Família faz B.O. após jovem morrer por complicações da diabetes ao receber glicose em tratamento

Família faz B.O. após jovem morrer por complicações da diabetes ao receber glicose em tratamento

A família de Kevin Felipe da Silva, de 24 anos, denuncia que o jovem morreu depois de um erro médico na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Geisel, em Bauru (SP). Um boletim de ocorrência foi registrado sobre o caso no dia 26 de março.

Com tontura, náuseas e vômitos, o jovem, acompanhado da família, procurou a unidade de saúde no dia 8 de março. Durante o atendimento, os parentes afirmam que a equipe médica prescreveu o uso de sais de reidratação, que têm glicose, mas não realizou teste de diabetes.

Dois dias depois, o paciente retornou ao local com os mesmos sintomas e teve uma parada cardiorrespiratória. Somente neste momento foi constatado que Kevin era diabético, segundo a família. Até então, o diagnóstico era desconhecido.

“Ele ficou em observação, não deixaram minha mãe ficar mesmo ele estando com fraqueza, tontura. Quando foi de madrugada deu a 1° parada cardiorrespiratória. Ele ficou, a princípio, 14 minutos até reanimarem, mas depois disseram que foi 21 minutos”, conta a irmã Sabrina Fernandes da Silva.

Em nota, a Secretaria de Saúde informou que, “em observação a Lei Geral de Proteção de Dados, todas as informações referentes aos atendimentos e prontuários médicos do paciente serão repassados aos familiares, em conformidade com a previsão legal”.

O boletim de ocorrência, registrado pelo pai, aponta que uma das causas da morte seria “cetoacidose diabética”, uma complicação causada pela falta de insulina no corpo que poderia ter sido agravada pelo uso de medicamento com glicose. A família questiona a falta do exame de diabetes no início do atendimento.

“Primeiro, disseram que era garganta. No dia 10, ele não havia apresentado melhora e minha mãe levou ele de volta. Foi aí que deram sete medicamentos de uma vez na veia, sem terem feito o exame da glicemia, dentre esses remédios, vários que têm que ser ministrado com cautela em diabético, tinha um que tem até glicose”, pontua a irmã.

“Após a parada cardiorrespiratória, eles fizeram o exame e detectaram que a glicemia dele estava acima de 500”, revela.

Em decorrência da gravidade do caso, o jovem precisava ser transferido para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), o que deu início a outra saga para a família. Com a superlotação do Hospital Estadual (HE) de Bauru, a transferência foi negada.

A família precisou entrar na Justiça e, por meio de um mandado de segurança impetrado pela Defensoria Pública do Estado, conseguiu a vaga. “Até sair da UPA levou cerca de mais de 7 horas aguardando o leito”, conta a irmã.

Em nota, a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo afirmou que “o paciente foi prontamente atendido e recebeu toda assistência necessária”.

Após ficar cinco dias internado no HE e ter uma segunda parada cardíaca, o óbito foi confirmado no dia 15 de março.

‘Xodó do pai’

Em meio à luta por respostas, a família de Kevin se agarra nas boas lembranças para suportar a dor do adeus.

“Era apaixonado por crianças, um super tio para meus filhos, ligava todo dia pra falar com eles. Um amigo incrível, ajudava a todos a qualquer hora. O xodó do meu pai, que aliás é o que mais está sofrendo. Onde ele estava, era certeza que as pessoas iriam rir muito. Só tenho coisas boas para guardar”, diz a irmã.

Fonte: G1