Filha lamenta morte de compositor de ‘Pipa do Vovô’: ‘Deixou um legado’

 

O compositor Manoel Ferreira, que morreu na noite da última terça-feira (31), em Santos, no litoral de São Paulo, e é conhecido pelas marchinhas “Pipa do vovô” e “Coração corintiano”, deixou várias obras inéditas que deverão ser lançadas nos próximos meses. O G1 conversou com a filha do músico, Rosana Ferreira, que bastante emocionada disse que o trabalho deixado pelo pai foi um grande legado para a música brasileira. Ele tinha 86 anos.

Ferreira estava internado na Beneficência Portuguesa e teve insuficiência renal. O velório começou às 8h desta quarta-feira (1) no mesmo hospital. O enterro está marcado para as 16h desta quarta no Cemitério do Saboó.

“Meu pai deixa um legado para a música brasileira. Ainda mais nos últimos tempos, quando o carnaval de rua passou por uma grande renovação. É uma coisa muito bonita de se ver. O meu pai tinha acabado de gravar uma música em homenagem aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos”, disse a filha do compositor.

Segundo Rosana, Manoel deu entrada no hospital há 10 dias com uma insuficiência renal. De acordo com a neurologista, o pai se recuperava bem, mas piorou nos últimos dois dias”, completou.

Histórico
Alguns dos principais sucessos de Manoel Ferreira, que compunha em dupla com a mulher, Ruth Amaral, foram gravados por Silvio Santos.

O casal, que morava no bairro da Pompeia, em São Paulo, escreveu mais de 200 marchinhas. Em entrevista ao G1 em 2009, época em que ainda continuava na ativa, Ruth lembrou o início da parceria, que começou em 1958.

“O Manoel estava com o sucesso ‘Como vai’ e veio cantar no mesmo programa que eu. Depois começamos a fazer shows juntos e foi nascendo uma amizade. Nos casamos e, no ano passado [2008], completamos 50 anos de casamento”, afirmou.

Na época, Manoel costumava ir até a avenida São João, no Centro de São Paulo, convencer os cantores a gravar suas músicas. “Eu sou do tempo, agora lembrando a gente dá risada, que parávamos um cantor na rua e apresentávamos a música batendo em uma caixinha de fósforo”.

Manoel e Ruth diziam que suas marchinhas contrariaram a noção de que só o Rio lançava músicas de Carnaval. “Naquela época, o compositor paulista não tinha vez. Os compositores cariocas gravavam as músicas lá, mandavam o sucesso para São Paulo, que depois tomava conta do Brasil. São Paulo era um carnaval interno, não saía daqui. Eu acabei quebrando essa barreira e fui muito feliz”, afirmou Manoel.

O compositor escreveu “Transplante corintiano”, um de seus principais hits, justamente para a esposa. “Nós gostamos de todas, mas ‘Transplante corintiano’ é nossa força”, reconheceu Ruth na entrevista ao G1. Fonte G1