Alunos e professores protestam contra reformulação da educação
Mais protestos foram realizados na região Centro-Oeste Paulista após o anúncio do projeto de reformulação feito pela Secretaria Estadual da Educação, que ocasionará a transferência de alunos e provavelmente a disponibilização de prédios escolares para outros fins da educação.
Em Assis (SP), aproximadamente 250 alunos se reuniram em frente à Escola Estadual Professora Cleophânia Galvão da Silva, no início da manhã desta quinta-feira (1) com faixas, cartazes e um carro de som. Eles protestaram contra a reorganização escolar da unidade, anunciada na última semana. De acordo com os professores, os estudantes do ensino fundamental, do sexto ao nono ano, serão transferidos a partir do ano que vem, para outra unidade, o que gerou insatisfação.
“A reorganização seria a superlotação das salas de aula. As escolas que vão receber nossos alunos não tem estrutura para isso. As salas de aulas já estão superlotadas, a educação já está em um nível muito precário. Isso iria precarizar muito mais a educação”, disse a professora de matemática Ercilia Maria Souza.
Os manifestantes percorreram as ruas da cidade, para chamar a atenção dos moradores. Os estudantes temem que a reorganização possa interferir no aprendizado. “Na minha classe, por exemplo, tem mais de 40 alunos, já é uma sala superlotada. A partir do ano que vem iria lotar ainda mais, e isso vai piorar o rendimento dos alunos. Seria muito ruim”, reclamou o estudante de 15 anos, David Siqueira.
Depois de percorrerem dois quilômetros, alunos e professores da escola se encontraram com estudantes de outras escolas estaduais, em frente à Diretoria de Ensino. Uma comissão formada por alunos e professores foi recebida no local, mas a imprensa não pode acompanhar o encontro. A maioria dos manifestantes ficou em frente ao prédio aguardando o fim da reunião.
Em relação a superlotação das salas, a Secretaria Estadual da Educação informou que há um limite de alunos por sala. Para o ciclo 1 são 30 alunos, para o ciclo 2 são 35 e para o ensino médio são 40 alunos.
A dirigente de ensino da região de Assis, Leide Dainese, esclareceu que nem todas as escolas passarão por esta reformulação e que isso ainda está em estudo, A decisão final sairá no dia 14 de novembro e, depois disso, haverá uma reunião com pais, professores e estudantes para que sejam informados corretamente sobre o que irá acontecer.
Bauru
Com vários cartazes e vestidos com roupas pretas, aproximadamente 300 alunos protestaram de forma pacífica em frente à escola estadual Azarias Leite, no Jardim Carolina, em Bauru (SP), na manhã desta quinta-feira (1). Eles são contra as medidas anunciados pelo Governo do Estado para reorganização da distribuição dos estudantes nas escolas.
“Nunca tivemos problemas com a faixa etária de idade, que eles usam como justificativa para a gente mudar de escola, e eu não acredito que esta seja uma justificativa plausível para todas essas coisas que eles querem mudar”, disse a estudante Aline Galdino.
Para João Paulo, professor de história, a reformulação é apenas uma tentativa de corte de gastos. “Essas mudanças vieram para prejudicar os alunos, que vão sofrer diretamente com elas. O governo fala uma coisa, mas na verdade o objetivo dessas grandes mudanças é só o corte de gastos, na minha opinião”, falou.
Durante a noite, estudantes também protestaram em frente ao colégio Ayrton Busch, no Parque Jaraguá. Eles fecharam a rua e colocaram fogo em entulho. A Polícia Militar acompanhou o protesto que durou aproximadamente duas horas.
Reorganização
Segundo a diretoria de ensino de Bauru, o plano de reorganização pretende separar os três ciclos do ensino. O primeiro abrange alunos do primeiro a quinto ano do ensino fundamental. O segundo ciclo vai do sexto ao nono ano do fundamental, e o terceiro ciclo envolve os três anos do ensino médio. Cada ciclo será atendido em unidades separadas com no máximo 40 alunos por sala.
“Nós vamos trabalhar com o mesmo módulo, ou seja, o limite de alunos por sala que nós temos, dependendo da faixa etária, e isso não será mudado”, informou a dirigente regional de ensino de Bauru, Gina Sanchez.
Protestos na região
Outros estudantes da região fizeram protestos pacíficos na quarta-feira (SP). Em Tupã (SP), aproximadamente 100 alunos e professores protestaram à tarde contra a reestruturação na rede estadual e o fechamento das escolas Lélio Toledo Piza e Anísio Carneiro. Em Agudos(SP), aproximadamente 200 alunos, segundo a Polícia Militar, protestaram de manhã. Os alunos se reuniram em frente ao colégio Padre João Batista de Aquino e pediram que o colégio não fosse fechado. Fonte G1