Alunos da Escola Estadual José Conti em Igaraçu do Tietê (SP), à 253 km de Assis (SP), atearam fogo no cabelo de uma professora na segunda-feira (30) à noite. A docente, que não quis gravar entrevista, passa bem, mas não conseguiu ir à escola nesta terça-feira (31).
A vítima conta que teria pedido para que os alunos levassem a lição à mesa dela no fim da aula para que ela desse um visto, como sempre faz. Sem ela perceber, dois alunos passaram por trás dela e atearam fogo em seu cabelo com um isqueiro.
Ela lembra que neste momento a sala começou a se acalmar, os alunos sentaram e ela começou a sentir um cheiro de queimado forte, então os estudantes começaram a gritar: “Professora seu cabelo esta pegando fogo”. Ela conta que começou a se bater para apagar o fogo e que se desesperou ao pensar que o fogo poderia se alastrar pelo corpo. Ela diz que a sorte foi que seu cabelo ainda estava molhado.
A Polícia Militar e o Conselho Tutelar foram acionados e os estudantes e os pais foram levados para a delegacia para assinar um termo de responsabilidade. O Conselheiro Tutelar Luiz Carlos Lavige diz que os pais dos alunos serão advertidos e as devidas providências serão tomadas.
Em nota, a Diretoria Regional de Ensino de Jaú lamentou o caso de agressão e informa que uma reunião do Conselho Escolar será realizada amanhã para definir as medidas que serão adotadas.
A professora contou que dá aulas na escola José Conti há 20 anos e sempre foi conhecida por ser exigente. Ela acredita que este foi o motivo para sofrer a represália. Ela conta que não sabe quando vai conseguir voltar ao trabalho.
O Conselho Tutelar fez uma palestra com os alunos da escola nesta terça-feira. “Nós explicamos para eles para ter mais respeito com os funcionários da escola, com a direção, com os próprios companheiros de classe, com os pais dentro de casa, porque vem de lá esta estrutura”, diz Lavige.
Flagrantes de uso de drogas e vandalismo
O TEM Notícias mostrou em abril uma denúncia feita por estudantes desta escola de problemas com alunos entrando e saindo pelo muro, uso e até venda de drogas na escola. No dia 28 de abril alunos incendiaram uma sala de aula. Segundo a polícia, eles jogaram gasolina e atearam fogo. As aulas foram interrompidas por 40 minutos e quatro alunos foram levados para a delegacia. Os pais foram chamados e receberam orientações do Conselho Tutelar.
Alunos também fizeram denúncias de tráfico de drogas, salas depredadas e adolescentes que entram e saem do prédio quando querem. Eles enviaram fotos e vídeos para a redação da TV TEM que mostram o resultado da ação de um grupo de estudantes dentro da própria escola. Portas arrebentadas, lousas pichadas, ventiladores destruídos e muita bagunça.
Além desses problemas, também tem o abandono, vidros quebrados, mato alto, lixo. Os alunos contam que têm professores bons, que querem ensinar, que têm alunos bons, que querem mudança. “Está uma coisa bem pesada dentro da escola, professor, eles têm medo de debater com eles porque professores são ameaçados, quebram os carros deles”, conta uma aluna que não será identificada por proteção.
Os estudantes ainda disseram que a falta de segurança é um dos principais problemas da escola e que por conta disso, pessoas que nem estudam ali, entram na unidade com a maior facilidade. Em um dos muros do fundo da escola há uma espécie de escada, com vários buracos para poder pular o muro. “Eu tenho sentimento de insegurança. Já invadiram a escola para bater em um aluno, a gente corre o risco, facilmente eles pulam muro, pulam portão, não tem segurança nenhuma na escola, então qualquer coisa pode acontecer ali até com a gente que não faz nada.”
O uso de drogas é comum dentro da escola, segundo os alunos. “Eles vão ali no banheiro do primeiro pátio, usam [drogas]. Você passa e está aquele cheiro forte, não tem como aguentar. Eles usam dentro da sala, não estão respeitando nem o professor.”
A Polícia Militar diz que os chamados aumentaram. “Ultimamente tem aumentado um pouco o número de ocorrências na escola devido alguns problemas de alunos que estudam de manhã e entram na escola a tarde e vice versa, a gente vem aqui pra averiguar a situação, pra ver se tem algum ilícito, então estamos criando uma afinidade com a direção aqui pra ver o que pode ser resolvido”, explica o tenente da PM Élcio Torres.
Em nota enviada na época, a Diretoria Regional de Ensino de Jaú disse que lamenta os atos de vandalismo ocorridos na escola e informa que o enfrentamento às situações de vulnerabilidade ocorre em diversas frentes, que englobam também a comunidade e a família, com o auxílio do professor-mediador, profissional capacitado para lidar com conflitos no ambiente escolar, além de parceria com o Conselho Tutelar, promotoria de justiça e da ronda escolar.
Sobre os atos de vandalismo, a direção ressalta que os reparos estão sendo providenciados e serão iniciados nos próximos dias. Somente neste ano a unidade realizou diversos reparos totalizando investimento de mais de R$ 29 mil. Fonte G1