Especialistas fazem palestra em alusão à ‘Semana Municipal Todos Juntos Contra a Pedofilia’

 

A Câmara de Vereadores de Paraguaçu Paulista realizou na última sexta-feira, 12 de maio, duas palestras em alusão a “Semana Municipal Todos Juntos Contra a Pedofilia”. A ideia surgiu por meio do Decreto Legislativo 64, de 08/10/2013, de autoria do vereador Ian Salomão, e que tem o propósito de conscientizar a população sobre o tema.

A primeira palestra teve o tema “Abuso sexual infantil e suas consequências no processo de desenvolvimento da criança”, e foi proferida pela psicóloga Maria Cristina Sonsin. Maria Cristina é graduada em Psicologia pela Unipar – Universidade Paranaense; é especialista em Neuropedagogia na Educação e em Psicologia Clínica Fenomenológica Existencial. Atua como psicóloga clínica desde 2006 e na Associação Casa Lar desde 2001.

“O abuso sexual infantil consiste em todo ato ou jogo sexual, relação heterossexual ou homossexual, cujo agressor encontra-se em estágio de desenvolvimento psicossexual mais adiantado do que a criança ou o adolescente. As consequências podem ser menores quando as crianças encontram uma possibilidade de proteção. Escuta qualificada e orientação familiar são essenciais para uma intervenção satisfatória”, disse a psicóloga durante a palestra.

Em entrevista ao i7Notícias, Maria Cristina relatou que o maior índice de abuso sexual acontece no intrafamiliar, em que os agressores são os próprios pais, avôs, tios. Este vínculo maior entre vítima e abusador acaba dificultando a criança contar sobre a agressão ocorrida.

“Estas crianças não acabam relatando pois são pessoas as quais elas esperam que recebam proteção e amor, e no entanto não é isso que acontece. Geralmente, quando o agressor percebe que a criança identifica como um abuso, ele passa a persuadir está criança, induzindo ela como se fosse culpada pelo ato e não ele. A criança tem receio de contar para a mãe com medo de que ela o abandone, recrimine e não queira que ela permaneça mais em casa”, explicou a psicóloga.

A psicóloga alerta também que o agressor também pode estar fora da casa da vítima “Estas crianças, a cada dia que passa, em contato com a mídia e com os meios de comunicação, começam a conhecer outras pessoas, e essas pessoas se aproveitam da fragilidade e da imaturidade da criança, ganhando a confiança delas.”

Um alerta aos pais, segundo Maria Cristina, é de ficarem atentos e terem diálogo com os seus filhos.

A segunda palestra da noite foi realizada pelo psiquiatra Dr. Waldemar Mendes de Oliveira Junior, que falou sobre o tema “Aspectos psiquiátricos e psicológicos do abusador sexual infantil”. Dr. Waldemar é médico psiquiatra e psicoterapeuta do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Mestre e doutor em Medicina.

Dr. Waldemar falou sobre o comportamento sexual do abusador e trouxe dados importantes, tais como: de 10% a 20% de todas as crianças foram molestadas de alguma forma, até antes dos 18 anos; grande parte dos abusadores (71,5%) sofre de algum transtorno do humor, como distimia: 69,3%; depressão maior: 38,6%; fobia social: 20,4%; e transtorno bipolar: 6,8%.

Segundo Dr. Waldemar o tratamento de um pedófilo inclui: psicoterapia (individual ou de grupo); psicofarmacoterapia; inibidores da recaptação de serotonina (fluoxetina, sertralina, paroxetina e outros); antipsicóticos (agressividade e comorbidades); antiandrogênicos (não autorizado no Brasil); e castração cirúrgica (não autorizada no Brasil).

À nossa reportagem, o psiquiatra esclareceu sobre o crescimento do número de denúncias de abuso sexual. “Não acredito que tenha ocorrido um aumento no número de agressores, isso deve acompanhar o crescimento populacional. Certamente, com o aumento das informações, os pais, as famílias estando mais informadas, elas acabam então vindo mais à tona.”

Na grande maioria dos casos, o comportamento das crianças tende a sofrer alteração, conforme explica o psiquiatra: “As crianças acabam abandonando atividades de lazer que antes faziam, ficam mais irritadiças, agressivas, tristonhas, deixam de brincar, acabam apresentando algum tipo de evitação de comportamento de estar com o abusador. Uma criança que sempre foi bem na escola, começa a ter dificuldade de aprendizagem. Essas manifestações são bem variadas; por exemplo, têm crianças que podem ficar mais sexualizadas, que estão numa sala e querem levantar as saias das mulheres ou muito interessadas em tocar as regiões íntimas.”

São só a penetração é considerada abuso sexual, mas também outros comportamentos. “Toques, carícias, bolinações sexuais, a exibição de órgãos genitais do agressor também são considerados abuso sexual”, disse o médico psiquiatra.

Grande público compareceu ao evento, dentre professores, estudantes, autoridades e vereadores. Na ocasião, fizeram uso da palavra para uma saudação ao público e aos palestrantes, o Presidente da Câmara vereador Ian Salomão, e a Prefeita Almira Garms. (Com informações de Leonardo Volcean – Assessoria de Imprensa da Câmara | Fotos: Mané Moreno)