Ator que foi para Miami com dinheiro da venda de balas investe em marca de pipocas artesanais

Um ator e cineasta de Ourinhos (SP) encontrou nas pipocas artesanais o caminho para levantar verba e conseguir produzir filmes no interior de São Paulo. Há seis anos, ele já havia feito algo parecido: vendeu balas de goma para ir aos Estados Unidos estudar atuação.

Kelvin Della Torre, de 41 anos, fundou a marca Zé da Pipoca em 2019, após tentar, sem sucesso, buscar patrocínios para financiar seus curtas-metragens. “Tentei buscar patrocínio, mas, no interior, as pessoas têm a mente fechada. Então, resolvi fazer do meu jeito”, conta.

Em entrevista ao g1, Kelvin contou que sempre teve uma “veia empreendedora”, influenciado por sua família, que trabalhava com a venda de roupas.

Eventualmente, ele também se envolveu com o ramo, embora sempre tenha sonhado em ser ator, um desejo que nasceu aos sete anos, quando assistiu a uma novela mexicana com Gael García Bernal ainda criança.

“Quando eu vi o Gael Garcia Bernal criança na TV, eu disse para a minha mãe: ‘Quero trabalhar assim!’. E nunca mais tirei isso da cabeça”, recorda.

Reviver o sonho de criança

Em 2015, os pais de Kelvin morreram com poucos meses de diferença, o que o fez repensar o rumo de sua vida. “Eu estava perdido, sem saber o que fazer da vida, mas sempre soube que queria trabalhar com arte”, afirmou.

Em 2016, a convite de um amigo que já morava nos Estados Unidos, ele foi passar alguns meses em Los Angeles, na Califórnia. Foi lá que Kelvin reviveu sua paixão pela carreira artística e o desejo de seguir no cinema.

“Foi lá que percebi o tamanho do universo cinematográfico. Conheci sets de filmagem, fui recebido por artistas. Foi surreal. Mas foi ali também que entendi: ‘É esse o mundo que eu quero para mim'”, lembra.

De volta ao Brasil, determinado a seguir no cinema, Kelvin começou a vender balas de goma nas ruas para custear cursos e seus projetos. A ideia surgiu após ele ser despejado da casa onde morava com os pais, em 2018. Durante o período de vendas, ele chegou até a morar em um hotel no Centro de Ourinhos.

Nos pacotes de balas, Kelvin escreveu:

“Sou ator e cineasta. Você pode conhecer meu trabalho e me seguir no Instagram. Vai que amanhã eu viro um James Cameron ou até um Tom Cruise? Aí você já é meu amigo.”

A ideia fez tanto sucesso que, segundo ele, em poucos meses já tinha o suficiente para custear um curso intensivo de atuação em Miami.

“Como eu tinha um amigo lá, consegui economizar bastante, pois ele me hospedou. Foi assim que conheci a escola Miami Acting Studio, que já recebeu vários atores da Globo”, explica.

Pipocas artesanais
De volta ao Brasil, em 2019, Kelvin percebeu que precisava organizar sua vida financeira para realizar o sonho de produzir seu próprio longa-metragem.

Foi então que surgiu a ideia de criar a marca de pipocas. Ele passou a produzir e vender pipocas artesanais, dividindo seu tempo entre o trabalho e a busca por financiamento para seus projetos.

“Queria fazer isso crescer e financiar meu filme com o próprio trabalho. Mas o dinheiro que entra também é usado para pagar as contas básicas, então ainda estou na batalha para juntar o suficiente”, conta.

Os projetos, roteiros e equipes para os filmes já estão prontos. São três títulos, alguns até planejados como trilogias.

“Hoje, meu objetivo é produzir esses filmes. O orçamento com uma produtora profissional ficou em torno de R$ 50 mil, então continuo trabalhando para arrecadar esse valor”, finaliza.

Fonte: G1.