Bombeiros gravam desabafo após quatro trotes no mesmo dia: ‘Saímos do quartel pra nada’
Três bombeiros de Botucatu (SP) que estavam de plantão durante uma madrugada decidiram adotar uma medida extrema após receberem quatro chamados falsos para atendimento de ocorrências que não existiam, os conhecidos “trotes”.
Tendo a própria viatura em movimento como palco e seus parceiros de equipe de Resgate como “elenco”, um dos bombeiros pegou o celular e fez uma espécie de desabafo contra esse tipo de situação.
“Hoje atendemos várias ocorrências, mas este já é o quarto trote que faz sair do quartel para absolutamente nada. Esse serviço de resgate, mas também do Samu e da Polícia Militar, é de grande valia para a população. Por isso, não passem trotes. A gente agradece”, diz o bombeiro na gravação.
O vídeo, que caiu nas redes sociais, ganhou apoio da própria corporação e expõe um problema que segue preocupando os diversos serviços de emergência.
O tenente Gustavo Bonifácio, do Corpo de Bombeiros de Botucatu, confirma que o objetivo do vídeo é conscientizar a população e alertar para os prejuízos causados por esse tipo de “brincadeira”.
O Corpo de Bombeiros de Botucatu atende a cerca de 100 ligações todos os dias. Dessas, dez são trotes.
De acordo com Priscila Masquetto, coordenadora do Samu em Botucatu, o serviço recebe cerca de 800 trotes por mês, uma média entre 25 a 30 chamados falsos por dia.
Já a central de atendimento da Polícia Militar de Sorocaba informou que recebeu, no último trimestre do ano passado, 61 trotes originados em Botucatu. Neste ano, já são 33 registros de chamados falsos.
Crime de difícil punição
Segundo a legislação, passar trote nos serviços de emergência é crime. Há dois anos, a Câmara de Vereadores de Botucatu aprovou lei que prevê multa de R$ 1 mil ao proprietário da linha telefônica de onde partir ligações desse tipo.
Apesar da pressão da lei, os crimes continuam e são registrados cerca de 28 trotes todos os dias nos vários serviços de emergência (bombeiros, PM, Samu e Guarda Municipal).
Nesses casos, os serviços de emergência devem notificar a Guarda Civil Municipal (GCM), que confirma que, até hoje, ninguém foi multado.
Segundo Leandro Destro, comandante da GCM a maioria dos casos envolve crianças ligando de telefones públicos (orelhões), o que dificulta a localização e identificação do autor do trote.