Menina com tumor no cérebro faz tratamento no Brasil após ir aos EUA
A menina Gabrielly Colombaro Ocon, de apenas seis anos, e que luta contra um tumor grave no cérebro há três anos, está fazendo tratamento de imunoterapia em um hospital em São Paulo, que é um método experimental que promove a estimulação do sistema imunológico por meio do uso de substâncias modificadoras da resposta biológica. A criança chegou a ir aos Estados Unidos para fazer o tratamento no exterior após conseguir R$ 75 mil durante campanhas na internet. Porém, a equipe médica a considerou inapta para realizá-lo.
De acordo com pai da menina, Marcos José Ocon, a família, que mora na cidade de Bariri (SP), conseguiu marcar uma consulta em um hospital do Texas. Contudo, os médicos informaram que a criança teria que passar por uma nova cirurgia e não seria possível fazer o tratamento de imunoterapia.
“Chegamos aos Estados Unidos e os médicos nos informaram que a Gaby teria que passar por uma nova cirurgia. Eles nos desacreditaram. Afirmaram que o tumor estava em uma área de risco, que as chances de sobreviver eram pequenas e que teria que ser feita uma ressonância. Mas, a ressonância custaria 26 mil dólares. Já a cirurgia, mais de 100 mil dólares. O que conseguimos arrecadar para o tratamento já iria ser gasto apenas com a ressonância”, afirmou.
Segundo Marcos, os médicos também afirmaram que a menina não poderia realizar imunoterapia por não andar sozinha. “Além do alto custo da cirurgia e ressonância, eles nos informaram que a Gaby não iria poder fazer a imunoterapia por não andar sozinha e ser muito dependente”, diz.
Tratamento
Os pais voltaram ao Brasil e a criança fez uma nova consulta no Hospital das Clínicas de Botucatu, onde foi submetida a uma cirurgia. “O tumor foi retirado e a Gaby não sofreu sequelas, graças a Deus”, diz o pai.
Foi então que o médico de Botucatu pediu para que a família fosse para São Paulo e encaminhasse a menina para o Hospital Israelita Albert Einsten, pois estavam fazendo imunoterapia em crianças.
“Fomos até o hospital e deu certo da Gaby começar tratamento com um dos principais especialistas de câncer infantil. O dinheiro que arrecadamos vai dar pra pagar todo o tratamento, que está sendo a radioterapia, imunoterapia e medicação”, afirma.
Esperança
Marcos afirmou em entrevista ao G1 que está confiante de que o tratamento permita que tumores não apareçam mais na sua filha. “Estou confiante de que a imunoterapia dê certo na Gaby. Há muitas pessoas que tiveram respostas positivas e estamos com esperança de que vai dar tudo certo. Só de estarmos no Brasil é muito mais tranquilizador. Graças a Deus está dando certo”, afirmou.
Imunoterapia
Estudos clínicos apresentados em uma conferência mundial de oncologia, em Chicago, nos Estados Unidos, mostraram que a imunoterapia contra o câncer pode se tornar um tratamento poderoso, ao lado da quimioterapia, da radioterapia e da cirurgia.
Uma das pesquisas mais impressionantes foi liderada por cientistas britânicos. Para combater um tumor, as células-T do nosso organismo são as que atacam as células doentes. Só que as células com câncer se disfarçam, pra não serem reconhecidas pelas células-T. Mas uma combinação de dois medicamentos conseguiu bloquear esses disfarces em pacientes com estágio avançado de câncer de pele do tipo melanoma e, assim, as células de defesa reconheceram e atacaram as células cancerosas. Os testes dos medicamentos Ipilimumab e Nivolumab foram com quase mil pacientes. Em 60% deles, o tumor diminuiu ou foi mantido sob controle.
De acordo com o médico pediatra e hematologista do Albert Einsten Vicente Odone Filho, que está cuidando do tratamento da Gaby, a imunoterapia é uma técnica que tem como objetivo curar o câncer pela estimulação do sistema imunológico do próprio paciente. “O câncer ataca principalmente o sistema imunológico. Então, na imunoterapia pegamos as células do tumor e com a combinação de medicamentos fazemos com que o próprio organismo ataque as células cancerígenas”, afirma.
Ainda segundo o especialista, o paciente recebe de cinco a seis doses entre quatro a seis semanas. “A técnica permite um número restrito de ‘vacinas’, que são os medicamentos aplicados. Então, o tratamento dura em um período de seis meses”, afirma.
O médico também esclareceu que o método não vai retirar as sequelas que a Gaby sofreu com o tumor no cérebro. “A imunoterapia vai permitir que não apareçam mais tumores”, diz.
Entenda o caso
Marcos José Ocon e Roberta Colombaro Ocon receberam o triste diagnóstico em 2012, ao tentar descobrir a razão das fortes dores de cabeça e da perda de equilíbrio que acometiam a filha. “Resolveram fazer a cirurgia de novo do tumor, onde começou as sequelas, as complicações. Ela fez a cirurgia em que ela ficou debilitada e em um mês o tumor voltou a crescer”, explica a mãe.
Uma ação realizada em Bariri arrecadou mais dinheiro e garantiu pelo menos o valor da consulta nos Estados Unidos. De acordo com a família somando o valor da ação social, que arrecadou cerca de R$ 25 mil, mais doações feitas na conta da família eles alcançaram o valor de R$ 75 mil e a consulta custa US$ 25 mil.
Apesar dos limites que a doença impõe, a Gaby é muito vaidosa, adora maquiagem e faz as unhas toda semana. Os pais nunca mediram esforços pra ver a filha curada. Depois da primeira cirurgia parecia que tudo estava resolvido.
Ela se recuperou e voltou a fazer tudo que ela sempre gostou. Só que alguns meses depois o tumor voltou, era o início de mais uma etapa. A menina doce que sempre gostou de ir à missa aos domingos, dançava ballet, funk, de repente não saiu mais da cama. Atualmente, Gaby depende da mãe pra receber todos os cuidados e a comunicação com a filha está cada dia mais difícil. Fonte G1