Mulher morre com Covid dez dias após dar à luz em parto prematuro: ‘Parece pesadelo’, diz irmã
“Por onde passava, levava luz, e tinha um sorriso contagiante”. É assim que a psicóloga Vanessa Ribeiro Dantas se lembra da irmã, que morreu nesta terça-feira (8), diagnosticada com Covid-19.
A morte de Natália Cristina Ticianelli, de 31 anos, veio dez dias depois que a mulher deu à luz o pequeno Arthur em um parto de emergência na Santa Casa de Jaú, interior de São Paulo. Foi o último presente que deixou à família de Bariri (SP).
“Agora é passar essa fortaleza para ele e educar como ela gostaria, porque ela sempre foi um exemplo”, conta a irmã.
Vanessa contou ao G1 que Natália estava grávida de 30 semanas quando começou a apresentar sintomas de coronavírus. Segundo ela, a irmã teve febre, falta de ar e muita fraqueza, e teve que ser internada.
Natália testou positivo para Covid-19 e foi entubada na Santa Casa de Jaú. No mesmo dia, os médicos decidiram realizar uma cesárea e o Arthur nasceu, com 1,440 kg e 40 centímetros. O bebê também passou pelo teste de coronavírus, que deu negativo.
“Ele teve duas paradas cardíacas, aí foi entubado também. Agora está na UTI, esperando ganhar peso para ir embora. Os médicos falaram que ele está se desenvolvendo bem e está fora de perigo”, afirma a tia.
Dez dias após o parto, Natália não resistiu às complicações da Covid-19 e morreu. No período em que ela ficou internada, amigos e familiares se uniram para pedir orações nas redes sociais.
“Fizeram corrente de oração para ela no Brasil inteirinho, de todas as religiões. Não é porque ela era minha irmã, mas ela era um ser humano de luz. O mundo podia estar pegando fogo, que ela estava sorrindo e tentando deixar todo mundo feliz”, lembra a irmã.
FAMÍLIA E PROFISSÃO
Além do pequeno Arthur, Natália deixou cinco irmãos, o marido e a filha Adele, de um ano e sete meses. Por enquanto, a menina está no sítio com a avó paterna e não tem muita noção do que aconteceu, segundo a tia.
“Agora nós vamos ver o que vamos fazer. Ela não tem muita noção, tadinha. Parece um pesadelo. Parece que a gente vai acordar e ela vai entrar por aquela porta sorrindo, com aquele sorriso contagiante que ela sempre teve”, diz a irmã.
Natália trabalhava como analista de sistemas de marketing em um supermercado de Bariri. Segundo a irmã, ela tinha voltado a trabalhar no escritório do estabelecimento nos últimos meses, mas a família não tem ideia como ela e o marido contraíram a doença.
“O marido dela também pegou, os dois estavam, mas o dele foi mais leve. Ele perdeu paladar, ficou meio ‘ruinzinho’, mas nada demais. Agora de onde eles pegaram a gente não faz a mínima ideia”, conta Vanessa.
Natália foi enterrada na manhã desta quarta-feira (9), no cemitério de Bariri. Não houve velório, mas Vanessa conta que a família fez orações por ela mesmo sem o corpo presente.
A morte de Natália ainda não foi contabilizada no boletim epidemiológico da prefeitura de Bariri. Ao todo, a cidade tem 814 casos de coronavírus e 11 óbitos pela doença. Fonte G1