Justiça torna réu motorista de caminhonete que provocou acidente e matou Catarina Torres Mercadante Leite do Canto

Catarina Mercadante ficou presas às ferragens em acidente na SP-333 em Echaporã (SP) — Foto: Arquivo pessoal

Catarina Mercadante ficou presas às ferragens em acidente na SP-333 em Echaporã (SP) — Foto: Arquivo pessoal

A 1ª Vara Criminal de Assis (SP) tornou réu o motorista da caminhonete que provocou o acidente que matou a estudante Catarina Mercadante, de 22 anos, na Rodovia Rachid Rayes (SP-333), em Echaporã (SP). O caso foi registrado no dia 30 de janeiro.

O juiz Adugar Quirino do Nascimento Silva Júnior aceitou a denúncia do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) para tornar Luís Paulo Machado de Almeida, de 20 anos, réu no processo que investiga o acidente.

Por outro lado, o juiz negou o pedido de prisão preventiva solicitado pela Polícia Civil após a conclusão do inquérito. O Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) havia apresentado parecer favorável à prisão.

Na decisão, o juiz determinou medidas cautelares para garantir o cumprimento da instrução penal e situações de segurança. Dentre elas, está a ordem para que Luís entregue a sua carteira de motorista. O réu também precisa manter o endereço atualizado, bem como comparecer a todas as convocações da Justiça.

“A despeito da tragicidade do episódio, que ocasionou o óbito de uma jovem, e sem, de qualquer forma, minimizar a reprovabilidade da conduta ou deixar de se compadecer com a dor da família, é necessário considerar que a prisão provisória, que não deve se confundir com a prisão-pena (…) não detém o objetivo de atribuir punição ao agente que, em tese, praticou uma conduta típica”, afirmou o juíz.

Conforme o registro policial, o motorista da caminhonete disse em depoimento que cochilou ao volante e invadiu a pista contrária, provocando o acidente.

No entanto, a hipótese de que ele cochilou ao volante foi descartada pela investigação. De acordo com o inquérito policial, o jovem trafegava na contramão em um trecho em que ultrapassagens são proibidas.

O delegado descreveu no relatório final do inquérito que “o motorista estava lúcido e acordado, pois freou antes do embate contra o veículo”.

O juiz determinou prazo de dez dias para que a defesa de Luís Paulo apresente sua resposta à acusação e aponte eventuais testemunhas a serem ouvidas no processo.

O acidente

Carro em que Catarina Mercadante estava ficou destruído após batida em Echaporã (SP) — Foto: Arquivo pessoal

Carro em que Catarina Mercadante estava ficou destruído após batida em Echaporã (SP) — Foto: Arquivo pessoal

Catarina Torres Mercadante Leite do Canto morreu após colisão frontal entre uma caminhonete e o carro que ela dirigia na noite de dia 29 de janeiro, na Rodovia Rachid Rayes (SP-333), em Echaporã, entre Assis e Marília (SP).

A Polícia Rodoviária foi acionada e encontrou, na altura do quilômetro 365, os veículos batidos de frente no acostamento da estrada.

O trecho, que está em obras, é de pista simples em ambos os sentidos, onde a ultrapassagem é proibida, segundo o boletim de ocorrência. A vítima fazia o trajeto entre Assis (SP), onde morava, e Marília (SP), onde estudava medicina.

Catarina Mercadante teve seu carro atingido de frente por caminhonete em Echaporã (SP) — Foto: Arquivo pessoal

Catarina Mercadante teve seu carro atingido de frente por caminhonete em Echaporã (SP) — Foto: Arquivo pessoal

Equipes de resgate e de sinalização da concessionária responsável pela pista já estavam no local e o óbito de Catarina foi confirmada ali mesmo. O corpo dela ficou preso às ferragens, ainda segundo o documento policial.

Luís Paulo, que viajava na companhia de um funcionário, relatou que estava cansado no momento do acidente, pois vinha direto de Guará (SP) com destino a Londrina (PR). Ele fez o teste de bafômetro, que não constatou presença de álcool no sangue, também conforme informações do B.O.

A investigação sobre o caso que causou comoção na região ficou sob responsabilidade do delegado Marcelo Sampaio. Para ele, Luís Paulo Machado de Almeida, de 20 anos, assumiu o risco do homicídio, já que “extrapolou os limites da imprudência”.

O documento cita inclusive a existência de vídeo que mostra a ultrapassagem ilegal, além do depoimento de testemunhas (veja imagem do vídeo abaixo).

Vídeo mostra ultrapassagem proibida antes de batida frontal em Echaporã

Vídeo mostra ultrapassagem proibida antes de batida frontal em Echaporã

Outro motorista disse ter visto o acidente e relatou que Luís Paulo dirigia em alta velocidade e fez ultrapassagens proibidas, inclusive ultrapassando o veículo dele. O local do acidente foi periciado e os carros recolhidos ao pátio da Polícia Rodoviária.

A princípio, o caso era investigado como homicídio culposo, mas ao fim do inquérito, o motorista foi indiciado por homicídio com dolo eventual, quando a pessoa assume o risco de matar.

Após a conclusão do inquérito policial, a defesa de Luís Paulo, através dos advogados Christopher Abreu Ravagnani, Bruno Humberto Neves e Vinícius Magalhães Guilherme, informou, em nota, que “tem ciência do relatório policial e da representação pela sua prisão preventiva”.

“Contudo, já demonstrou nos autos que a representação pela prisão preventiva é prematura, pois os elementos probatórios ainda se encontram na fase inicial, pendente de contraditório, bem como que o pedido feito pela autoridade policial não atende os requisitos legais necessários”, disse a defesa.

Mana Mercadante com a filha Catarina Mercadante, que morreu após batida de trânsito em Echaporã — Foto: Arquivo pessoal

Mana Mercadante com a filha Catarina Mercadante, que morreu após batida de trânsito em Echaporã — Foto: Arquivo pessoal