Inauguração de estação brasileira na Antártica é adiada
O deslocamento das autoridades que sairiam do aeroporto de Punta Arenas, no Chile, para a Antártica não foi possível por conta das condições meteorológicas.
O vice-presidente Hamilton Mourão viaja com destino ao continente gelado para participar da reinauguração como o principal representante do governo brasileiro. Acompanha a comitiva o ministro Marcos Pontes, da Ciência e Tecnologia, os chefes das pastas de Defesa e Infraestrutura entre outras autoridades.
Os brasileiros tiveram o voo cancelado porque não há “janela”, ou tempo aberto, no aeroporto da base chilena na Antártica, onde estava previsto o desembarque. O céu está encoberto na região da Ilha Rei George e as condições não permitem pousos.
Oito anos depois do incêndio que destruiu a Estação Antártica Comandante Ferraz, base brasileira reabre para cientistas e pesquisadores. — Foto: Divulgação Marinha do Brasil
O complexo de mais de 4,5 mil m² será entregue quase oito anos após o incêndio que destruiu a base anterior. Pesquisadores brasileiros estão há mais de três décadas no continente.
CONSTRUÇÃO MAIS SEGURA
Construído em um local inóspito, o continente antártico, o complexo consegue suportar temperaturas negativas, nevascas e ventos de até 200 km por hora. A estrutura ainda tem sistemas de detecção, alarme e combate a incêndios.
Os preparativos para reconstruir a estação tiveram início ainda em 2012, com a retirada dos escombros da antiga base. Depois disso, a Marinha lançou um edital para a obra do novo complexo, que não recebeu nenhuma proposta até 2014.
Uma nova licitação foi aberta em 2015, e a empresa chinesa Ceiec foi escolhida para realizar as obras.
Como só é possível trabalhar na Ilha Rei George durante os cinco meses do verão antártico, que vai de outubro a março, a empresa executou a obra em diferentes etapas. Parte da estação foi preparada na China, em módulos que só foram levados e montados após o fim do inverno.
Dividida em 3 módulos
O prédio principal da nova estação brasileira é dividido em três grandes blocos: o Leste, o Oeste e o Técnico. Neles, se encontram a maior parte dos laboratórios, os dormitórios e os serviços básicos da estação, divididos desta forma:
- Bloco Leste: é o bloco das pesquisas, de convivência e serviços. É onde se concentram os laboratórios. Dos 17 no total, 14 estão lá. Os outros 3 ficam em módulos separados. Além disso, é onde ficam os refeitórios, a cozinha, a ala de saúde, a sala de secagem e as oficinas.
- Bloco Oeste: é uma área privada da base, onde moram os pesquisadores, além de concentrar as áreas de convívio. Há 32 quartos, uma biblioteca, uma academia e auditório. Nas partes mais baixas deste bloco estão os depósitos de mantimento e reservatórios de água.
- Bloco Técnico: é onde fica o controle da rede elétrica, sanitária e de automação da estação. Também é onde está a garagem. Além disso, há uma estação de tratamento de água e esgoto, casa de máquinas, geradores, e sistemas de aquecimento, bem como um incinerador de lixo.
Infográfico mostra nova estação brasileira na Antártica — Foto: Amanda Paes/G1
CENTRO DE PESQUISAS
Criado em 1982, o Proantar leva ao continente gelado pesquisadores que atuam nas áreas de oceanografia, biologia, glaciologia, química e meteorologia. Os trabalhos são desenvolvidos em acampamentos, navios e estações.
A nova estação ficará no mesmo local da estrutura antiga, instalada em 1984 na Península Keller, dentro da Ilha Rei George. A primeira base abrigou pesquisadores até fevereiro 2012. Um incêndio onde ficavam os geradores de energia do complexo destruiu quase toda a estrutura e provocou a morte de dois militares.
Apesar do incêndio, as pesquisas brasileiras na Antártica não pararam. Na Ilha Rei George, os trabalhos foram desenvolvidos em uma estação provisória, montada ao lado da base consumida pelo fogo. Os “módulos emergenciais” foram usados enquanto os pesquisadores aguardavam o final da reconstrução.
“Essa nova base vai nos dar condições de trabalho e um salto qualitativo nas pesquisas científicas”, diz Paulo Câmara, pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) que trabalha na estação.
Pesquisadores brasileiros estão há mais de três décadas desenvolvendo estudos no continente por meio do Programa Antártico. Eles não ficam restritos à Ilha Rei George, onde foi instalada a estação. Há, também, trabalhos sendo desenvolvidos no navio Almirante Maximiano e em acampamentos montados em diferentes pontos da Antártica.
“São 14 milhões de km², uma das maiores reservas de gás e de água doce do mundo. 70% da água doce do mundo está aqui”, diz Câmara, que estuda a vegetação antártica. Fonte G1