Estudantes de engenharia aplicam aprendizado na construção de pontes feitas de macarrão

 

A tradicional macarronada de domingo ganha outra finalidade para estudantes de engenharia de três universidades de Bauru (SP) que participam de um concurso de construção de pontes e viadutos. Isso porque o macarrão é a matéria-prima essencial na construção dessas estruturas.
Estudantes participam do concurso com a construção de pontes e viadutos feitos de macarrão — Foto: TV TEM / Reprodução Estudantes participam do concurso com a construção de pontes e viadutos feitos de macarrão — Foto: TV TEM / Reprodução

As estruturas que chegam a aguentar até 90 quilos de peso fazem parte da 9ª edição do concurso Interpontes, que conta com a participação de 32 equipes de cursos de engenharia da Unesp e outras duas universidades particulares.

Os estudantes passam dias e noites na construção dessas estruturas que são bem parecidas com as de verdade. Mas no lugar de tijolos, concreto e cimento são usados macarrão, cola e fio dental. O objetivo é colocar o aprendizado em prática.

Estudantes de engenharia da Unesp participam de competição de pontes de macarrãoEstudantes de engenharia da Unesp participam de competição de pontes de macarrão

As pontes são feitas de macarrão para testar o quanto aguentam de peso antes de quebrar para que esses estudantes saibam como construir de forma segura e se tornem ótimos profissionais.

O processo não é nada fácil. Haja paciência para colocar cada fiozinho e macarrão juntinho. Tem que medir um por um e pesar. E essa “macarronada”, o “molho” é feito com cola e toque final, com fio dental.

Os estudantes garantem que dá certo. Todos os cálculos são feitos nas disciplinas de sistemas estruturais e resistência de materiais.

Construção exige muita dedicação e cálculos dos estudantes de engenharia em Bauru — Foto: TV TEM / Reprodução

Construção exige muita dedicação e cálculos dos estudantes de engenharia em Bauru — Foto: TV TEM / Reprodução

Tudo é medido e pesado para garantir o bom desempenho das pontes de macarrão na competição em Bauru — Foto: TV TEM / Reprodução

Tudo é medido e pesado para garantir o bom desempenho das pontes de macarrão na competição em Bauru — Foto: TV TEM / Reprodução

“Selecionamos, passamos por um processo de qualidade, que seria avaliar se o macarrão tem trincas ou não, vazios ou não, e após toda essa separação de materiais Daí começamos os cortes e aí a união”, explica João Vitor da Silva, estudante de engenharia civil.

“A ponte é um modelo simplificado da vida real, e aqui a gente traça o caminho das cargas e a gente vai determinar isso através da ponta do espaguete. E na vida real a gente vai calcular isso através do concreto e do aço”, completa Paula Maiumi Hatano.

Antes de entregar a ponte para avaliação do concurso é preciso conferir detalhe por detalhe. Cada grama pode ser fundamental. O desafio é fazer uma estrutura ao mesmo tempo leve e resistente. E para isso eles têm que obedecer alguns critérios básicos.

Ela tem que ter 1 metro de comprimento por 50 cm de altura e não pode ultrapassar 1,1 quilo de peso. Além disso a quantidade de macarrão que eles colocam nessa estrutura que sustenta o arco também faz toda a diferença no resultado final.

Pontes obedecem uma série de critérios para participar da competição Interpontes em Bauru — Foto: TV TEM / Reprodução

Pontes obedecem uma série de critérios para participar da competição Interpontes em Bauru — Foto: TV TEM / Reprodução

“A maior diferença está na concentração de forças, aquela lá vai concentrar mais força, ela parece ser mais fina mas ela concentra mais força em cada raio dela. E a outra não, ela distribui melhor a força mesmo sendo fininho, porque elas são finas mas tem uma quantidade maior”, explica a professora Elaine Câmara.

Os formatos são vários e cada um tem uma estratégia diferente. Tem ponte mais redonda, mais quadrada, e até em forma de triângulo. Modelos que envolvem escolhas, às vezes ousadas e trazem a teoria para prática.

“Além de o projeto estrutural mesmo, os cálculos, o dimensionamento, eles aprendem a executar essa ponte, eles têm o trato manual de montar cada uma das etapas, e aí percebem as dificuldades que existem nesse processo e acabam valorizando muito também, não só o projeto, mas também a execução das pontes. Nós já tivemos recorde de 90 quilos em edições anteriores”, destaca o organizador do concurso, o professor Caio Nogueira.

Estudantes dão os últimos ajustes antes do início da competição em Bauru — Foto: TV TEM / Reprodução

Estudantes dão os últimos ajustes antes do início da competição em Bauru — Foto: TV TEM / Reprodução

“Eles aprendem os esforços que eles vêm em uma disciplina de análise de estruturas, por exemplo, qual o lugar que vai ter uma compressão, uma tração e como que vai resistir a esse esforço”, completa a também professora Fabiana Costa.

E haja coração na hora de colocar os pesos que vão testar a resistência das pontes. “A chave nessa competição é exatamente a disciplina na montagem de cada ponte, a disciplina e a perseverança no que a gente está fazendo. E paciência, muita paciência”, recomenda o estudante Rodrigo Gazola.

É uma aula que não tem preço, mas que garante um bom prêmio para os primeiros colocados. O grupo do Gabriel Kuroc levou para casa R$ 1,2 mil. A ponte deles aguentou 42 quilos e ficou em primeiro lugar.

“Ano passado eu competi mais pelo impulso, porque eu achei legal a ideia e tudo mais, mas eu não tinha nenhuma teoria sobre o assunto, que só fiz a ponte de macarrão que aguentou no caso dois quilos. E esse ano, com mais conhecimento, a minha equipe conseguiu se planejar.”

Vence a ponte que resiste ao peso maior — Foto: TV TEM / Reprodução

Vence a ponte que resiste ao peso maior — Foto: TV TEM / Reprodução

E o planejamento deu resultado.

“A gente também se esforçou muito, foi muito tempo fazendo, as mãos doendo, minha mão está colando até agora a dos meninos também, então é isso, ver a ponte aguentar tanto assim, independente da vitória ou não é bem gratificante, recompensa o esforço que não foi pouco.” Fonte G1