação pede a implementação de um programa de castração de cães e gatos e que seja de graça para população de baixa renda. O Tribunal de Justiça acatou o pedido e determinou que a prefeitura tome providências.
A defensora pública Eloísa Maximiano Goto enumera que a questão vai além do problema do abandono. “A periferia em geral, nas comunidades, nas favelas, realmente tem muito animal se reproduzindo e muito animal doente. Marília como um todo já está com vários casos de leishmaniose inclusive com transmissão para o ser humano, então supera a questão de meio ambiente para uma questão de saúde pública, não tem como mais fugir de recolher e tratar esses bichos”.
De acordo com os números da Organização Mundial da Saúde, uma cidade do porte de Marília deveria realizar cerca de 160 castrações mensais para chegar a um controle populacional efetivo de cães e gatos. A prefeitura alega, porém, que essa meta já foi atingida.
Leishmaniose
Só nos primeiros meses deste ano, oito pessoas contraíram a leishmaniose, uma doença transmitida do cão infectado para o humano, por meio da picada do mosquito-palha. A região norte é a mais preocupante, segundo a divisão de Zoonoses. Na área, apenas 25% dos cães tiveram amostras de sangue coletadas.
O coordenador da divisão, Lupércio Garrido alega que a fiscalização não consegue chegar a todas as casas. “Nós estamos tendo um problema nos imóveis que se encontram fechados durante a semana. Nossas equipes passaram nessa área duas vezes e o que a gente conseguiu dessa vez foi a coleta de 19 amostras”.
Garrido também atenta para a importância da colaboração da população em manter os quintais limpos, eliminando possíveis criadouros da doença.