Hospital que enfaixou perna de idosa com calça diz que ação foi provisória
A diretoria da Santa Casa de Bariri (SP) informou nesta segunda-feira (5) que o procedimento realizado na perna da idosa que foi enfaixada por cima da calça e do tênis que ela vestia foi realizado apenas para o transporte da paciente da Santa Casa para uma unidade de saúde, onde havia ortopedista de plantão. A mulher de 70 anos machucou a perna esquerda após cair no fim de agosto.
“A imobilização foi feita por cima da calça para não constranger a paciente, que é idosa e teria que ir de roupa íntima para o posto de saúde porque teria que tirar a calça, ou cortar a calça de alguém que às vezes não teria dinheiro para comprar outra. O médico, humanitariamente, resolveu fazer uma imobilização provisória para o transporte”, afirma o diretor da Santa Casa, Marco Antônio Gallo.
A Diretoria de Saúde municipal confirmou que a paciente foi encaminhada ao posto de saúde da família do bairro Domingos Aquilante pela Santa Casa de Bariri e atendida naquela unidade, mas não esclareceu por que ela chegou em casa com as ataduras colocadas na Santa Casa.
A paciente Maria Ivone Rodrigues Leme conta que chegou a dormir com sapato e ficar sem tomar banho por dois dias, até que um novo atendimento médico fosse realizado na Santa Casa de Bariripara tirar a faixa e colocar gesso.
O médico responsável por enfaixar a perna da idosa foi convidado a voltar ao trabalho, após ser afastado temporariamente das suas atividades.
Repercussão
Segundo Maria Ivone, quatro exames de raio-X foram realizados para que a lesão na perna esquerda fosse identificada e tratada. “Já vai fazer um mês que estou atrás de médicos aqui em Bariri. No dia 27 de agosto vi que precisava de atendimento e passaram de médico para médico, até que um deles falou que eu precisava engessar porque a perna estava quebrada mesmo. Eu fui de ambulância para a Santa Casa, então o médico enfaixou minha perna, mas ele enfaixou tudo. Eu estava de calça comprida por causa desse frio que está fazendo e ficou tudo ‘empelotado’. Foi calça comprida, foi meia e pegou até o tênis”, conta.
Uma dia depois do procedimento, Francisco Fernando Leme, filho de Maria Ivone, visitou e fotografou a mãe. As imagens foram publicadas nas redes sociais e o caso repercutiu até que um enfermeiro da cidade visitou a idosa. “Ele [o enfermeiro] falou que não poderia por a mão, a não ser um médico. Ele achou um absurdo, mas não pôde fazer nada”, diz Fernando.
No dia 25 de agosto, a idosa retornou à Santa Casa, onde o procedimento foi realizado corretamente. “Eu fui ao médico de novo e troquei o gesso. Falei para desta vez o doutor colocar o gesso bem colocado, porque antes estava feio e eu estava passando vergonha”, lembra Maria Ivone.
“A gente dá risada, mas é grave. Como ela iria tomar banho? Como dormir com sapato? Eu acho isso um pouco caso porque é uma falta de consideração com o ser humano”, pontua Valdirene Rodrigues Leme, também filha da paciente.
Ainda segundo Fernando, a idosa se levantou durante a noite, caiu e machucou o joelho e o braço. “Ela chegou a tirar quatro raios-X e agora está com a perna quebrada. No dia 27, ela foi com minha sobrinha para trocar o gesso e, no dia 30 de agosto, ela volta a ser consultada”, diz. “Apesar da lesão, ela não sossegou. Hoje cheguei na casa da minha mãe e ela estava lavando o quintal. Apesar de ser uma situação grave, ela ri da situação”, finaliza. Fonte G1