Anão modelo bomba na web e prega aceitação: ‘Ser baixinho não é problema’
Mais de 330 mil seguidores no Instagram, fotos com milhares de curtidas e centenas de comentários, pelo menos 100 mensagens recebidas diariamente de internautas. Os números mostram o sucesso que Mateus Baptistella, de 26 anos, faz nas redes sociais.
Só que um dos números incomodava bastante o morador de Bauru antes da repercussão de suas fotos e ideias na internet: o 1,40 metro que ele tem de altura. Mateus é o caçula de oito irmãos e o único que nasceu com nanismo.
“Eu sempre me escondia, tinha vergonha de ser baixinho. Eu já tinha o interesse na internet, gostava bastante de fotos, mas só postava foto de paisagem ou selfies. Porque na internet a gente é o que quer mostrar e eu tinha muito medo das pessoas não gostarem de mim por ser baixinho. Foi quando uma amiga me disse que as coisas só iriam melhorar se eu me aceitasse como eu sou, com meu 1,40m de altura. Então eu comecei a trabalhar essa aceitação ao mesmo tempo em que ia me mostrando para pessoas, postando fotos de corpo inteiro. Porque ser baixinho não é um problema, é só uma característica física e não define quem eu sou”, diz.
A repercussão foi bastante positiva. “Hoje eu recebo muitas mensagem de muita gente que se espelha nas minhas atitudes, se baseiam nas minhas experiências para se aceitar. Eu recebo mensagens de mães que tem filhos com nanismo que perguntam como eu lido com isso, eles se espelham em mim porque eu levo a vida de forma uma muito leve, porque eu acho que a vida é tão difícil e a gente não precisa ficar se martirizando. Achar que só a pessoa bonita é forte. Você sendo uma pessoa boa, o resto é só adereço.”
Mateus conta que tudo começou com um blog onde ele dividia as experiências de morar sozinho. Ele saiu de Pirajuí, cidade onde nasceu e tem cerca de 20 mil habitantes, para morar e estudar em Bauru, com quase 400 mil habitantes, com 18 anos.
“Foi aí que eu vi a dificuldade que era morar sozinho e resolvi criar o blog ‘Virei Adulto’, porque eu percebi literalmente que tinha virado adulto e compreendi quais eram os meus problemas cotidianos. Eu postava sobre dicas e receitas, comportamento e o que eu sofria morando sozinho. Foi quando as pessoas começaram a me acompanhar”, lembra.
Essas experiências também renderam um canal de vídeos no Youtube, criado há poucos meses e que tem mais de 20 mil visualizações.
‘Minimodelo’
Nas fotos publicadas nas redes sociais, Mateus deixa claro seu interesse por moda e pelo universo fashion, fato que chamou a atenção de lojas e grifes de roupa que o convidaram para fazer trabalhos como modelo. Para ele isso também é uma forma de mostrar a valorização das diferenças.
“Eu amo moda, gosto de postar fotos de roupas, looks e as marcas perceberam isso e me procuram porque acaba sendo um diferencial, porque modelo fotográfico a maioria é de 1,80 m e eu sou baixinho e me visto bem e não por isso que não vai ter roupas legais para mim também. Eu sou um minimodelo, tem modelo plus size e eu sou mini”, brinca.
Além de poder dividir essas experiências de morar sozinho, o gosto pela moda e por fotografia, Mateus acredita que a sua exposição nas redes sociais e disso tem um impacto positivo na vida das pessoas que têm algum tipo de limitação ou estão fora dos padrões da sociedade e enfrentam problemas de autoestima por conta disso
“O meu foco, meu objetivo com o que eu posto nas redes sociais e fazer com que as pessoas parem de se preocupar tanto com a aparência. Por mais que eu me vista bem, eu mostro quem eu sou. Eu sou um anão, eu tenho 1,40 m de altura, a gente tem que parar de se esconder atrás de um padrão. O que é bonito mesmo é o que a gente tem no coração, a gente tendo o coração bom, caráter e atitude é isso que importa. É isso eu passo para os seguidores: a gente tem que se amar. O padrão é uma coisa muito ultrapassada para o século 21.”