Justiça concede habeas corpus a ex-tesoureira suspeita de desviar milhões de prefeitura
A Justiça concedeu liberdade para a ex-tesoureira da prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo (SP) Sueli Feitosa e para o cunhado dela, Adílson Gomes. O julgamento do habeas corpus foi nesta quinta-feira (22), na capital paulista. A informação foi confirmada pelo advogado de defesa, Luiz Henrique Mitsunaga. A ex-tesoureira é acusada de desviar R$ 7 milhões da prefeitura.
Segundo o processo, Sueli Feitosa confessou ao Ministério Público que desviou dinheiro dos cofres públicos quando trabalhava na tesouraria da prefeitura de Santa Cruz do Rio Pardo. As investigações da polícia duraram cinco meses. Sueli foi indiciada por peculato, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica falsificação de documento público e associação criminosa. Além dela, foram indiciadas a mãe, três irmãs e dois cunhados. Eles devem responder por lavagem dinheiro e associação criminosa.
Os dois devem deixar a cadeia até sexta-feira (23), mas terão que cumprir medidas cautelares, como se apresentar uma vez por mês ao fórum. Também não podem deixar a comarca sem autorização judicial. E ainda não poderão entrar no prédio da prefeitura nem conversar com funcionários da tesouraria.
Mudança na prefeitura
O prefeito de Santa Cruz do Rio Pardo Otacílio Parras (PSB) decidiu fazer uma mudança na Secretaria de Finanças depois das suspeitas de envolvimento de outros funcionários no desvio de mais de R$ 7 milhões dos cofres públicos, além de Sueli Feitosa, indiciada pela polícia. A ex-tesoureira revelou na semana passada em uma colaboração pública que mais pessoas participavam ou sabiam dos desvios de dinheiro.
O prefeito informou no dia 22 de maio que todos os funcionários do Departamento de Tesouraria, citados por Sueli Feitosa, serão transferidos de setor até o fim das investigações.
O secretário de finanças Armando Cunha já havia sido exonerado em fevereiro deste ano. O ex-secretário disse em nota na época que espera que a apuração dos fatos transcorra da forma mais isenta e transparente possível e diz estar aberto a colaborar para que isso aconteça. Em colaboração pública, a ex-funcionária afirma que os prefeitos sabiam dos desvios.
Esquema
O advogado da ex-tesoureira, Luiz Mitsunaga, também explicou como era feito o desvio de dinheiro. De acordo com Mitsunaga, o esquema de corrupção na prefeitura começou na administração do prefeito Adilson Donizete Mira. Sueli contou na colaboração que foi procurada por um assessor do prefeito na época.
“Tudo começa com o senhor Ricardo Moral dizendo que ele e o chefe precisam de recursos. E esses recursos deveriam vir da tesouraria. Existe uma fala muito expressiva que ela relata dizendo o seguinte que ela ouvia o seguinte do senhor Ricardo: “Sueli se você não fizer o que nós queremos, você não ficará onde você quer”, relata o advogado.
Para não deixar rastros, a ex-tesoureira alegou ao advogado que o sistema de conta contábil e sistema interno sofriam alterações por colegas para dificultar o rastreamento do dinheiro.
O rumo das investigações na Polícia Civil deve sofrer reflexos. Segundo o delegado Renato Caldeira Mardegam, se forem apresentadas provas das declarações feitas por Sueli Feitosa, as suspeitas serão investigadas em um segundo inquérito que já estava previsto para ser instaurado. Essa nova investigação vai apurar se houve participação de mais pessoas nos desvios de dinheiro.
Ricardo Moral Lopes, citado por Sueli, disse em nota que repudia a declaração feita pelo advogado de Sueli. Disse ainda que as acusações são infundadas e que é inocente. Otacílio Parra, atual prefeito, nega todas as acusações e afirma que foi ele quem fez a denúncia de desvio em dezembro do ano passado.
O ex-prefeito Adílson Mira disse que está pronto para colaborar com as investigações e que assim que tiver acesso ao documento apresentado pelo advogado de Sueli Feitosa vai registrar um boletim de ocorrência. A produção da TV TEM tentou contato com a ex-prefeita Maura Maciei-Rinha, mas ela não atendeu as ligações.
O presidente da Codesan Cláudio Gimenez também foi citado na colaboração pública. “Eu não tenho nada a ver com essa história. Já fiz boletim de ocorrência e vou ver com advogado o que posso fazer.”