Conselho pediu que crianças fossem retiradas dos pais antes de incêndio
O Conselho Tutelar informou que acompanhava desde 2013 a situação da família que teve a casa incendiada no sábado em Assis (SP) e já havia pedido que as crianças fossem retiradas dos pais. Uma menina de um ano morreu carbonizada durante o incêndio e a mãe Franciane Andrade Soares, de 23 anos, morreu após ser socorrida.
O pai da criança é o principal suspeito do crime, segundo a Polícia Civil. O homem, que está preso, nega que tenha ateado fogo na casa, segundo o delegado. Os outros três filhos do casal estavam na casa e conseguiram sair sem ferimentos. Eles foram levados para uma casa abrigo. A sogra do suspeito teve ferimentos leves.
O Conselho Tutelar disse ainda que pediu à Justiça três vezes para que a guarda das crianças fosse retirada dos pais. A última delas em outubro do ano passado. Entre 2014 e 2015, as crianças ficaram em um abrigo por seis meses, mas por decisão da Justiça, retornaram ao cuidado dos pais.
“Em outubro de 2016, o Conselho visitou a casa e verificou que havia sérios problemas em relação a essa família. Trouxe esse problema e decidimos que iriamos abrigar novamente essas crianças. Assim que houve essa decisão, o Creas determinou uma reunião com toda equipe e a rede de proteção entendendo que as crianças tinham um vínculo muito grande com o pai e com a mãe e decidiu pelo não abrigamento”, explica o presidente do Conselho Tutelar Sérgio Domingos Vieira.
Ainda de acordo com o Conselho, as brigas entre pai e mãe eram frequentes. “Os problemas de alcoolismo eram constantes e havia entrevero muito grande tanto com o pai quanto com a mãe. As brigas eram constantes. Eles não batiam nas crianças, eles até tratavam bem as crianças, mas a relação entre o pai e a mãe era muito difícil”, afirma o presidente do Conselho.
Incêndio
Testemunhas disseram à polícia que, quando o fogo começou no sábado (21), o homem de 29 anos já estava do lado de fora e a porta estava trancada com cadeado pelo lado externo, o que acabou dificultando a saída da família.
“O que nós estamos apurando é que a casa estava trancada por fora com cadeado e ele assistia a tudo sem nenhuma reação, não arrombou ou estourou a porta para que saíssem os que dentro da casa se encontravam. Isso aliado ao depoimento da testemunha faz com que nós nos convençamos de que ele foi o autor desse incêndio”, explica o delegado Luiz Antônio Ramão.
O suspeito Danilo dos Santos Costa está detido na penitenciária de Assis e vai responder por homicídio duplamente qualificado, por usar meio cruel e impossibilitar defesa. Ele também vai responder por tentativa de homicídio.
O corpo da mãe foi enterrado no final da manhã desta segunda-feira (23). A vítima foi velada na Funerária São Vicente e sepultada às 11h, no Cemitério da Saudade. Já o corpo da menina de um ano foi enterrado na manhã de domingo.
A avó das crianças conta que dormia quando o incêndio na casa começou. Ela ficou ferida e já teve alta do hospital. “Eu dormi com as quatro crianças do meu lado, só que a nenê mama peito foi com a mãe, eu dormi e não vi nada. Eu acordei com um rapaz esmurrando a minha porta que estava saindo fumaça. Arrombei a porta embaixo e salvei as três crianças, mas a outra não deu”, conta emocionada Adriana Fiuza.
O vendedor Vanderlei Pedroso Pinheiro e outros vizinhos ajudaram a retirar da casa as crianças de 8, 6 e 2 anos, mas a menina de um ano, eles não acharam. “Estava trancada a casa, gritou socorro, salva minhas crianças. Eu e um colega meu arrombamos a porta, puxamos e salvamos as três crianças e a mulher que estava desmaiada, só que o nenezinho nós não achamos. Ele engatinhou, se escondeu.”
Brigas constantes
Vizinhos disseram à polícia que o casal costumava brigar. “Segundo os vizinhos, as brigas entre o casal eram constantes, com uso de álcool e drogas ilícitas também. Às vezes, o suspeito desse incêndio dizia que atearia fogo na casa, o que teria sido feito com a família no interior da residência e ele do lado de fora”, diz o delegado.
A dona de casa Ivone de Lima mora ao lado da família e estava acordada quando o incêndio começou. “Eles começaram a brigar e ele falou para ela: vou matar você, vou tacar fogo. Depois escutei um baque, já estava amanhecendo, mesma coisa de uma bombinha, ai já vi a fumaça e sai correndo”, lembra. Fonte G1