Mãe de estudante morta em acidente lê carta em audiência do caso no interior de SP: ‘Primeiro Dia das Mães sem minha filhinha’
Luís Paulo Machado de Almeida (direita) e seu
advogado em audiência — Foto: Reprodução
A audiência de instrução, debate e julgamento do motorista suspeito de ter provocado o acidente que matou a estudante Catarina Mercadante, de 22 anos, em Echaporã (SP), foi realizada nesta quarta-feira (17) na 1ª Vara Criminal de Assis (SP) .
A audiência contou com a leitura de uma carta pela mãe da vítima, Mana Mercadante, e terminou com a concessão de prazo de cinco dias para a defesa do acusado de homicídio com dolo eventual, quando se assume o risco de matar, apresentar as alegações finais por escrito.
Após o prazo, o juiz responsável pelo caso deve decidir se Luís Paulo Machado de Almeida, de 21 anos, será submetido ao Tribunal do Júri. Durante a audiência Luís Paulo foi interrogado e testemunhas foram ouvidas.
Catarina Mercadante ficou presas às ferragens em acidente
na SP-333 em Echaporã (SP) — Foto: Arquivo pessoal
“Estamos vivendo os piores dias de nossas vidas, enterrar um filho não faz parte da lógica”, diz trecho da carta da mãe de Catarina. “Meu primeiro Dia das Mães sem minha filinha”, completa.
Uma carta assinada por professores do curso de Medicina, em que a vítima estava matriculada, também foi apresentada. No texto os docentes exaltam as qualidade de Catarina como aluna e ser humano e lamentam a perda.
No início de março, a Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP) para tornar Luís Paulo réu no processo que investiga o acidente. Por outro lado, à época, o juiz Adugar Quirino do Nascimento Silva Júnior negou o pedido de prisão preventiva solicitado pela Polícia Civil após a conclusão do inquérito.
A promotoria recorreu da decisão da 1ª Vara Criminal de Assis (SP) e Luís Paulo teve a prisão preventiva decretada pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) no dia 2 de maio.
Ele se apresentou à Delegacia de Ituverava (SP) em companhia de advogados. No entanto, Luís voltou a responder o processo em liberdade após uma liminar concedida pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ), que reverteu a ordem de prisão do TJ. A decisão foi cumprida no dia 8 de maio. O processo segue em segredo de Justiça.
O acidente
Carro em que Catarina Mercadante estava ficou destruído
após batida em Echaporã (SP) — Foto: Arquivo pessoal
Catarina Torres Mercadante Leite do Canto morreu após colisão frontal entre uma caminhonete e o carro que ela dirigia na noite do dia 29 de janeiro, na Rodovia Rachid Rayes (SP-333), em Echaporã, entre Assis e Marília (SP).
A Polícia Rodoviária foi acionada e encontrou, na altura do quilômetro 365, os veículos batidos de frente no acostamento da estrada.
Catarina Mercadante teve seu carro atingido de frente por
caminhonete em Echaporã (SP) — Foto: Arquivo pessoal
Equipes de resgate e de sinalização da concessionária responsável pela pista já estavam no local e o óbito de Catarina foi confirmado. O corpo dela ficou preso às ferragens, ainda segundo o documento policial.
Luís Paulo, que viajava na companhia de um funcionário, relatou que estava cansado no momento do acidente, pois vinha direto de Guará (SP) com destino a Londrina (PR). Ele fez o teste de bafômetro, que não constatou presença de álcool no sangue, também conforme o BO.
A investigação sobre o caso que causou comoção na região ficou sob responsabilidade do delegado Marcelo Sampaio. Para ele, Luís Paulo Machado de Almeida, de 20 anos, assumiu o risco do homicídio, já que “extrapolou os limites da imprudência”.
O documento cita inclusive a existência de vídeo que mostra a ultrapassagem ilegal, além do depoimento de testemunhas (veja imagem do vídeo abaixo).
Vídeo mostra ultrapassagem proibida antes
de batida frontal em Echaporã
Outro motorista disse ter visto o acidente e relatou que Luís Paulo dirigia em alta velocidade e fez ultrapassagens proibidas, inclusive ultrapassando o veículo dele. O local do acidente foi periciado e os carros recolhidos ao pátio da Polícia Rodoviária.
A princípio, o caso era investigado como homicídio culposo, mas ao fim do inquérito, o motorista foi indiciado por homicídio com dolo eventual, quando a pessoa assume o risco de matar.
Após a conclusão do inquérito policial, a defesa de Luís Paulo, através dos advogados Christopher Abreu Ravagnani, Bruno Humberto Neves e Vinícius Magalhães Guilherme, informou, em nota, que “tem ciência do relatório policial e da representação pela sua prisão preventiva”.
“Contudo, já demonstrou nos autos que a representação pela prisão preventiva é prematura, pois os elementos probatórios ainda se encontram na fase inicial, pendente de contraditório, bem como que o pedido feito pela autoridade policial não atende os requisitos legais necessários”, disse a defesa.
Procurada para se manifestar após a audiência desta quarta-feira, os advogados não responderam.
Mana Mercadante com a filha Catarina Mercadante, que morreu
após batida de trânsito em Echaporã — Foto: Arquivo pessoal
Fonte: G1