Adolescente com coluna que ultrapassava 100 graus de curvatura passa por cirurgia: ‘Recomeço’, diz mãe
Menino com mais de 100º de curvatura realizou
procedimento no HC de SP — Foto: Arquivo Pessoal
O adolescente que tinha uma curvatura de 127 graus na coluna vertebral passou pela cirurgia de correção. E agora, a família espera que ele “aproveite a juventude” no recomeço.
Murilo Arruda, de 15 anos, sofria de uma cifoescoliose congênita, um problema de associação de cifose e escoliose, ou seja, desvio duplo posterior e lateral da coluna vertebral.
A condição de Murilo estava comprimindo os órgãos dele, como o pulmão e coração, e se fazia presente desde o nascimento, sendo definida por problemas na formação ou fusão dos ossos da coluna.
Morador de Lupércio (SP), adolescente de 15 anos
sofre de cifoescoliose — Foto: Arquivo Pessoal
A mãe Suélen Arruda espera agora que o adolescente retome as atividades comuns da idade e volte a sonhar com as possibilidades da vida.
“A expectativa é que ele volte a fazer tudo que ele estava limitado a fazer. Jogar bola, andar de bicicleta, ir à escola, fazer tudo que não estava podendo. A minha expectativa é ver ele feliz, aproveitando a juventude dele, ver ele sem dores e sem as limitações. É um recomeço”, pontua a mãe.
A família de Lupércio, cidade de 3.981 mil habitantes do interior de SP, viu a cirurgia pelo Sistema Único de Saúde no Hospital das Clínicas (HC) de São Paulo, onde Murilo já fazia o tratamento, ser marcada e desmarcada cinco vezes.
Diante do cenário, a mãe de Murilo buscou ajuda por meio de uma campanha na web para custear o procedimento médico estimado em R$ 904,1 mil na rede privada.
Mãe de criança com cifoescoliose espera que cirurgia
auxilie o filho na vida social — Foto: Arquivo Pessoal
Após a repercussão do caso, o menino finalmente conseguiu realizar a cirurgia gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no HC de São Paulo, no último mês de fevereiro.
“Só tenho a agradecer cada ajuda, cada pessoa que se comoveu com história do Murilo, e o ajudou, sempre carregarei comigo sentimento de gratidão, a todos que compartilharam, que fizeram uma doação, rifas, eventos. E o mais importante de tudo, que orou pela vida do Murilo”, diz a mãe Suélen Arruda.
A cirurgia era considerada de risco por ser complexa e difícil, já que, para a correção da deformidade, foi necessária a colocação de pinos. O processo completo dura de seis a oito horas e utiliza anestesia geral.
Com o sucesso do procedimento, as atenções da família se voltam agora para a recuperação, que exige o uso de colete por três meses, além de um acompanhamento multi e interdisciplinar.
“Ele já saindo do hospital começou o tratamento com fisioterapeuta, sem data prevista para acabar. Também começará o acompanhamento com o nutricionista, pois ele precisará ganhar massa muscular”, revela a mãe.
“O tratamento do Murilo ainda tem um caminho longo, ele vai continuar tratamento dele aqui mesmo, onde já se tratava, mas a reabilitação dele será na cidade de Marilia (SP), no particular”, complementa.
Mãe realiza vaquinha virtual para arrecadar quase
R$ 1 milhão para cirurgia do filho — Foto: Arquivo Pessoal
Diagnóstico ainda bebê
Ao g1, Suélen Arruda revelou que a condição foi descoberta quando o filho tinha apenas quatro meses de vida.
“Descobrimos que ele tinha uma escoliose congênita através de um problema de saúde que ele teve e precisou passar por uma cirurgia no intestino. Foi um grande susto para mim e toda minha família, mas desde então demos início ao tratamento”, revela a auxiliar de limpeza, de 31 anos.
Suélen conta que, ao todo, Murilo já passou por três cirurgias para corrigir ou ao menos amenizar os problemas na coluna. No entanto, em uma delas, o material se rompeu e gerou uma infecção bacteriana.
“No ano de 2021, passado cinco anos desde a segunda cirurgia, o inesperado aconteceu, o material se quebrou e causou uma infecção. Novamente, fez com que o medo tomasse conta de nós, ele precisou ir para o centro cirúrgico e passar pela sua terceira cirurgia para retirada desse material infectado”, conta a mãe.
Menino com curvatura de 127º na coluna já
realizou três cirurgias — Foto: Arquivo Pessoal
Luta por sonhos
A família viajava cerca de 420 km, duas ou três vezes por mês, para o tratamento em São Paulo, capital. O deslocamento para o tratamento, feito na rede pública de saúde, no Hospital das Clínicas (HC), era custeado pela Prefeitura de Lupércio.
Segundo a mãe, o filho abandonou a escola por dois anos por conta das limitações físicas, bem como hobbies como o futebol. Além disso, o preconceito dentro da sala de aula o afastou de outros sonhos.
“Ele não pode fazer aquilo que sempre gostou, que é jogar bola, ir para escola, ter uma vida digna de adolescente, me dói. Teve uma época que ele acabou se afastando dos amigos por ter suas limitações e não poder fazer as mesmas coisas que eles. infelizmente também sofreu bullying na escola”, desabafou a mãe.
Em uma jornada onde não somente o físico de Murilo era afetado, mas sobretudo o psicológico e social, a mãe revelou que compartilhava diariamente da dor do filho e espera que o procedimento dê para ele uma vida digna.
“A dor que sinto ao longo desses anos não tem explicação. Você ver seu filho nessa situação e não poder fazer nada, é se sentir impotente. Esperamos e cremos por uma correção por completa”, pontua.
Menino de Lupércio realiza tratamento no Hospital
das Clínicas em SP — Foto: Arquivo Pessoal
Fonte: G1