Mesmo sem horário de verão, celulares adiantam uma hora automaticamente
Apesar de ter sido revogado por Jair Bolsonaro, o horário de verão – ou a falta dele – agitou as redes sociais na madrugada deste domingo (20). No Twitter, centenas de usuários relataram que os celulares adiantaram automaticamente em 1 hora e questionaram o horário certo.
O problema já era previsto. Na última sexta-feira, o Google havia publicado um anúncio oficial em seu blog recomendando que usuários de Android no Brasil alterassem as configurações automáticas de data e hora; saiba como fazer isso.
O SindiTelebrasil, que representa as operadoras de telefonia, informou que “as empresas realizaram testes na rede e não foram identificados problemas na alteração de horário”. “Vale ressaltar que há alterações que não ocorrem na rede das operadoras, e sim em aplicativos externos instalados nos aparelhos.”
Na sexta-feira, a entidade havia informado que as operadoras “desprogramaram a alteração do horário de verão em suas plataformas, de acordo com o novo decreto presidencial”.
Em 2018, já houve relatos sobre smartphones que entraram no horário de verão, no caso, antes da data oficial de início. Isso porque, no ano passado, a mudança foi adiada de outubro para novembro.
Por isso, na última sexta, o Google também alertou que o problema pode acontecer no próximo dia 3, quando começou o horário de verão em 2018. Para evitar, basta desabilitar a configuração automática.
O objetivo por trás da origem do horário de verão é aproveitar os dias mais longos para obter um melhor aproveitamento da iluminação natural, poupando recursos da matriz energética e reduzindo os riscos de apagões, principalmente no horário entre 18h e 21h, quando as lâmpadas dos espaços públicos são ligadas, boa parte da população chega em casa e parte do comércio, escritórios e indústria continua ativa.
Mas, nos últimos anos, mudou o padrão de consumo do país. Lâmpadas incandescentes foram substituídas por lâmpadas mais eficientes, e o horário de pico de energia se deslocou do início da noite para o meio da tarde, por volta das 15h, devido ao aumento expressivo do uso de ar-condicionado.
Estudo do Ministério de Minas e Energia divulgado no ano passado já apontava para a perda de efetividade do horário de verão. Segundo a nota técnica, a adoção de outros instrumentos regulatórios, como a tarifa branca e preço por horário, pode produzir resultados mais relevantes para o setor elétrico.
De acordo com o porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, o governo fez uma pesquisa que mostrou que 53% dos entrevistados pediram o fim do horário de verão. Não foram divulgados, entretanto, detalhes da pesquisa.
Horário de verão
No Brasil, o horário de verão foi instituído pela primeira vez no verão de 1931/1932, pelo então presidente Getúlio Vargas. Sua versão de estreia durou quase seis meses, vigorando de 3 de outubro de 1931 a 31 de março de 1932.
No verão seguinte, a medida foi novamente adotada, mas, depois, começou a ser em períodos não consecutivos. Primeiro, entre 1949 e 1953, depois, de 1963 a 1968, voltando em 1985 até abril de 2019, quando foi revogado por decreto.
O período de vigência do horário de verão era variável, mas, em média, durava 120 dias.
No mundo, o horário diferenciado é adotado em 70 países — e atinge cerca de um quarto da população mundial.
O horário de verão é adotado em países como Canadá, Austrália, México, Nova Zelândia, Chile, Paraguai e Uruguai. Fonte G1