Acordo no ‘fio de bigode’ virou locação de R$ 36 mil para quadra ser hospital

Mesmo sem explicações oficiais da Prefeitura de Assis, parte das dúvidas de muitos assisenses foi esclarecida.

O acordo ‘no fio do bigode’, firmado entre o presidente da Associação Desportiva da Polícia Militar -ADPM-, José Roberto Costa, e o prefeito José Aparecido Fernandes, do PDT, foi concretizado ‘no papel’ com a celebração de um contrato de locação onde a Prefeitura Municipal Assis terá um custo global de R$ 36 mil pelo uso do ginásio de esportes para montar e funcionar o Hospital de Campanha, que visa atender as vítimas da COVID-19.

A declaração de Aparecido Fernandes, num vídeo gravado no dia 25 de março, onde ele agradecia o presidente da ADPM por “ter cedido” o ginásio para abrigar o Hospital de Campanha, fez com que muitas pessoas interpretassem o termo ‘cedido’ como cessão gratuita.

Quando uma Nota de Empenho, com extrato do contrato de locação do ginásio de esportes, firmado entre Prefeitura e ADPM, no valor de R$ 36 mil, foi publicado nas redes sociais, surgiram muitos comentários e questionamentos se o uso do espaço seria gratuito ou pago.

Essa dúvida foi esclarecida na manhã desta quarta-feira, dia 20 de maio, numa entrevista do presidente da ADPM, José Roberto Costa, ao radialista Reinaldo Nunes, no programa ‘Acorda Assis’, na rádio Interativa FM.

“O prefeito me procurou, em março, pedindo o ginásio para abrigar o Hospital de Campanha. Em razão do momento em que estamos passando, com esse vírus causando milhares de mortes no país, não poderia recusar o pedido. No entanto, esclareci ao prefeito que o clube tem despesas mensais fixas para a manutenção da área e que, em razão da pandemia, sofreu uma queda acentuada na receita. E fizemos, naquele momento, um acordo ‘no fio de bigode’, onde o prefeito prometeu que nos ajudaria, mas sequer estipulamos qualquer valor”, garantiu.

No transcorrer da entrevista, o dirigente da ADPM explicou que a solução encontrada para a Prefeitura honrar o acordo feito no ‘fio de bigode’ foi celebrar um contrato de locação, no valor global de R$ 36 mil. No entanto, ele negou que tenha recebido todo esse valor e acredita que, talvez, não chegue a receber essa quantia. “A Prefeitura pagará pelo período em que o ginásio estiver usando o ginásio como Hospital de Campanha. Poderá ser por três, quatro ou cinco meses”, frisou.

José Roberto ressaltou que, desde o início da pandemia, o clube não tem mais receita com locação da sede social, dos espaços de escolinhas e treinamento esportivo e nem do próprio ginásio, onde estavam agendados alguns shows.

Além disso, o dirigente ressalta ter contraído uma ‘despesa grande’ com a elaboração do projeto arquitetônico e as adaptações estruturais do ginásio para obter o AVCB -Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros. “Tenho muitas despesas e o clube está ‘parado’. Essa ajuda será uma maneira de minimizar os nossos débitos”, resumiu.

ESGOTO – Outra dúvida esclarecida na entrevista é que, atualmente, o ginásio da ADPM não está dotado do serviço de coleta de esgoto pela rede da Sabesp. “Temos a rede de esgoto passando na avenida (avenida Felix de Castro) interligada com o clube, mas tivemos um problema de ‘retorno’ do esgoto e ela acabou sendo desativado”, explicou e garantiu: “vou procurar a Sabesp para resolver isso”.

Perguntado pelo radialista se, atualmente, a coleta de esgoto do ginásio está sendo feita pelo sistema de fossa, o presidente, no cargo há vários anos, claramente, se esquivou: “Isso eu não sei responder. Preciso verificar”, concluiu.

PRAZO – No dia 25 de março, ao lado do diretor executivo da FEMA, Eduardo Vella Gonçalves, e do secretário municipal da Saúde, Adriano Luís Romagnoli Pires, o prefeito José Aparecido Fernandes, do PDT, prometeu que o Hospital de Campanha ficaria pronto em cinco dias.

Discursando para uma gravação de vídeo institucional da Prefeitura Municipal, Aparecido Fernandes disse: “Eu sou muito grato aos empresários de Assis que, em ação conjunta, estão apoiando, com recursos, a Prefeitura para viabilizar a construção do Hospital de Campanha, que deve ficar pronto em 5 dias”.

Nesta quinta-feira, dia 22 de maio, passados 56 dias, começaram a ser montados os leitos e equipamentos comprados com recursos do Governo Federal e Estadual. Ninguém arrisca a fazer uma nova previsão de abertura da unidade hospitalar. Fonte: Jornal da Segunda

21 maio promessa

No dia 25 de março, o prefeito prometeu hospital pronto em “cinco dias”