Detido em protesto em Assis, advogado reclama de ação policial: “fui humilhado”
“Fui humilhado, me deixaram dentro da viatura debaixo de sol, mesmo eu dizendo que era claustrofóbico, e depois jogaram spray de pimenta no meu rosto, sendo que eu estava algemado”, diz o advogado Carlos Augusto Passos dos Santos, 37, detido em 14 de junho em Assis (SP) durante manifestação contra a reforma da Previdência.
Santos diz que participava do ato quando, a pedido de um amigo, foi oferecer assistência jurídica a uma moça que havia sido detida pela PM por pichar a parede de um cinema.
Ele afirma que se apresentou como advogado e pediu para que os policiais levassem a mulher para a delegacia no banco de trás do carro, e não no compartimento conhecido como “chiqueirinho”.
Um dos policiais teria exigido, então, a apresentação de sua carteira de advogado.
“Falei meu número da OAB , e, logo em seguida, eles tomaram minha carteira com meus documentos e começaram a me chamar de ‘advogadinho de porta de cadeia’”, afirma Santos. “Quando eu tentei ligar apara a OAB local, também tomaram meu celular, me algemaram e me jogaram na viatura”, disse.
O advogado diz ainda que, ao chegarem à delegacia, por volta das 11h40, os policiais o mantiveram na parte traseira do veículo sob o sol por ao menos 20 minutos, mesmo ele pedindo para ser retirado porque estava muito quente e era claustrofóbico.
“Pedia, por favor, para me tirarem de lá, e eles ficavam fazendo piada”, diz Santos, que afirma ainda ter sido alvo de spray de pimenta.
“Eles abriram a porta, e eu queria pular dali, pedia para passar logo pelo delegado, e caí de costas no chão. Lançaram gás de pimenta numa pessoa imobilizada”, reclama Santos, que foi liberado no mesmo dia, por volta das 16h30, após prestar depoimento.
Nesta segunda-feira, o advogado solicitou à Polícia Civil imagens do circuito de segurança da delegacia e esteve no quartel do 32º Batalhão da PM, em Assis, onde registrou um “termo de declarações”, no qual conta sua versão dos fatos. Ele diz que pretende entrar com uma ação contra o Estado pela forma como foi tratado.
Outro lado
Os policiais militares que detiveram Santos disseram, como consta no boletim registrado no dia 14, que deram voz de prisão porque ele havia “interferido” na ocorrência envolvendo a moça (que foi liberada após prestar depoimento) e se recusado a apresentar seu documento funcional. Uma testemunha ouvida pelo delegado, disse que Santos estava alterado e xingou os policiais. Ele nega.
Procurada pelo UOL, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo disse que a PM instaurou processo para apuração dos fatos narrados por Santos e que a delegacia Seccional está trabalhando para para fornecer as imagens solicitadas pelo advogado. Fonte: