Avó retoma estudos para ajudar neto durante pandemia em Cândido Mota
Uma avó que havia deixado de estudar ainda criança realizou o sonho de retomar os estudos durante a pandemia de Covid-19, quando precisou ajudar o neto nas aulas remotas, em Cândido Mota (SP).
Enzo Finotti Zibordi, de 11 anos, e Denise Riti Finotti, de 65 anos, têm idades bem diferentes, mas permanecem atentos ao mesmo conteúdo desde o começo das aulas online em março de 2020, quando a pandemia foi decretada.
A avó Denise estudou o ensino fundamental básico apenas até o terceiro ano, quando precisou abandonar os estudos para trabalhar na fazenda com a família. Porém, se interessou em ajudar Enzo a engajar nas aulas a distância, por muitas vezes rejeitada pelos alunos que não se adequaram ao formato.
Em entrevista para a Tv Tem, Denise conta que, em meio às anotações do neto, que agora está no sexto ano do fundamental, se encantou pelo conteúdo e resolveu acompanhá-lo de volta aos estudos, mais de 50 anos depois.
“A gente entrava na escola com 7 anos de idade, não é como agora que os alunos entram mais novos. No terceiro ano eu repeti, então sai da escola com 11 anos”, relata Denise.
Fato curioso é que, durante o período das aulas online, os professores da escola estadual Clotilde de Castro Barreira onde Enzo estuda não sabiam que Denise assistia às aulas ao lado do neto, já que eram ministradas à distância.
Em uma reunião de pais e mestres, quando Enzo retornou ao presencial, a avó solicitou que continuasse assistindo às aulas, mesmo que remotas. O pedido surpreendeu os professores e serviu como combustível para esses profissionais que têm a difícil missão de educar em uma pandemia.
Em entrevista para o g1, a diretora da escola, Aline Telles Garcia Belavenutti, de 40 anos, conta que a Denise é a nova aluna do colégio.
“A dona Denise esteve na reunião e pais e mestres e ela estava muito triste com o retorno presencial. Na nossa visão, aquela declaração remetia ao medo do contato entre os alunos por conta do coronavírus. Mas, não, ela achou que ia precisar parar de estudar. Logo a gente autorizou que ela continuasse”, comemora a diretora.
Ainda, Aline explica que os cadernos das matérias escritos pela Denise são “uma riqueza”. Inclusive, a avó se mostrou muito dedicada em acompanhar as aulas. “Nesses dois anos de pandemia, a escola não teve somente o Enzo como aluno, mas, sim, ele e a avó Denise”, diz.
Denise vai continuar acompanhando as aulas pela tela do computador e realizando as atividades enviadas pelos professores. Afinal, a avó já melhorou a escrita, relembrou a tabuada, o vocabulário e pôde conhecer mais da história e geografia.
“Vou continuar estudando, isso enriquece meu conhecimento. Através dos estudos aprendi muito”, ressalta.
A filha de Denise, Ângela Cristina Finotti, se inspirou ao perceber a dedicação da mãe e iniciou a segunda formação com o curso de Pedagogia.
“A família toda se identificou com os estudos e seguimos em busca de mais conhecimentos”, conta Ângela.
O Enzo se orgulha ao falar da avó porque percebeu a dedicação e empenho dela nesses quase dois anos, sendo que o fato de ela sentar ao seu lado para assistir às aulas também foi determinante para que ele tivesse bons resultados.
“Achei que ela não fosse aprender tanto como aprendeu. Fazemos essa troca, tem vezes que ela me ajuda, tem vezes que eu ajudo ela”, diz o estudante. Fonte G1