Corpo de Umberto Magnani é levado para Santa Cruz do Rio Pardo

 

Após um velório no Teatro Arena Eugênio Kusnet, no Centro de São Paulo, o corpo de Umberto Magnani foi levado para Santa Cruz do Rio Pardo, no interior do Estado, na noite desta quinta-feira (28). O ator morreu na quarta-feira (27), após sofrer um Acidente Vascular Encefálico (AVE) hemorrágico, no Rio de Janeiro. Umberto interpretava o Padre Romão em “Velho Chico” e passou mal durante as gravações na segunda-feira (25), dia em que completava 75 anos.

O ator tinha grande ligação com a cidade natal, onde parentes ainda moram e sempre que tinha oportunidade visitava Santa Cruz do Rio Pardo. De acordo com o primo do ator, João Marsola Neto, ele participava da tradicional corrida de boia. “Ele não perdia uma corrida de boia e adorava brincar com as crianças. Estava sempre aqui brincando no Rio Pardo. É uma tristeza, ele era muito bom”, lamenta.

Umberto também foi Secretário Municipal de Cultura da cidade e em maio do ano passado ele esteve a trabalho na cidade, com a peça “Elza e Fred”. Além disso, sempre visitava os amigos de infância para conversar e jogar baralho, lembra o amigo Adilson José Zilio. “Ele brincava com tudo mundo, uma humildade enorme. O que vai ficar é o que ele foi conosco aqui.”

Luiz Carlos Gonçalves conta que o amigo estava a cada 20 dias na cidade natal. “Era um bom parceiro, um cara gozador, brincalhão, fantástico.Vai fazer muita falta.”

Nesta quinta-feira, a cerimônia, inicialmente prevista para ter início às 8h, começou por volta das 11h30. Ao G1, um responsável pelo espaço informou que o atraso ocorreu por causa do trânsito na cidade, causado por protestos. Atores, familiares e amigos prestaram a última homenagem ao ator.

O velório será realizado no palco do cine-teatro durante a madrugada e o enterro está marcado para as 10 horas da manhã dessa sexta-feira (29) no cemitério municipal. A expectativa é que centenas de pessoas passem pelo Palácio da Cultura, que leva o nome do ator, para se despedir de Umberto.

A prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo, município no interior de São Paulo, decretou luto oficial de três dias em homenagem ao ator, que é natural da cidade. Várias homenagens estão programadas como um painel com fotos do ator que foi montado logo na entrada, com imagens da juventude e da carreira. Uma grande paixão de Umberto também foi lembrada, o Rio Pardo, onde ele fazia questão de se banhar todos os anos.

Carreira
O ator teve extensa trajetória no teatro, televisão e cinema. Muito premiado, ele marcou a dramaturgia nacional como intérprete e, também, como produtor de espetáculos consagrados.

Ele iniciou sua carreira de ator em 1965, quando ingressou no curso de interpretação da Escola de Arte Dramática (EAD), em São Paulo. No início de sua trajetória profissional, interpretou textos de autores consagrados, como Nelson Rodrigues, João Cabral de Melo Neto, Antônio Callado e William Shakespeare.

Seu primeiro destaque foi em 1977 no espetáculo “O Santo Inquérito”, de Dias Gomes. Em 1981, ele ganhou seus primeiros prêmios de destaque: o Troféu Mambembe e Prêmio Molière de melhor ator pela atuação em “Lua de Cetim”, de Alcides Nogueira, com direção de Marcio Aurelio. Na crítica ao espetáculo, recebeu um elogio de Sábato Magaldi: “Umberto Magnani aproveita a melhor oportunidade que teve como ator e vive um Guima comovido, mentindo-se no fracasso e bebida, marcado pela tragédia”.

O ator estreou na TV em 1973, interpretando o personagem Zé Luis na primeira versão da novela “Mulheres de Areia”, na extinta TV Tupi.

Na Globo, ele participou de consagradas novelas, como “Felicidade”, “História de Amor”, “Por Amor”, “Cabocla”, “Alma Gêmea”, “Mulheres Apaixonadas” e “Páginas da Vida”. Também participou de minisséries como “Presença de Anita” e do seriado “Sandy & Júnior”.

No cinema, Umberto Magnani atuou em “Quanto Vale ou é por Quilo?”, “Cristina Quer Casar”, “Cronicamente Inviável”, “Kuarup”, “A Hora da Estrela”, entre outros.

Sua dedicação às artes cênicas não se restringiu à atuação. Além de produzir muitos dos espetáculos nos quais atuou, Magnani teve intensa atividade como professor e nas áreas administrativas e até política ligadas ao setor.

Ele foi diretor da Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo, diretor regional em São Paulo da Fundação Nacional de Artes Cênicas, a Fundacen, do Ministério da Cultura; presidente da Comissão de Teatro da Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo; membro da Comissão de Reconhecimento dos Cursos de Artes Cênicas em São Paulo do Ministério da Educação; membro do Conselho Diretor do Laboratório Cênico de Campinas e Secretário da Cultura e Turismo em Santa Cruz do Rio Pardo. Fonte G1

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