‘Meu marido comprou achocolatado de amigo’, diz mãe de criança morta

 

A mãe do menino de 2 anos que morreu após ingerir achocolatado supostamente envenenado, na última quinta-feira (25), em Cuiabá, disse que o marido, que é pai de R. C. da S. S., comprou o produto de um amigo dele, que foi preso nesta quinta-feira (1º) junto com outra pessoa, por um preço abaixo do valor vendido nos mercados. O achocolatado foi enviado para perícia. O laudo ainda não foi divulgado pela Polícia Civil.

Segundo a Polícia Civil, Deuel de Rezende Soares, de 27 anos, amigo do pai do menino, teria furtado a bebida de um mercado. O outro preso é dono de uma mercearia na região. Ele é suspeito de ter envenado o achocolatado.

“Estávamos passando por dificuldades [financeiras>. Ele vendeu mais barato. Nós pagamos R$ 10 pelos cinco achocolatados”, contou a mãe, Dani Cristina dos Santos, de 26 anos. A família mora no Bairro Parque Cuiabá, na capital.

Na data em que a criança morreu, a mãe disse que ao acordar o marido a avisou que tinha cinco caixinhas de achocolatado na geladeira. E, quando o filho acordou, ela pegou o achocolatado e deu ao filho.

“Meu marido só mandou que eu olhasse a validade antes de dar para ele. Eu olhei e vi que ainda iria vencer no mês 11”, disse Dani. Rhayron tinha completado dois anos três dias antes de morrer. Ela disse que não conhece o microempresário que foi preso por suspeita de ter envenenado o achocolatado.

Segundo a mãe, os achocolatados estavam lacrados e não havia nada de estranho. Ela contou que abriu uma caixinha e tomou dois goles antes de dar para o filho. “Ele nem tomou tudo, só uns goles”, afirmou.

Ela contou que a criança bebeu o achocolatado e sentou junto com ela para assistir TV. O pai que também estava na casa pediu um abraço ao filho. “Ele levantou e saiu correndo para abraçar o pai. Daí já começou a ficar sem ar”, explicou.

Em seguida, Dani disse que saiu na rua para pedir ajuda e um homem que passava de carro a ajudou a levar o filho até a Policlínica do Coxipó. Ele morreu cerca de uma hora depois de ter ingerido a bebida, segundo a mãe.

A mãe disse que também passou mal. “Fiquei com o corpo frio, suando, vomitei”, disse.
Ela lamenta a morte do filho e disse que espera a punição dos culpados. “A dor é muito grande.

Não sei nem o que falar. Só quero que a Justiça seja feita”, declarou. Todos os dias desde a morte ela diz ir ao cemitério para “sentir a presença do filho”. O menino foi enterrado no dia 26. “Ele era um anjo. Não teve tempo de aproveitar as coisas boas da vida”, pontuou.

O crime

De acordo com a Polícia Civil, Adones José Negri, de 61 anos, é suspeito de ter colocado no achocolatado um veneno para matar ratos. A bebida foi furtada por Deuel na casa do dono do mercado. Os dois foram presos. Detalhes da investigação que chegou até os dois suspeitos ainda não foram informadas pela polícia.

A Polícia Civil abriu inquérito para investigar a morte da criança a partir de denúncia registrada pela mãe na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Ela relatou que o filho tomou o achocolatado, da marca Itambé.

Suspensão

Por causa disso, até que os produtos Itambezinho, do lote lote MA: 21:18, fossem analisados em laboratório, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou o recolhimento de um lote do achocolatado Itambezinho e proibiu a comercialização do produto pelo período de 90 dias, em todo o Brasil.

Posicionamento do fabricante

Em nota, a Itambé, empresa fabricante do produto, informou que, com a prisão dos dois suspeitos de envenenamento, ficou esclarecido que o produto Itambezinho não estava contaminado.

“A Itambé reforça que desde o dia 25/05, data de fabricação do lote em questão, já foram comercializadas mais de 5 milhões de unidades e não foram registradas reclamações de nenhuma natureza. A empresa lamenta o ocorrido, se solidariza com a dor da família e reforça seu compromisso com os consumidores brasileiros ao entregar produtos da mais alta qualidade”, diz trecho da nota. Fonte G1