Dupla fabrica óculos com madeira de móveis antigos: ‘Trazemos a história’

 

Dois jovens recém-formados resolveram investir em uma fábrica de óculos de madeira e chamaram a atenção pelo empreendedorismo em Bauru (SP). Os amigos desenvolveram o próprio produto e criaram seus diferenciais, como detalhar de qual móvel a madeira foi tirada para fazer os óculos. De uma cadeira de balanço de 1950 que era da família de um dos sócios, por exemplo, foram fabricados 60 óculos e ainda deve sair mais 60, com a mistura que é feita com outros pedaços de madeira.

“Nosso diferencial é reutilizar a madeira e escrever de onde ele (óculos) veio. Porque essas são madeiras já apreciadas anteriormente e nós trazemos essa história no rosto de uma pessoa”, explica o design Kelvyn Almeida, de 21 anos.

A empresa está no mercado desde janeiro de 2016, mas a ideia surgiu há mais de um ano depois de um desafio de um professor de Kelvyn que pediu que os alunos desenvolvessem um óculos de madeira. “Nós passamos um ano praticamente só elaborando a ideia, Na aula ninguém conseguiu fazer, nem eu, mas eu continuei tentando até fazer meu primeiro protótipo”, lembra Kelvyn.

O design mostrou para o amigo administrador Breno Gomes de 20 anos e propôs que os dois melhorassem o produto. “A princípio eu achei estranho, mas começamos a pegar referências e enxergamos a carências das pessoas em conhecer o produto, começamos a estudar o público, como fazer esses óculos, como curvar a madeira, como colocar uma lente e fazer isso se encaixar”, explica Breno.

A ideia deu certo e os amigos montaram a fábrica em janeiro deste ano. “Nós somos mais loucos do que empreendedores. Nunca imaginei que seria empresário, mas sempre criei coisas diferentes. Então quando somamos uma habilidade de criação e uma de administração, casou perfeitamente”, diz Kelvyn.

Investimento
Para se dedicar a fábrica, os amigos investiram R$ 150 cada um, além de tempo. “Nós trabalhávamos durante o dia, estudávamos à noite e “pensávamos” na empresa de madrugada”, conta Kelvyn, que chegou a adiar o casamento para se dedicar a empresa.

Os dois abandonaram o emprego que tinham estabilidade e passaram a viver da fábrica. “A empresa está indo muito bem, ela banca nossos compromissos e recebemos um feed back muito positivo. Nós trazemos um negócio que é inovador, ecológico e ainda te traz beneficio, é perfeito para um produto”, diz Kelvyn.

Os óculos de sol e de grau são feitos de madeira imbuia, marfim, peroba rosa, ébano, ipê e pesam aproximadamente 30 gramas. Como madeira maciça é difícil de comprar, eles usam restos de marcenaria, móveis de casa. Os empresários contam que as pessoas gostam desse diferencial, se importam com isso. “Isso agrega valor, nós também enviamos um documento de onde saiu madeira: Esse pedaço de madeira tem história”, explica Breno.

Atualmente o preço varia de R$ 290 a R$ 500, mas a primeira peça foi vendida a R$ 200 e foi trocada pelos empresários, assim como os 10 primeiros produtos. “Eles (clientes) acreditaram na nossa marca e nós percebemos que o nosso produto ficou melhor, então achamos justo trocar o produto”, diz Kelvyn.

O produto é vendido por uma plataforma online e através de standards, mas eles pretendem colocar uma loja em um shopping da cidade. “Agora queremos ia para um lugar físico, pensamos em shopping e aeroportos, porque 90% da venda é por impulso”, afirma Breno. A empresa já se paga. Eles vendem em média R$ 5 mil em óculos por mês.

Óculos são feitos com restos de marcenaria e móveis de casa (Foto: Renata Marconi/G1)
Óculos são feitos com restos de marcenaria e móveis de casa (Foto: Renata Marconi/G1)