Encenação do Sofrimento e Morte de Cristo acontece hoje, às 20h, na Vila Adileta, em Assis
Cerca de oitenta pessoas encenam daqui a pouco, às 20h, a Paixão e Morte de Cristo, na igreja Adileta, em Assis. Antes, às 19h30, será feita uma apresentação musical.
A apresentação, que já está no seu decimo ano, sempre traz alguma novidade para público, que sempre comparece em massa para ver Jesus morrer e ressuscitar.
A igreja Adileta fica localizada rua Fernão Dias, número 1226, na Vila Adileta, em Assis. A encenação sera na praça em frente a igreja. Todos estão convidados a participar.
Paixão e Morte de Cristo
A história de Jesus sempre comoveu multidões ao longo dos tempos. Através dos Séculos, aliás, o período que antecede à Páscoa é um período em que os Cristãos revivem todo o sofrimento que a humanidade impôs ao Homem mais justo de todos os tempos. A covardia foi tamanha, que seu julgamento é considerado o mais rápido de toda a história e sem direito à defesa ou recurso.
A execução da pena além de expô-lo à sanha de ódio da grande massa, a mesma que recebeu inúmeras bênçãos do próprio Cristo, foi dilacerante, recheada de requintes de crueldade. É. O ser humano desceu baixo demais, quando preferiu matar o inocente e libertar Barrabás.
Por isso, ao longo de mais de 2 mil anos, assistimos a cada período como esse, a sociedade se mergulhar na culpa pelo crime supremo cometido. A Semana Santa é um período de reflexão, de lembrar que assassinamos o Filho de Deus, somente pelo fato deste pensar, sentir e agir diferente dos demais. Enquanto Jesus tinha fé no Pai e em tudo o que Ele pôde realizar no nome Dele, os homens sequer percebiam que tinham nas mãos o poder de mudar o mundo. Enquanto ele convivia com a diversidade, a sociedade apedrejava os adúlteros, segregava os leprosos, punia com a pena capital os criminosos, lavava as mãos antes de comer e destilava o ódio do coração através da fala, da maledicência.
O avanço da ciência e da tecnologia mostrou ao planeta que o homem sim, pode realizar prodígios. O mundo de hoje é o paraíso, se comparado à época do Cristo, com toda a dificuldade e falta de recursos. Ele profetizou isso, ao afirmar que há um deus em cada um de nós e pode realizar maravilhas. Cientificamente, avançamos horrores. Entretanto, continuamos com a mesma mesquinhez de 2014 anos, quando O crucificamos anualmente, nesta época. A impressão que se tem é de que o coelho da páscoa é mais importante do que Ele. Afinal, todos esperam e festejam o mensageiro dos ovos de chocolate, enquanto se preparam para reviver a Paixão de Cristo. Aqui não é espaço para criticar ou debochar de quem tem fé e segue essa tradição. De forma alguma.
Respeito e sempre respeitei a Semana Santa, assim como o Cristianismo. Ele é e sempre será o único caminho para chegarmos à perfeição possível ao homem. O que me incomoda é o reforço da culpa que ficou estipulado desde então. Porque o grande sentimento da humanidade com relação ao crime cometido contra o Cristo é a culpa. Culpa por termos assassinado O inocente que veio nos ensinar o amor, a compaixão, a misericórdia. Por conta disso, a imagem mais idolatrada entre seus seguidores é a dele pregado na cruz.
Na minha cabeça isso é muito complicado. É difícil após tanto tempo, ainda lembrarmos de Jesus Cristo abatido, dominado, derrotado na cruz. Eu por minha vez, prefiro lembrar de toda a narrativa da vida Dele através dos verbos que a Bíblia tão bem imortalizou. Jesus caminhando. Jesus orando. Jesus transformando água em vinho. Jesus curando os doentes. Jesus amparando os necessitados. Jesus multiplicando pães e peixes. Esse é o Jesus que eu amo e venero. O Homem ativo, operante, enérgico, carinhoso, bondoso.
Sim. Os cristãos deveriam reviver a Semana Santa sem tanto sofrimento. O momento é solene e se é para manter uma tradição, que evoque tudo de bom que Ele veio nos ensinar, que seja enaltecendo e imitando a conduta dele. Creio que a partir do momento em que as comunidades cristãs começarem a instituir esta passagem como uma oportunidade de treinar a prática de Jesus, o mundo todo só terá a ganhar.
O ensinamento Dele pode ser resumido em uma frase: fazer o bem sem olhar a quem. Que possamos então, repensar toda a tristeza que se instala na Semana Santa, para promover práticas de amor ao próximo. Tenho em mente, que estimular a caridade e o fazer o bem, tal qual Ele fez possa tirar do nosso inconsciente coletivo essa culpa sombria que a cada Semana Santa é reforçada entre os homens. O mal que foi feito a Ele, naquela época, já está feito. Não tem como voltar, mas se Ele mesmo proferiu que o bem cobre uma multidão de pecados, a humanidade poderia muito bem, se refazer deste crime, praticando o bem. Tenho certeza que onde quer que Jesus se encontre, louvará ao Pai, por finalmente os seus irmãos diletos terem entendido o verdadeiro sentido de Sua vinda à Terra.
Zilda de Assis é jornalista, escritora, gestora de pessoas e pesquisadora comportamental. Autora do Blog Por que gente é assim? Tem como objetivo oferecer sua contribuição para que as pessoas encontrem ferramentas para construírem sua felicidade.