Fila de espera por radioterapia no HC de Marília põe em risco pacientes com câncer
Pacientes em tratamento contra o câncer que precisam de sessões de radioterapia voltam a viver um drama na cidade de Marília (SP): o único aparelho do Hospital das Clínicas (HC) registra uma fila de espera de pelo menos seis meses. O HC de Marília é um centro considerado como referência e que atende a pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) de 62 cidades da região.
Para os especialistas, esse tempo pode comprometer de forma perigosa tratamentos que geralmente têm início com uma cirurgia de retirada de nódulos. É o caso da aposentada Maria Regina Butarelli Lessa, que se submeteu a cirurgia para retirada de nódulo no seio, mas precisaria da radioterapia na sequência.
“A médica disse que o ideal é fazer a radioterapia até seis meses após a cirurgia, mas a vaga só vai aparecer no ano que vem. Agora, a gente não sabe o que fazer e ainda vive a ansiedade de começar logo o tratamento”, disse a aposentada.
Diante da falta de vagas e da demora, alguns pacientes começaram a recorrer ao tratamento na Santa Casa de Ourinhos (SP), a 100 quilômetros de distância. Mas lá também as vagas esgotaram. Outra opção seria na cidade de Presidente Prudente (SP), mais distante ainda (175 quilômetros).
O HC de Marília tem apenas um aparelho de radioterapia e mesmo atendendo em média 1.200 pacientes por mês, a fila de espera tem mais de cem pessoas. O equipamento foi instalado em 2008. O Ministério da Saúde já liberou a compra de mais um aparelho, mas a previsão de início de operação é de mais de um ano.
“Tem todo um trâmite legal que não está no nosso controle, é impossível dizer um prazo. E quando estiver liberado, temos ainda de cosntruir um local para sua instalação”, explica Valdeir Fagundes de Queiroz, diretor geral do hospital.
Os problemas na área de radioterapia no HC de Marília não são uma novidade para os pacientes que precisam do serviço. Há três anos, um problema de manutenção provocou a suspensão nos atendimentos. Em maio deste ano, o drama das longas filas de espera já era denunciado pelos pacientes.
Segundo o diretor do HC, a fila de espera aumentou não só porque os casos de câncer ficaram mais frequentes, mas também porque o atendimento foi reduzido. Antes, as sessões de radioterapia eram agendadas até às 3h da madrugada. Agora, o serviço é interrompido as 19h30 porque o hospital não encontra profissionais capacitados e que aceitem a remuneração paga pelo trabalho. Fonte G1