Edy Bittencourt Cunha Bueno, que morou em Palmital, morre em São Paulo aos 100 anos
Esposa e mãe dos ex-deputados Antônio Sylvio e Antônio Henrique Cunha Bueno, foi professora e benemérita de Platina, onde criou a primeira creche da cidade (na foto, ao lado do monsenhor Floriano)
Palmital e Platina perderam na segunda-feira, 10 de setembro, uma mulher reconhecida pela sua capacidade de realização e benemerência e que dedicou seus 100 anos de vida aos estudos, ao trabalho, às campanhas políticas do marido e do filho, os deputados Antônio Sylvio e Antônio Henrique, além de atuar como professora em São Paulo e em atividades sociais.
Criadora da primeira e única creche de Platina, dona Edy, como era conhecida, deixou sua marca na cidade como mulher realizadora e de intensa participação em atividades políticas, sociais e beneméritas.
Edy Bittencourt nasceu em Ourinhos, em 08/12/1918. Filha de José Joaquim Bittencourt, mudou-se com a família para Palmital ainda nos primórdios do século XX, quando a cidade estava se formando e seu pai foi um dos pioneiros e depois patrono do primeiro Ginásio Estadual.
Passou a viver na fazenda Boa Vista e depois se mudou para a cidade, no casarão em estilo colonial construído na rua principal da cidade, onde depois foi a sede da Prefeitura e hoje funciona a agência da Caixa. Estudou em escolas de Palmital e depois em São Paulo, onde se formou professora e lecionou durante alguns anos.
Muito jovem, casou-se com também jovem jurista Antonio Sylvio da Cunha Bueno, período em que viveu em Palmital, Platina e São Paulo, onde o marido iniciou carreira como advogado e político. Muito participativa e organizada, coordenou campanhas de Antônio Sylvio, que foi deputado estadual e federal em quatro mandatos, entre 1946 e 1969, período em que manteve estreita ligação com os municípios da região, principalmente Palmital e Platina, onde a família mantém propriedades.
A carreira do pai foi substituída pelo filho Antônio Henrique, que ocupou cadeira na Assembleia Legislativa e na Câmara Federal entre 1970 e 2012, com sete mandatos e titular na Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, entre 1979 e 1982.
CENTRO CULTURAL – Quando secretário da Cultura, Antônio Henrique idealizou e autorizou a construção do Centro Cultural de Palmital, batizado com o nome do pai Antônio Sylvio, em cujas instalações dona Edy criou o Memorial do marido, que havia falecido em 1981. O prédio, no Jardim das Flores, foi concebido pelo afamado arquiteto Ruy Otake e o moderno projeto, hoje parcialmente descaracterizado, foi premiado na Bienal de Arquitetura de São Paulo.
Depois de viúva, dona Edy passou a viver em São Paulo e Platina, na Fazenda Cachoeira, onde se envolveu em atividades políticas e beneméritas e recebeu várias homenagens. Em 1979, criou a Ampla – Associação de Assistência aos Menores de Platina -, entidade mantenedora da primeira creche da cidade, na qual sempre ocupou o cargo de presidente de honra.
Em São Paulo, atuou como voluntária do hospital israelita Albert Einstein, período em que coletou histórias contadas pelo rabino Henri Sobel e publicou, em 2012, um pequeno livro com as narrativas, intitulado Histórias do meu Rabino. Até o final da vida, manteve-se ativa em iniciativas religiosas, sociais e de benemerência, com estreita ligação com monsenhor Floriano, Pároco da Catedral Diocesana de Assis, e o frei Ramon, que atuou em Platina.
Dona Edy deixou os filhos Dora Sylvia, que seguindo seus passos criou uma creche na cidade de Avaré, onde viveu alguns anos, e o ex-deputado Antônio Henrique, além de cinco netos e cinco bisnetos. Internada no hospital Albert Einstein, em São Paulo, aos 100 anos, faleceu na tarde de segunda-feira e foi sepultada na terça-feira no jazigo da família, no Cemitério da Consolação, em São Paulo, onde recebeu as homenagens de familiares, amigos, empresários e políticos.
HOMENAGEM DA AMPLA
Existem pessoas que conhecemos por acaso e outras DEUS nos apresenta. Nossa Presidente de Honra, Dona EDY CUNHA BUENO, Deus nos apresentou e seu amor por nós; entidade – Associação de Assistência ao Menor de Platina- AMPLA – começou em 1979 e nunca mais se perdeu. Seu amor se refletia em cada gesto, cada sorriso, cada detalhe dedicado a nós. Agradecer tudo o que fez por nós, em todos estes anos, é muito pouco, pois palavras se vão com o vento. Então, queríamos dizer que, o que sentimos vai ficar aqui dentro, dentro de cada coração, dentro de cada olhar, e dentro de cada história. Obrigada por nos transmitir o amor. A senhora se foi, mas seu carinho ficará para sempre. Não diremos adeus, mas sim um até breve.
Nice Fragoso
Fonte – Jornal da Comarca de Palmital