‘Não era a intenção’, diz menor que matou agente na Fundação Casa
A corregedoria da Fundação Casa identificou cinco suspeitos de participar da morte de um agente socioeducativo durante uma rebelião em Marília (SP) na noite de terça-feira (4). Francisco Calixto, de 51 anos, foi morto por cinco jovens após ser agredido violentamente por um cabo de vassoura. Um menor de 17 anos foi identificado como o autor do crime. Ele teria introduzido um cabo de vassoura na garganta da vítima, provocando a morte.
O menor confessou em um vídeo gravado para a polícia que o grupo não pensou em matar o agente. “Não era intenção de matar ele não”, afirma o adolescente. O corpo de Francisco foi enterrado na manhã desta quinta-feira (6), no Cemitério da Saudade.
Segundo a corregedoria, oito pessoas foram feitas reféns durante a rebelião que começou em um culto religioso, entre elas cinco agentes e três voluntários. De acordo com a instituição, os internos seguraram o agente que tentou impedir a fuga. Entre eles havia um maior.
De acordo com o delegado Valdir Tramontini,três voluntários que faziam o culto religioso e cinco funcionários do local foram feito reféns. Um deles foi ferido no ouvido com uma caneta e o agente Francisco Calixto, de 51 anos, foi morto por cinco jovens após ser agredido violentamente por um cabo de vassoura.
“Infelizmente um funcionário foi morto com uma brutalidade terrível. As informações iniciais constam que os menores o seguravam, um teria introduzido um cabo de vassoura em sua garganta, provocando a sua morte”, explica o delegado.
A polícia deixou a sede da Fundação Casa durante a madrugada desta quarta-feira (5) e a segurança do local foi retomada por agentes socioeducativos.
Em nota, a Fundação Casa informou que “os jovens envolvidos na fuga que permaneceram no centro e os que forem recapturados passarão por uma Comissão de Avaliação Disciplinar (CAD), que vai determinar as possíveis sanções. O Judiciário e familiares dos jovens serão informados da ocorrência.” A instituição informou ainda que vai prestar total apoio e solidariedade à família do agente morto durante a rebelião.
O agente socioeducativo completou 51 anos na terça-feira, mesmo dia que o motim foi deflagrado. Ele foi rendido e agredido por quatro internos com um cabo de vassoura quando tentava impedir a fuga dos menores, que se rebelaram por volta das 21h. Quando a tropa de choque da polícia chegou o conflito já estava controlado, mas 18 internos fugiram. Oito já foram recapturados.
Investigação
A defensoria pública visitou a unidade e vai acompanhar a situação. Atualmente a unidade de Marília tem capacidade para 101 jovens, mas abrigava 108.
“Nesse caso são várias frentes. A defensoria vai prestar uma assistência se necessário à família dessas vítimas até avaliando a possibilidade de uma indenização contra o Estado. Tem a frente da defesa da tutela, dos interesses dos adolescentes pelos defensores da área da infância e os defensores na área criminal na defesa dos eventuais maiores de idade envolvidos. Então são várias frentes”, diz o coordenador regional da defensoria Bruno Bortolucci Baghim.
Dois jovens que participaram da morte já foram identificados e detidos. “Um envolvido adulto, já tinha 18 anos, foi encaminhado para o CDP [Centro de Detenção Provisória]. Ele não está mais na delegacia de polícia. A partir da decisão judicial desse novo ato infracional eles vão ser alocados em uma unidade correspondente ao ato”, afirma o corregedor. Dos internos que fugiram, três foram recapturados na manhã desta quarta-feira e cinco nesta tarde ao lado de um córrego perto da unidade. A polícia ainda faz buscas pelos outros 10.
O delegado seccional de Marília, Wilson Frazão acrescentou que todos os internos rebelados responderão pelo motim e por lesão corporal. O maior de 18 anos envolvido diretamente na morte do agente penitenciário vai responder por homicídio doloso por meio cruel. Os outros quatro adolescentes que participaram do crime ficam à disposição da vara da infância e da juventude.