Morre jovem de 21 anos que lutava contra um câncer em Assis

 

Morreu por volta das 2 horas da madrugada deste sábado, dia 20 de maio, na UTI do Hospital Regional de Assis, aos 21 de idade, a jovem Gabriela de Camargo, que tinha câncer. Seus familiares lutavam para que ela conseguisse o atendimento na Unidade de Oncologia daquela hospital, mas não conseguiram.

Numa ação política do deputado federal Capitão Augusto, o Ministério da Saúde credenciou a Santa Casa de Ourinhos e descredenciou o Hospital Regional de Assis para continuar com a Unidade de Oncologia. Desde então, o hospital de Assis não atende mais aos casos novos.

Calcula-se que em média 30 novos pacientes tenham perdido o atendimento no Regional de Assis.

Os familiares de Gabriela, depois de tanto procurarem por hospitais da região, conseguiram que ela fosse atendida em Marília, mas não deu tempo.

Na sexta-feira ela passaria por uma cirurgia no Hospital Regional, mas o procedimento foi prorrogado por conta de complicações.

Revoltado com a morte da esposa, Guilherme Ferreira disse que irá “lutar até o fim para destruir esse sistema de saúde falido”. Assim que acompanhar o velório e sepultamento, que acontecerão na cidade de Brusque, em Santa Catarina, ele voltará para Assis e pretende procurar a Justiça.

DESPEDIDA EM ASSIS – Familiares e amigos de Gabriela de Camargo poderão acompanhar o velório no Centro Funerário São Vicente numa breve despedida.O corpo deve ser velado das 10 às 11 horas da manhã deste sábado, antes de ser transladado para Santa Catarina.

DRAMA – Guilherme Ferreira revelou o drama enfrentado pela família no programa “Acorda Assis”, na rádio Interativa, na manhã desta sexta-feira, dia 19 de maio. Antes, ele já havia procurado o portal de notícias Assiscity. Revoltado por não conseguir que sua esposa receba o atendimento especializado em oncologia no Hospital Regional de Assis, apesar de a unidade hospitalar ainda oferecer o serviço, ele decidiu procurar a Justiça. “Isso é revoltante. A cidade perder a Unidade de Oncologia e ninguém fazer nada. Vou até o fim nessa luta”, disse Guilherme, que já teve uma audiência na Promotoria de Justiça.

No entanto, sua preocupação maior essa semana foi aguardar uma cirurgia que sua esposa será submetida no Hospital Regional. O procedimento estava agendado para a tarde de quinta-feira, mas o médico Milton Burlim Júnior decidiu adiar em razão de complicações notadas no quadro clínico da paciente. “Acho que ela será operada na segunda-feira”, prevê o esposo de Gabriela de Camargo, que foi removida para a Unidade de Terapia Intesiva do Regional.

Guilherme contou o drama enfrentado pela esposa ao repórter Reinaldo Nunes: “Descobrimos a doença há cerca de dois meses. Com dores, ela estava na Unidade de Pronto Atendimento do Jardim Aeroporto e precisou ser levada, às pressas, para a Santa Casa de Misericórdia”, contou. “Inicialmente, pensamos que se tratava de cálculo renal (pedra nos rins), contou

Após ser submetida a intervenção cirúrgica suspeitando que fosse uma apendicite, foi descoberto um tumor que, após análise num laboratório, foi confirmado ser um tumor maligno. “Descobriram um tumor com aproximadamente 20 centímetros”, disse.

Guilherme contou que “foi preciso retirar o ovário, o apêndice e a trompa direita. Ela fez a cirurgia e teve alta no dia seguinte, mas o material precisava ser enviado para análise. O próprio médico que operou a Gabriela enviou o material para fazer a biópsia, que constatou neoplasia maligna com metástase no omento e no véu intestinal”, explicou Guilherme, entrevistado pelo portal Assiscity.

Internada no Hospital Regional após confirmar a doença, Gabriela recebe 20 miligramas de morfina, de três em três horas, juntamente com dipirona e outros remédios para náusea. “Ela toma água, que é transparente, e vomita escuro. Estamos desesperados pela situação dela”, conta o marido Guilherme.

Revoltado com o fato de o Hospital Regional ter sido descredenciada pelo Ministério da Saúde para manter a Unidade de Oncologia, Guilherme Ferreira tentou o atendimento na cidade de Jaú. “Lá, informar que Assis deveria receber por ainda ser credenciada”, teriam justificado.

Em Assis, ao procurar a direção do Hospital Regional, Guilherme foi informado que só serão mantidos os tratamentos já iniciados até o mês de dezembro. Os novos casos devem ser atendidos em outras unidades de oncologia.

Ourinhos, apesar de ter sido credenciada, numa manobra política do deputado federal Capitão Augusto, ainda não está atendendo os novos pacientes com câncer.

“O quadro dela está se agravando a cada dia e não sabemos mais o que fazer”, lamentou o marido de Gabriela, que acompanha, minuto a minuto, o drama enfrentado pela esposa, de apenas 21 anos de idade.

O pai de Gabriela, que não mora em Assis, decidiu abandonar tudo onde trabalha para tentar agilizar o atendimento na filha. “Estou abandonando tudo aqui para cuidar da minha filha. Se for preciso, vou me acorrentar em frente ao hospital para que a situação da minha filha seja resolvida”, disse o pai, indignado, ao portal Assiscity, na semana passada.

Guilherme contou ter, finalmente, conseguido que sua esposa receba o tratamento em Marília, mas ela só poderá ser transferida após passar pela cirurgia no Hospital Regional.

“Peço às pessoas doadoras de sangue que se dirijam ao hemonúcleo do Hospital Regional e façam suas doações. Além disso, peço aos que têm fé, que orem pelo restabelecimento da Gabriela nesse difícil momento”, implorou Guilherme, que pretende voltar ao Ministério Público e “ir até o fim” na luta para manter o serviço de oncologia no Hospital Regional de Assis. Fonte: Jornal da Segunda