Fiquei petrificada’, diz fotógrafa que fez imagem de menino sírio morto
A fotógrafa responsável pela imagem de Aylan Kurdi, o menino sírio que morreu afogado em Bodrum, na Turquia, falou nesta quinta-feira (3) sobre o caso e disse ter ficado petrificada com a cena. A imagem se tornou um símbolo da crise migratória na Europa. Além do menino, um de seus irmãos e sua mãe também morreram no naufrágio.
“Naquele momento, quando vi Aylan Kurdi, eu fiquei petrificada”, contou Nilüfer Demir, que cobre a crise migratória em Bodrum para a agência de notícias Dogan.
“Ele estava deitado de barriga para baixo sem vida na areia, de camiseta vermelha e com seu short azul escuro. A única coisa que eu poderia fazer era tornar seu clamor ouvido. Naquele momento, eu pensei que poderia fazer isso ao acionar minha câmera e fazer sua foto”, contou a fotógrafa.
Ela em seguida notou que outra criança, Galip, irmão de Aylan, também estava no chão. “Galip estava a 100 metros de seu irmão. Percebi que ele não estava com colete salva-vidas ou qualquer coisa que o ajudasse a flutuar na água. Essa imagem mostra o quão dramático o incidente foi.”
Demir cobre as imigrações na região há 15 anos. “Eu testemunhei muitos incidentes com imigrantes nesta região, suas mortes, seus dramas. Espero que isso agora mude. Fiquei chocada, me senti mal por eles. A melhor coisa a fazer era tornar sua tragédia conhecida.”
Reação do pai
O pai de Aylan perdeu também a mulher e outro filho de cinco anos no naufrágio. Abdullah Kurdi falou à a agencia de notícias turca Dogan sobre a tragédia: “Meus filhos escorreram pelas minhas mãos”, disse.
“Tínhamos jalecos salva-vidas, mas o barco afundou porque vários se levantaram. Carreguei a minha mulher nos braços. Mas meus filhos escorregaram das minhas mãos”, contou ele.
Kurdi e a família tentavam reencontrar parentes no Canadá embora o pedido de asilo tivesse sido negado, de acordo com o site “National Post”.
Após o naufrágio, na quarta-feira (2), o pai ligou para a irmã, que mora em Vancouver há 20 anos, e disse que seu único desejo é voltar para a cidade de Kobane, no norte da Síria, para enterrar seus familiares e ser enterrado ao lado deles.
Teema Kurdi, irmã de Abdullah, disse ao “National Post” que o pedido de refúgio havia sido negado em junho pelo Ministério da Cidadania e da Imigração devido às complicações envolvendo os pedidos de refúgio para estrangeiros de origem turca.
O ministro Chris Alexander não foi encontrado para comentar o assunto, ainda de acordo com o jornal. Fonte G1