Competidor que trabalhava em supermercado para comprar sua tralha está no TOP10 do CRP
Quando um competidor destro, desconhecido, sorteou o touro ‘Cangaçeiro’ na primeira noite do rodeio de Santa Cruz do Rio Pardo (SP) este ano, talvez poucos pudessem acreditar que Jean Fernandes Pereira, poderia terminar a noite em primeiro lugar. Assim foi a estreia do competidor de Crixas (GO) no Circuito Rancho Primavera, marcando a maior nota da noite em um touro renomado.
Ele, Jean poderia ser desconhecido para nós aqui em São Paulo, ou até mesmo no CRP, mas Jean já era, ou já é, um competidor preparado que, estava pronto para a oportunidade.
Hoje ele é o décimo no ranking do CRP. E fomos conversar com o competidor sobre sua história.
– Foi um começo difícil e tumultuado dentro da minha casa, não tinha o apoio da família, o que eu ouvia é que peão de rodeio não era nada e que a única coisa que conseguiria era me machucar e que iria acabar em uma cadeira de rodas, isso doeu muito, mas eu não desisti – Explica Jean que tem vinte anos de idade e disse que desde a primeira vez que viu um rodeio sabia que era isso que queria para sua vida.
O único jeito para provar ou, convencer a família, foi fazendo um trabalho sério, sem erros, de provação mesmo, para mostrar para a família e isso aconteceu já no primeiro rodeio, onde ele colocou seu potencial em pratica provando a todos que tinha talento.
– A primeira vez que eu montei em um rodeio foi no município de Itauçu (GO), 60 km de Goiânia, onde já fui campeão na minha estreia, começava ali minha virada de jogo em relação a família. A situação com eles era mais difícil do que enfrentar os próprios touros – Explica
Jean começou como tantos outros, brincando em fazenda, montando em bezerro desde os dez anos de idade, embora não morasse na zona rural, seu pai trabalhava em uma mineração de ouro, porém sua avó, tinha propriedade e é para lá que ele ia se arriscar em cima dos bezerros.
Nos touros começou com 16 anos, aos dezessete já estava no rodeio, ganhar o primeiro rodeio não foi por acaso, ele foi campeão também do segundo rodeio que montou.
– Para Deus não existe impossível, eu tentei provar para minha família que era capaz de fazer isso, passei por provações e até humilhações – Disse
Ele conta que as pessoas falavam que ele estava perdido e o chamavam de coitado porque estava mexendo com rodeio, atrás de montar em touros, hoje todos o respeitam.
– Chegar no estado de São Paulo para montar em touros, é um sonho de todos os competidores de montarias em touros de Goiás, principalmente em um grande campeonato como o CRP, estou muito feliz a realizado, principalmente por estar montando bem – Diz
Para vencer na vida, Jean buscou inspiração em quem conseguiu ser alguém montando em touros.
– Edevaldo Ferreira e Silvano Alves, são minhas inspirações, são caras que montando em touro, são alguém no rodeio hoje – Disse sobre quem admira no rodeio.
O começo foi difícil com a família e foi difícil também para comprar seus equipamentos de montarias (tralha).
– Eu trabalhei em um mercado para conseguir comprar, calça de couro, corda, botas, etc. Eu trabalhava, mas tinha que pedir para sair mais cedo as vezes para treinar, porque o local mais perto para montar em touros era 100 km – Explica sobre as dificuldades do começo.
Hoje, toda a família o apoia, e ele já tem em seu currículo dezesseis títulos de campeão em dois anos de montaria, já que, mesmo começando aos 17 anos, pouco montou, porque não tinha ninguém da família para autorizar ele que era de menor para montar.
– Tudo que ganhei está investido em um pedaço de terra e um pouco de gado, acho que essa falta de apoio foi importante, porque eu tinha algo a mais para buscar além de vencer os touros.
Falando em touros, Jean mostrou ousadia quando perguntei sobre um touro que ele queria montar, enfrentar
– Tenho vontade de montar no Boca Quente, sei que ele é famoso e complicado, mas tenho vontade de enfrentar e vencer ele – Finaliza
PROXÍMA ETAPA
O Circuito Rancho Primavera realiza sua etapa entre os dias 12 e 15 de maio, em Lins (SP) no tradicional rodeio do Bom Viver.
Por Eugênio José – MTB: 67.231/SP
Foto Ricardo Mariotto