Desemprego fica em 8,6% nos três meses até julho, mostra IBGE
A taxa de desemprego ficou em 8,6% nos três meses até julho, segundo dados divulgados nesta terça-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a maior taxa da série histórica do indicador, que tem início em 2012.
Nos três meses anteriores, o desemprego havia ficado em 8%. Já no mesmo período de 2014, a taxa era de 6,9%.
“Esse aumento foi significativo [de 8% para 8,6%, em relação ao trimestre encerrado em abril e o terminado em julho]”, afirmou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE. “Como teve aumento expressivo da desocupação, não tinha como a taxa não atingir esse percentual”.
“Há nove trimestres há aumento da taxa de desocupação”, apontou o coordenador. Cimar ressaltou que, em julho, houve “aumento da desocupação mais intenso do que o verificado em anos anteriores para o período observado”.
O IBGE estimou em cerca de 8,6 milhões o número de pessoas desocupadas no trimestre encerrado em julho. Três meses antes, eram 8 milhões, o que aponta para uma alta de 593 mil pessoas (ou 7,4%) nesse contingente.
No confronto com os meses de maio a julho de 2014, o número de desocupados cresceu em 1,8 milhão, estima o IBGE – uma alta de 26,6%.
“Aumentou a desocupação no ano, com destaque por ter sido a maior variação nos últimos anos para esta comparação – mais de 1,8 milhão de desocupados, ou seja, 26,6%”, disse Azeredo.
“Você teve entrada no mercado de pessoas, e esse mercado não contratou. Consequentemente, isso foi para a fila de desocupação. Entrou mais pessoas no mercado. O mercado praticamente não contratou nesse período”.
Cimar ressaltou que houve crescimento de 1,4%, ou 2.306 milhões, em comparação com o trimestre encerrado em julho em 2014, da população com idade para trabalhar, enquanto a população ocupada cresceu no período 255 mil, ou 0,3%.
Pnad X PME
Os números fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, que substituirá a tradicional Pnad anual e a Pesquisa Mensal de Emprego (PME). São investigados 3.464 municípios e aproximadamente 210 mil domicílios em um trimestre, informou o IBGE.
A taxa de desemprego calculada pela Pnad Contínua também é superior à registrada pela PME, que apontou desocupação de 7,5% em julho, e de 7,03% na média dos meses de maio a julho. A PME calcula o desemprego considerando apenas seis regiões metropolitanas, e são visitadas 45 mil residências.
Trabalhadores
O contingente de trabalhadores com carteira de trabalho sofreu redução de 0,9%, em relação ao trimestre anterior, ou menos 337 mil, e 2,5% no ano, (-927 mil).
“O mercado continua dispensado pessoas, a perder carteira de trabalho assinada. A perda de carteira de trabalho significa perda da estabilidade”, afirmou o coordenador do IBGE.
Em um ano, cresceu o contingente de trabalhadores por conta própria (quase 883 mil, ou seja, 4,2%), e de empregadores, subiu 299 mil, ou seja, 8,1%, presentes no mercado de trabalho brasileiro. “Num mercado de portas fechadas, não tem outro caminho que não seja conta própria ou empregador”. “Ou você fica na fila ou vai para informalidade”, disse Azeredo.
Rendimento
A pesquisa mostrou que o rendimento médio real ficou em R$ 1.881, estável em relação aos meses de fevereiro a abril (R$ 1.897), e uma alta de 2% na comparação com o trimestre encerrado em julho de 2014 (R$ 1.844).
Já a massa de rendimento real habitualmente recebida em todos os trabalhos ficou em R$ 167,8 bilhões no trimestre encerrado em julho, sem variação estatisticamente significativa frente ao trimestre móvel anterior. Em relação ao mesmo trimestre de 2014, houve alta de 2,3% (R$ 164,1 bilhões).
“A saída de pessoas ganhando menos pode estar respondendo por isso [pelo crescimento de 2% do rendimento, em comparação com o mesmo período de 2014]”, explicou Azeredo.
A pesquisa aponta que não houve variação nos rendimentos reais dos empregados do setor privado com e sem carteira de trabalho assinado, assim como entre os que trabalham por conta própria e empregadores.
Já o rendimento dos trabalhadores domésticos e dos empregados no setor público tiveram quedas de 1,6% e 1,8%, respectivamente, frente aos três meses anteriores. Frente ao trimestre de maio a julho de 2014, apenas os empregados no setor privado com carteira de trabalho assinada apresentaram variação em seus rendimentos com alta de 2,9%.
Por setor
O coordenador destacou que o setor da construção “continuou reduzindo” seus postos de trabalho. Na comparação trimestral, caiu 3,6%, ou 265 mil a menos, e no ano, a queda foi de 4,8%, ou 365 mil. Cimar Azeredo ressaltou que a indústria também mostrou retração, de 1,9%, ou 249 mil.
““O que a gente tem hoje é um mercado que tem construção em queda. Grandes construtoras dispensaram, principalmente pedreiro”, disse. Fonte G1