Câmara vota pedido de afastamento de vereador vacinado nesta segunda-feira
Está marcada para a sessão ordinária da Câmara Municipal de Assis nesta segunda-feira, dia 10 de maio, a discussão e votação de um pedido de Comissão Processante e afastamento do vereador Tenente Gênova, do DEM.
O pedido, protocolado no dia 6 de maio, não entrou na sessão da semana anterior em razão de “falha na documentação”.
A Câmara abriu um prazo para o autor da denúncia e as falhas foram corrigidas. “Será votado nesta segunda-feira”, confirmou o presidente do Legislativo, Vinícius Símili, do PDT.
O AUTOR – O sargento aposentado da Polícia Militar, Carlos Bezerra, é o autor da denúncia.
Colegas de farda no Batalhão da Polícia Militar de Assis, Carlos Bezerra e Dionízio Gênova, ambos aposentados na corporação, viraram adversários políticos.
Ambos se enfrentaram nas urnas em 2020 como candidatos a vereador. Gênova, do DEM, foi eleito, enquanto Bezerra, do PL, não.
Agora, a disputa foi parar no plenário do Legislativo.
Bezerra protocolou a denúncia contra Gênova por “suposta infração político-administrativa” em razão de o vereador, que tem 53 anos de idade, ter recebido uma dose da vacina contra a COVID-19 no Batalhão da PM.
Bezerra acusa o ex-colega de farda de “supostamente ter utilizado do seu mandato para a prática de atos de improbidade administrativa, procedido de modo incompatível com a dignidade da Câmara e faltado com o decoro na sua conduta pública, tudo em razão de ter supostamente violado os critérios da prioridade da vacinação contra a COVID-19 – coronavírus”, aponta.
Bezerra narra, na sequência, que, após tomar conhecimento da publicação da relação dos imunizados em Assis, “surpreendeu toda a comunidade assisense que, no relatório de vacinados, encontramos o nome do vereador Dionízio de Gênova Júnior, que foi vacinado no dia 7 de abril, no Batalhão de Polícia de nossa cidade”.
Logo depois, o autor garante que “o vereador não poderia ter sido vacinado, praticando assim supostos atos de improbidade e procedido de modo incompatível com a dignidade da Câmara e também, assim, faltado com o decoro na sua conduta pública”, repete.
Bezerra explica, na denúncia, as razões pelas quais, segundo ele, o vereador Gênova não poderia ter sido imunizado naquele momento: “Primeiro: a Nota Técnica do Ministério da Saúde diz que apenas alguns grupos de trabalhadores da segurança da ativa, pois envolvidos diretamente nas ações de enfrentamento da COVID-19, ou seja, somente aqueles que vêm atuando diretamente nas ações de controle da pandemia no País poderiam se vacinar”, entende.
Continua o denunciante: “Segundo: vale ressaltar que o vereador denunciado não faz parte destes grupos e, pior ainda, não está na ativa, pois já é aposentado”, e acrescenta: “pior ainda, ele é presidente da APAS – Associação Policial de Assistência à Saúde- que tem como objetivo oferecer assistência médica aos policiais militares e seus familiares no interior do Estado e deveria zelar pela saúde dos policiais ativos, que arriscam a vida para salvar cidadãos acometidos pela doença”, enfatiza.
Segue Bezerra: “Terceiro: o vereador denunciado tinha pleno conhecimento desta prioridade de vacinação que seria apenas aos agentes da ativa, conforme ele mesmo postou em sua rede social, ou seja, não pode alegar desconhecimento da prioridade, mesmo porque é falado na comunidade que ele estava ajudando no comando da vacinação e, inclusive porque é presidente da Associação de Assistência Médica aos policiais”.
Adiante, o denunciante escreve: “Quarto: o vereador tem comentado que tomou a ‘xepa’, ou seja, o excedente de vacina. Porém, mesmo que o vereador tivesse tomado a ‘xepa’, isso não ameniza a situação, porque o excedente, conforme determina a Nota Técnica 267/21, deveria ir para àqueles com 60 anos ou mais” e conclui, informando que “o vereador nem idoso é, porque tem apenas 53 anos de idade. Não tem mais de 60 anos e nem comorbidade, conforme determina a Nota Técnica sobre a ‘xepa’”, aponta.
Antes de concluir, Bezerra lembra que “se um médico de nossa cidade respondeu com multa por burlar, de certa forma, a lista de prioridades, imagina, então, isso vindo de um vereador” e completa, afirmando que “lendo publicações, tivemos informações que esse fato pode até ser considerado crime”.
Antes de apresentar o requerimento para que a denúncia seja recebida e o vereador afastado imediatamente, Bezerra acusa: “O vereador não teve respeito mínimo pelo interesse público e pela população assisense, tirando o lugar de um cidadão que precisava mais que ele, que já é aposentado e não está na linha de frente e não é idoso”.
O denunciante adverte que “a Câmara Municipal de Assis não pode permitir este tipo de atuação de um de seus membros e, caso nada seja feito, os vereadores estarão manchando o respeito devido a esta edilidade. Justiça seja feita! Igualdade de direitos sempre”, finaliza.
SILÊNCIO – O JS encaminhou mensagem ao vereador Tenente Gênova, do DEM, pedindo esclarecimentos sobre o fato, mas, até o momento, o parlamentar não respondeu aos questionamentos. Continuamos aguardando sua manifestação para a publicação neste mesmo espaço. Fonte: Jornal da Segunda