Áreas às margens do rio Tietê alagam após abertura de comportas de usina
Os estabelecimentos comerciais às margens do rio Tietê na Avenida Pedro Ometto, em Barra Bonita (SP) e a área de lazer de Igaraçu do Tietê, também às margens do rio, ficaram alagadas depois que as comportas da usina hidrelétrica foram abertas na sexta-feira (15) após a chuva que atingiu a região nesta semana.
A AES Tietê, empresa que administra a hidrelétrica, informou que poderia haver aumento do nível do rio. Por isso, os comerciantes que trabalham nos quiosques da orla do rio Tietê em Barra Bonita retiraram equipamentos e mercadorias para não terem prejuízo com o alagamento. Até o momento não há informação de feridos ou desabrigados.
A prefeitura de Barra Bonita disponibilizou o pavilhão de exposições para que todo o material de bares, restaurantes, quiosques e lojas da orla possa ficar guardado até o nível da água voltar ao normal. A ponte Campos Salles e a avenida Pedro Ometto estão interditadas. A navegação de turismo está suspensa.
Alagamento programado
A Secretaria de Saneamento e Recursos Hídricos foi informada pela Agência Nacional das Águas (ANA) que o Operador Nacional do Sistema (ONS) determinou que a vazão do reservatório de Barra Bonita foi aumentada de 2.000 m3/s para 2.800 m3/s. O aumento no volume liberado foi determinado pelo ONS.
De forma preventiva, a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil acionou os prefeitos das cidades de Barra Bonita, Igaraçu do Tietê, Macatuba, Pederneiras, Itapuí, Boracéia, Bariri, Arealva e Itaju. Além disso, a Defesa Civil do Estado também fez contato com a Policia Militar Ambiental, bem como o Corpo de Bombeiros e defesas civis municipais para dar suporte caso haja necessidade de remoção de famílias ribeirinhas. A Defesa Civil do Estado vai coordenar todo trabalho de orientação e suporte a famílias atingidas.
Parte da avenida foi inundada (Foto: Reprodução / TV TEM)
Estragos na região
Pederneiras
O prefeito de Pederneiras Daniel Pereira de Camargo assinou na quarta-feira (13) um decreto de calamidade pública. Somente na noite de terça-feira choveu quase todo o volume previsto para o mês de janeiro. Quatro represas se romperam. Os córregos ribeirão Pederneiras e Monjolo transbordaram. A área central ficou alagada. Aproximadamente 150 famílias estão desalojadas. A prefeitura montou um centro de operações contra desastres no ginásio municipal de esportes. Um homem está desaparecido desde o dia da chuva.
Maracaí
O prefeito de Maracaí Eduardo Sotana decretou estado de emergência para reconstruir áreas que ficaram alagadas após forte chuva que atingiu o município nesta segunda-feira (11). 54 famílias ficaram desabrigadas e perderam móveis, alimentos e roupas. Um boi foi resgatado durante a chuva.
Moradores resgataram boi levado pela enxurrada em Maracaí (Foto: Reprodução)
Lençóis Paulista
A prefeitura de Lençóis Paulista (SP) decretou estado de emergência. Mais de 150 casas foram alagadas pelo rio Lençóis durante a chuva de terça-feira (12). Os desabrigados estão em um ginásio de esportes da cidade. Um homem foi encontrado morto após as chuvas.
As ruas da cidade viraram um rio e casas com água até o telhado. A chuva intensa e o rompimento de algumas represas causaram a maior enchente da história da cidade, segundo o coordenador da Defesa Civil José Antônio Marise. Mais de 150 casas ficaram alagadas, mas ninguém ficou ferido. Pessoas que não têm pra onde ir, recebem assistência nesse ginásio de esportes.
Agudos
A prefeitura de Agudos (SP) decretou estado de emergência nesta sexta-feira (15) por conta dos estragos provocados por temporais nesta semana. No município, pontes foram destruídas e houve também prejuízos na área urbana.
Borebi
Borebi também decretou estado de emergência na quarta-feira (13). De acordo com a Polícia Militar, uma represa se rompeu e casas ficaram alagadas. Além disso, a ponte da rodovia Antônio Carlos Vaca, que liga Borebi à rodovia Marechal Rondon, ficou inundada. Ainda segundo a polícia, uma cratera foi aberta por conta da chuva na rodovia da Amizade, que liga Agudos a Borebi.
Uma grávida foi resgatada pelo helicóptero Águia para conseguir chegar ao hospital em Agudos onde fez o parto. A cidade estava ilhada e ela tinha marcado o parto para quarta-feira.
Erosão aumentou em Borá (Foto: Reprodução / TV TEM)
Enquanto isso, para chegar a Borá e Quintana, o motorista tem que passar por um desvio: uma estrada aberta no meio do canavial. São seis quilômetros de terra até o trecho não interditado da vicinal.
Boracéia
A chuva causou grandes enxurradas e as casas foram invadidas pela lama, em Boracéia. A cidade também decretou estado de emergência. Dois imóveis tiveram a estrutura abalada, doze pontes que dão acesso à área rural da cidade foram danificadas e as fazendas estão isoladas.
Campos Novos Paulista e Ibirarema
Uma ponte cedeu entre Campos Novos Paulista e Ibirarema na quinta-feira (14). O rio Novo subiu e quando baixou havia um buraco enorme. A cabeceira da ponte foi arrancada e por medida de segurança a ponte está interditada.
Chavantes
A capacidade das usinas hidrelétricas das usinas de Chavantes está em 97% e por medida de segurança as comportas tiveram que ser abertas. A ponte pênsil de Chavantes está interditada
A vazão de água está em 2 mil metros cúbicos. O rio Paranapanema vai até Salto Grande e as cidades sentem o aumento do volume de água.
Bauru
A chuva da madrugada de quarta-feira (13) inundou as bombas de captação do Departamento de Água e Esgoto (DAE) que ficam no rio Batalha e 40% dos moradores de Bauru (SP) estão sem abastecimento de água.
No bairro Jardim Ferraz, um dos bairros afetados pela falta de água, os moradores estão há mais de 50 horas sem água. Muitos compraram água mineral para fazer comida e para beber.
O DAE informou que não tem previsão para voltar a distribuição de água para os 40% dos moradores que estão sem água, porque segundo eles tem que desmontar as bombas, secar, depois montar de novo e ver se vai funcionar.
Uma ponte que dá acesso ao município de Piratininga caiu, crateras abriram em avenida de Bauru e carros foram arrastados.
Bariri
Em Bariri, a AES Tietê esclareceu que a abertura das comportas é um procedimento de segurança padrão para todas hidroelétricas do país, realizada para controle do nível do reservatório. Antes do início da abertura, há toque de sirene para avisar a população.
A abertura ocorre de forma gradativa para que a vazão da água seja liberada dentro do fluxo adequado para operação de cada usina, reforçando a segurança para os moradores da região e atendendo as normas do setor elétrico.
Santa Maria da Serra
Uma chuva intensa na quinta-feira (14) derrubou uma ponte em Santa Maria da Serra que é um dos principais acessos à área rural. O nível subiu cerca de 7 metros. Famílias e fabricas estão sem fornecimento de energia elétrica.
Arealva
Em Arealva um dos principais problemas são as erosões causadas nas cabeceiras das pontes e a formação de lagoas nas estradas. Pelo menos 16 pontes de concreto e madeira ficaram totalmente danificadas.
As pontes destruídas estão espalhadas por todo o município, no distrito de Jacuba, Santa Isabel, Ribeirão Bonito, Ribeirão dos Veados, Ribeirão de Cima, Aparecidinha, Bairro dos Gomes e Pirapitinga. Funcionários da prefeitura estão em Santa Isabel consertando duas pontes do bairro.
Botucatu
Um deslizamento de terra na rua Adolfo Lutz, na vila São Benedito, em Botucatu (SP), obrigou três famílias a deixarem suas casas. Seis pessoas foram levadas para casa de parentes e outras seis foram encaminhadas para um abrigo na cidade. No total, a Defesa Civil atendeu a 249 chamados.
No distrito de Vitoriana, oito famílias tiveram suas casas invadidas pela água da chuva e perderam móveis e pertences. As ruas mais afetadas foram Duque de Caxias, Conde de Serra Negra, Turma Seis e Jayme Carnietto.
Pompeia
Uma mulher se arriscou no meio da enxurrada durante a forte chuva que atingiu Pompeiana terça-feira (12). O temporal deixou várias famílias da zona rural isoladas depois que 13 pontes foram danificadas – quatro delas foram levadas pela enxurrada. A agricultora Shirley Francisca Brene, que mora perto do córrego do Jatobá, conta que se arriscou na enchente para não perder uma consulta médica marcada há um ano.
Ainda segundo a Defesa Civil, a vicinal que liga Pompeia a Queiroz é o único acesso que os moradores têm, mas parte da pista está comprometida. A tubulação não suportou tanta água e o aterro cedeu. E quem mora no bairro Ipiranga não consegue mais passar por uma estrada de terra.
Espírito Santo do Turvo
A rodovia João Batista Cabral Rennó precisou ser interditada no quilômetro 291, em Espírito Santo do Turvo (SP), após o rio Turvo transbordar e invadir a pista nos dois sentidos nesta quinta-feira (14). O tráfego foi liberado na manhã deste sábado (16).