Médico começa a trabalhar em unidade de saúde após saída dos cubanos em Ourinhos

 

O primeiro dia de trabalho do médico Raphael Fittipaldi na Unidade Básica de Saúde do bairro Cohab em Ourinhos (SP) foi nesta terça-feira (27). Ele foi o primeiro médico que se inscreveu no Programa Mais Médicos para preencher as vagas deixadas pelos médicos cubanos a iniciar o atendimento na cidade.

Ao todo, Ourinhos oferecia 14 vagas para profissionais por meio do programa. Essas vagas eram ocupadas pelos médicos cubanos e de acordo com a Secretaria de Saúde da cidade foram todas preenchidas. Além do Raphael, outros dois médicos já se apresentaram. O restante tem até o dia 14 de dezembro para iniciar as atividades.

Nascido em Ourinhos, ele viu na nova seleção aberta pelo programa uma oportunidade de poder atuar na sua cidade natal.

“Eu sou daqui de Ourinhos mesmo e vi que a saída dos médicos cubanos fez falta para a população e me coloquei a disposição da Secretaria de Saúde para jpa começar atuar apesar de ter o prazo até o dia 14”, conta.

O médico se formou no meio desse ano e chegou a atuar na rede básica de saúde em Ourinhos e fazer plantões em outras cidades. Mas essa foi a primeira vez que se inscreveu no Mais Médicos. O contrato previsto no edital é de três anos, podendo ser prorrogável por mais três.

“A oportunidade de vir para Ourinhos foi muito boa. Eu me formei no meio do ano, mas estava dando plantões fora e agora estou me familiarizando com a unidade, os profissionais e a população que vamos atender aqui.”

Raphael assume a partir de agora os 24 atendimentos diários que eram realizados na UBS por um médico cubano. A cidade ficou sem os profissionais do programa Mais Médicos por seis dias, desde que os 14 cubanos deixaram de atuar. Eles eram responsáveis por mais de 400 consultas diárias.

Primeiro médico a ocupar a vagas deixadas pelos cubanos começou a trabalhar na UBS do bairro Cohab — Foto: TV TEM / Reprodução

Os novos médicos vão atuar em 14 das 17 unidades básicas de saúde da cidade. “A primeira unidade a receber o profissional foi a da Cohab por ter uma grande demanda, principalmente de crianças. Mas, amanhã já vão começar outros dois médicos e acreditamos que em breve tudo vai ser normalizado”, destaca a secretária de Saúde de Ourinhos, Cássia Borges Palhas.

A secretária afirma que o período sem médicos do programa gerou apenas problemas nas consultas que estavam marcadas e precisaram ser reagendadas pela falta dos profissionais. “Nós acreditamos que eles se apresentem até o fim da semana que vem e já estamos entrando em contato com os pacientes para reagendar as consultas.”

Na região

Na região de Bauru (SP), 33 cidades tiveram os atendimentos na rede básica de saúde afetados pela saída dos médicos cubanos do Programa Mais Médicos. Dessas 14 ficaram sem nenhum médico na rede básica.

Entre elas Avaí, onde os pacientes que procuram as unidades básicas só conseguem atendimento simples, como aferir a pressão. A cidade conta com três especialistas, nas áreas de cardiologista, ginecologista e pediatra. Segundo a prefeitura, eles devem ajudar a suprir a demanda da atenção básica neste período.

Pacientes de Avaí, que ficou sem médicos após saída de cubanos, só conseguem medir a pressão — Foto: TV TEM/Reprodução

Pacientes de Avaí, que ficou sem médicos após saída de cubanos, só conseguem medir a pressão — Foto: TV TEM/Reprodução

Em Bauru, os médicos cubanos deixaram 11 vagas em aberto nas UBSs e, segundo a prefeitura, a documentação dos médicos brasileiros já começou a ser apresentada. Na semana que vem eles passarão por um treinamento e a previsão é de que comecem a trabalhar a partir do dia 10 de dezembro.

Já em Assis, das três vagas deixadas pelos profissionais cubanos, apenas uma foi preenchida. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o novo médico brasileiro já se apresentou e deve começar a trabalhar até o fim desta semana.

Mais vagas

O Ministério da Saúde abriu 8.517 vagas em quase 3 mil municípios e 34 distritos indígenas após Cuba anunciar a saída do programa no último dia 14, alegando declarações ‘ameaçadoras’ do presidente eleito Jair Bolsonaro.

Durante a campanha, Bolsonaro disse que expulsaria médicos cubanos com base na prova que valida diplomas estrangeiros para os profissionais da medicina atuarem no país (Revalida). Depois de eleito, propôs que, para permanecer no Brasil, os médicos cubanos deveriam se submeter a teste de capacidade, receber salário integral e ter a liberdade de trazer suas famílias ao país.

Em novembro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) validou o Mais Médicos e autorizou a dispensa da validação de diploma de estrangeiros ao julgar ações que questionavam pontos do programa federal.

O balanço mais atual do Ministério da Saúde indica que, além dos 8.278 profissionais alocados, outros 21.407 tiveram a inscrição efetivada, mas sem a escolha do local de atuação. Ao todo, foram 30.734 inscritos com registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) no Brasil.