Departamento de Saúde de Paraguaçu divulga orientações sobre escorpião

 

O Departamento de Saúde da Prefeitura Municipal de Paraguaçu Paulista emitiu nota nessa semana divulgando orientações e cuidados que a população deve adotar no que diz respeito ao aparecimento de escorpião.

O escorpião é um artrópode, que teve sua origem a 400 milhões de anos. A notória capacidade evolutiva e adaptativa permitiu que esses animais resistissem a todos os grandes cataclismos. Para sobreviver por milênios, os escorpiões se adaptaram aos mais variados tipos de habitat, dos desertos às florestas tropicais e do nível do mar a altitudes de até 4.400 metros. Entretanto, a maioria das espécies tem preferência por climas tropicais e subtropicais.

São 1600 espécies conhecidas, sendo que 25 delas são de interesse em Saúde Pública. No Brasil, foram encontradas 160 espécies.

O escorpião amarelo (Tityus serrulatus) reproduz-se por partenogênese. Assim, só existem fêmeas e todo indivíduo adulto pode parir sem a necessidade de acasalamento sendo que este fenômeno facilita sua dispersão. As demais espécies reproduzem-se de forma sexuada.

Por causa da adaptação a qualquer ambiente, uma vez transportado de um local a outro (introdução passiva), o escorpião instala-se e prolifera com muita rapidez.

Algumas espécies apresentam alta capacidade de adaptação, podendo ser encontrados em ambientes modificados pelo homem. Preferem locais escuros para se esconder. São mais ativos durante os meses mais quentes do ano e alimentam-se principalmente de insetos e aranhas.

Entre os predadores estão camundongos, quatis, macacos, sapos, lagartos, corujas, seriemas, galinhas, algumas aranhas, formigas, lacraias e os próprios escorpiões.

As medidas de controle e manejo populacional de escorpiões baseiam-se na retirada/coleta dos escorpiões e modificações das condições do ambiente a fim de torná-lo desfavorável à ocorrência, permanência e proliferação destes animais.

Na área externa do domicilio

Manter limpos quintais e jardins, não acumular folhas secas e lixo domiciliar;

Acondicionar lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros recipientes apropriados e fechados, e entregá-los para o serviço de coleta. Não jogar lixo em terrenos baldios;

Limpar terrenos baldios situados a cerca de dois metros (aceiro) das redondezas dos imóveis;

Eliminar fontes de alimento para os escorpiões: baratas, aranhas, grilos e outros pequenos animais invertebrados;

Evitar a formação de ambientes favoráveis ao abrigo de escorpiões, como obras de construção civil e terraplenagens que possam deixar entulho, superfícies sem revestimento, umidade etc;

Remover periodicamente materiais de construção e lenha armazenados, evitando o acúmulo exagerado;

Preservar os inimigos naturais dos escorpiões, especialmente aves de hábitos noturnos (corujas, joão-bobo, etc.), pequenos macacos, quati, lagartos, sapos e gansos (galinhas não são eficazes agentes controladores de escorpiões);

Evitar queimadas em terrenos baldios, pois desalojam os escorpiões;

Remover folhagens, arbustos e trepadeiras junto às paredes externas e muros;

Manter fossas sépticas bem vedadas, para evitar a passagem de baratas e escorpiões;

Rebocar paredes externas e muros para que não apresentem vãos ou frestas.

Na área interna

Rebocar paredes para que não apresentem vãos ou frestas;

Vedar soleiras de portas com rolos de areia ou rodos de borracha;

Reparar rodapés soltos e colocar telas nas janelas;

Telar as aberturas dos ralos, pias ou tanques;

Telar aberturas de ventilação de porões e manter assoalhos calafetados;

Manter todos os pontos de energia e telefone devidamente vedados.

Não deixar lençóis, cobertores, toalhas e outros em contato com o chão;

Vistoriar roupas e sapatos antes do uso;

Desencostar sofás e camas de paredes;

Observação: em áreas rurais, a preparação do solo para plantio pode promover o desalojamento de escorpiões de seu habitat natural (barranco, cupinzeiros, troncos de árvores abandonadas por longos períodos).

Medidas de controle

Devem ser adotadas medidas para que seja evitada a proliferação, através de ações de controle, busca ativa e manejo ambiental.

Esses animais desempenham papel importante no equilíbrio ecológico como predadores de outros seres vivos, devendo ser preservados na natureza.

Dessa forma, é possível realizar o serviço de conscientização da população e prevenção dos acidentes por escorpião.

O controle químico funciona?

Não, pois o hábito dos escorpiões de se abrigarem em frestas de paredes, embaixo de caixas, papelões, pilhas de tijolos, telhas, madeiras, em fendas e rachaduras do solo, juntamente com sua capacidade de permanecer meses sem se movimentar, torna o tratamento químico ineficaz.

O que também torna os escorpiões resistentes aos venenos é o fato de possuírem o hábito de permanecer em longos períodos em abrigos naturais ou artificiais que impedem que o inseticida entre em contato com o escorpião. Além disso, possuem capacidade de permanecer com seus estigmas pulmonares fechados por um longo período. A aplicação de produtos químicos de higienização doméstica, compostos por formaldeídos, cresóis e paracloro-benzenos e de produtos utilizados como inseticidas, raticidas, mata-baratas ou repelentes do grupo dos piretróides e organofosforados não são indicados por causarem o desalojamento dos escorpiões para locais não expostos à ação desses produtos, aumentando o risco de acidentes. Além disso, cria-se a falsa sensação de proteção por parte dos moradores que acreditam que o problema foi resolvido, passando a negligenciar o trato com o ambiente.

No caso da necessidade de controlar baratas em locais com presença de escorpiões, recomenda-se o uso de formulações tipo gel ou pó. Esta atividade deve ser executada somente por profissionais de empresas especializadas.

Em áreas avaliadas como prioritárias, é importante lembrar que a aplicação de inseticidas para o controle de outros agravos (dengue, malária, leishmaniose, chagas, etc) poderá aumentar a probabilidade de acidente por escorpião devido ao efeito irritante desses produtos que provoca desalojamento, eliminação de fontes de alimentos e outros predadores.

O Departamento de Saúde não deve realizar nem recomendar ao proprietário do imóvel a aplicação de produtos químicos.