Jovem com paralisia cerebral é indicada em premiação nacional para influencers
Jovem de 21 anos tem o sonho de ser influencer digital
— Foto: Clau Bueno / Divulgação
Após ter sido vítima de ofensas nas redes sociais, a influencer Amanda Mangili, de 23 anos, foi indicada em uma das categorias da premiação anual realizada pelo TikTok.
Os ataques na web foram relatados pela mãe da jovem, que é moradora de Dois Córregos (SP), e ficaram mais intensos depois que Amanda alcançou a marca de mais de meio milhão de seguidores na rede social.
Amanda tem paralisia cerebral e, por causa de sequelas auditivas, ela não ouve e por isso não aprendeu a se comunicar por fala, somente pela Linguagem Brasileira de Sinais. Mesmo sem poder falar, ela grava, desde adolescente, vídeos que mostram looks e tutoriais de maquiagem.
Apesar das dificuldades motoras causadas pela paralisia, toda a criação dos conteúdos é feita pela jovem, desde a captação das imagens, edição e divulgação nas redes sociais. Centenas de pessoas participam das lives dela e um dos vídeos alcançou quase 4 milhões de visualizações.
Por essa repercussão e por sua história de vida, Amanda está entre os 10 indicados na categoria “Quem sabe faz ao vivo” do TikTok Awards do Brasil. Os indicados foram anunciados na terça-feira (14) e a votação está aberta.
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A mãe conta que desde pequena, a filha tem o sonho de ser influencer e criar conteúdos para internet. Sonho que começou a se tornar realidade há pouco mais de um ano, quando Amanda foi contratada por uma agência de publicidade.
Atualmente, ela fechou contrato com uma grande rede de lojas do país e sonha com uma marca própria de maquiagem, uma das suas maiores paixões.
Amanda de mais de meio milhão de seguidores só em
uma das suas redes sociais — Foto: TikTok/ Reprodução
Além disso, a jovem se tornou uma referência para crianças e adolescentes com deficiência, que se sentem representados por ela.
As mães de crianças com deficiência entram em contato comigo para falar que se sentem representadas, que amam ver os vídeos da Amanda, que não vão dormir enquanto ela não finaliza as lives. É muito gratificante”, afirma.
“Pensou em parar”
Para Janaína cada conquista da filha é uma pequena vitória na luta delas pela inclusão das pessoas com deficiência em todos os espaços e também nesse universo dos criadores de conteúdo.
No entanto, as recentes ofensas recebidas pelas redes sociais abalaram a influencer, que pensou inclusive em desistir.
“São comentários muito ofensivos que têm se tornado frequentes. Dizem que ela é toda torta, aleijada, coisas horríveis, algumas que nem dá para repetir. Ela estava lidando com isso, mas há alguns dias chorou muito e pensou em parar, disse que não faria mais as lives”, conta Janaína.
Influencer com paralisia cerebral foi ofendida e
atacada nas redes sociais — Foto: Instagram/ Reprodução
Além das ofensas em relação à aparência física, Janaína conta que a filha também enfrentou vários casos de importunação sexual. (Veja acima).
A mãe da influencer afirma que apenas bloqueia essas pessoas e começou a fazer alguns prints dos comentários, porém, ainda não registrou nenhum boletim de ocorrência. Ela também conta com a ajuda de um grupo de moderadores para coibir a divulgação desses xingamentos.
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Apoio de famosos
A repercussão dos vídeos da Amanda nas redes sociais é tão grande que ela tem recebido apoio de vários famosos. Em uma das suas últimas lives o humorista Whindersson Nunes a presenteou com moedas no TikTok.
Ela também já recebeu elogios da cantora e vencedora do BBB 21, Juliette Freire.
Juliette elogiou a influencer após ser marcada por várias
seguidoras da Amanda — Foto: Twitter/Reprodução
A influencer também teve vídeos do TikTok compartilhados pela cantora Luisa Sonza em seu perfil do Instagram.
Vídeos da jovem de Dois Córregos foram compartilhados
pela cantora Luisa Sonza — Foto: Instagram/Reprodução
Caminho difícil
Amanda faz sucesso na web com os vídeos de
tutorial de maquiagem — Foto: Arquivo pessoal
Para quem acompanha toda a desenvoltura da Amanda na produção dos conteúdos nas redes sociais é até difícil imaginar as dificuldades que ela enfrentou desde que nasceu.
A jovem nasceu prematura aos 8 meses de gestação e desenvolveu um quadro grave de icterícia neonatal, uma doença causada pelo excesso de uma substância produzida a partir da destruição de glóbulos vermelhos do sangue, a bilirrubina.
Amanda se interessou pelo universo online ainda
na adolescência — Foto: Janaina Mangili/ Arquivo pessoal
O excesso da substância se não for controlado da forma adequada pode causar lesões no cérebro. Essas complicações recebem o nome de kernicterus. Foi o que aconteceu com a Amanda quando ela ainda era uma recém-nascida e provocou a paralisia cerebral.
“Com cinco meses ela não sentava e não firmava a cabeça, quando fez sete meses também não e com oito meses ainda não e o pediatra falava que era normal pelo o que ela tinha passado. Mas só descobrimos que tinha algo errado quando ela ficou doente e o pediatra dela tinha viajado, então fomos para Jaú”, lembra Janaína.
A mãe conta que foi o pediatra da cidade vizinha que percebeu tinha alguma coisa errada assim que viu Amanda.“Ele perguntou o que essa bebê teve quando nasceu? E quando nós contamos, ele explicou que a icterícia vai pro cérebro e a infecção ali mata células responsáveis pela coordenação motora, aquelas células que são responsáveis por você sentar, por você ter o seu controle.”
Com o diagnóstico, Amanda começou os tratamentos que, segundo o médico deveriam ter sido realizados desde os dois meses de vida. Foi uma luta contra o tempo e previsões médicas pouco animadoras.
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Amanda fez diversas terapias durante a infância para melhorar
o desenvolvimento — Foto: Janaina Mangili/Arquivo pessoal
Sequelas auditivas
Amanda também teve sequelas auditivas, por isso ela não ouve perfeitamente e não aprendeu a falar. Mas, cada avanço da filha, que conseguiu ser alfabetizada e também aprendeu a se comunicar pela Língua Brasileira de Sinais, é uma realização também para Janaína, que nunca desistiu de lutar pelo desenvolvimento da jovem.
“Eu tenho uma convicção que eu ia conseguir ajudar a Amanda a andar e ela conseguir fazer certas coisas. Não, ela não vai ficar numa cadeira de roda, não, ela não vai precisar de fralda pro resto da vida, ela não vai. Eu chorava e falava, ela não vai ser assim. E aí, eu acho que foi mais a força dela, porque ela sempre foi muito feliz, sabe? Tudo ela sorria, ela nunca foi até uma terapia chorando. Eu acho que é um conjunto, as terapeutas foram boas, o tratamento foi bom e a força de vontade dela é demais”, completa.
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e maquiagem — Foto: Clau Bueno / Divulgação
Fonte: G1