Estudo da USP de Bauru aponta risco maior de obesos desenvolverem sintomas graves da Covid-19
Um estudo desenvolvido por pesquisadores da USP de Bauru (SP) identificou que pessoas obesas ou com sobrepeso têm mais chances de evoluírem para um estado grave quando contaminadas pela Covid-19. A pesquisa avaliou estudos científicos de cinco países e é inédita no Brasil.
Atualmente, mais de 55% dos adultos no país estão com excesso de peso e quase 20% estão obesos. Esses dados, que não são nada positivos, são do último levantamento da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel).
Os números obtidos pelo Vigitel mostram ainda que mais de 7% das pessoas têm diabetes. Quase 25% delas apresentam hipertensão, doenças que podem estar relacionadas com a obesidade e também com casos graves de Covid-19.
A pesquisa da USP usou resultados de outros estudos científicos realizados em cinco países para analisar a relação risco entre os obesos com coronavírus e o resultado obtido é preocupante. A análise mostra que pacientes com obesidade podem apresentar quadros mais graves quando infectados.
“Nós fizemos um rastreamento das evidências científicas para saber o que estava acontecendo. Nesse estudo nós relacionamos trabalhos da China, EUA e Itália. A partir disso fizemos uma coletânea, uma amostra com mais de 6 mil indivíduos, onde nós fomos identificar o que era mais prevalente nesse universo tão amplo”, explica a pesquisadora Silvia Sales Peres.
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Dos pacientes infectados pelo coronavírus, analisados no estudo científico, 60% deles eram homens e apresentavam algum tipo de comorbidade. O que mais chama a atenção é que 56% das pessoas eram obesas, e foram as que as mais tiveram complicações provocadas pelo agravamento da Covid-19.
O estudo concluiu que os pacientes que se infectaram e que estavam acima do peso, foram os que mais precisaram de internação em leitos de UTI.
A pesquisadora Silvia Sales Peres: rastreamento das evidências científicas tendo como base trabalhos da China, EUA e Itália — Foto: TV TEM/Reprodução
Desde abril, o Ministério da Saúde já tinha divulgado uma nova tendência relacionada às mortes provocadas pela Covid-19. Entre os obesos contaminados, mais jovens do que idosos evoluíram para óbito.
Novos hábitos
Em meio à pandemia, com mais gente em casa, a rotina da alimentação mudou: o delivery cresceu, e a ingestão de alimentos pouco saudáveis também.
A nutróloga Joyce Brandão acredita que o caminho para o controle de peso passa por um processo de troca dos muitos produtos industrializados que vêm sendo mais consumidos nessa pandemia pelos naturais.
“As pessoas têm ingerido muitos produtos industrializados, muito açúcar, muita farinha branca. Temos de mudar nosso hábitos e fazer um troca, que se resume basicamente em desembrulhar menos e descascar mais”, diz a nutróloga.
A microempresária Vanessa Couto foi um das que decidiu mudar essa situação. O sinal de alerta, em vários indicadores de saúde, veio após um processo no qual ela engordou 40 quilos.
“Já comecei a sentir alterações na saúde, como a hipertensão, o pré-diabetes, coisas que podem causar um problema maior. Aprendi a me amar acima desses 40 quilos, mas a saúde está gritando e meu corpo está pedindo socorro”, admite a microempresária.
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