Pais afirmam que autorização para compra de canabidiol está no prazo
As famílias de Marília (SP) que dependem do medicamento canabidiol estão sem o remédio de uso contínuo há pelo menos dois meses, mesmo após terem conseguido na Justiça que o tratamento seja custeado pelo Estado.
A Secretaria de Saúde do Estado, que é responsável pela compra do remédio, informou nesta semana que o remédio não estava sendo comprado porque as famílias estavam com a autorização para importação do canabidiol vencida. Mas os pais afirmam que os documentos de autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária para a importação estão dentro do prazo. “A gente liga no DRS [Departamento Regional de Saúde] de Marília e a explicação é que em São Paulo não foi feita a compra”, conta a funcionária pública Eliane Crepaldi de Andrade.
Os documentos têm validade de um ano a partir da autorização enviada pela Anvisa. O da Eliane Crepaldi de Andrade vence só em abril. O da Claudia Marin vai até julho e o da Yara Prata de Alcântara vence em março. Mesmo assim, todas estão se receber o canabidiol. “Desde janeiro sem receber. A gente sabe que as crises convulsivas voltam, a qualidade de vida diminui”, explica Claudia, mãe do Matheus.
A assessoria de imprensa da Anvisa informou que verificou os nomes mostrados na reportagem e que não há produtos retidos no posto da agência em Viracopos, Campinas, em nome dessas pessoas. E que as autorizações têm validade de um ano.
A produção da TV TEM voltou a pedir uma resposta à Secretaria Estadual de Saúde, mas a assessoria informou apenas que o processo de importação do canabidiol para todos os pacientes está em andamento e que vai providenciar o produto o mais breve possível.
O medicamento ajuda na qualidade de vida dos filhos dessas mulheres. Até dezembro era no Departamento de Regional de Saúde que as famílias retiravam o medicamento, mas desde que a entrega foi suspensa, a única informação que elas tiveram era de que a compra do canabidiol estava atrasada.
Segundo o levantamento feito pelas mães, na região de Marília, quinze crianças que dependem do medicamento, conseguiram na Justiça o direito ao tratamento de graça.
A dona de casa Yara Prata de Alcântara diz que está sem receber o remédio e ela contava com as doses para manter o tratamento da filha de nove anos. “Está faltando a medicação e como todo mundo eu estou diminuindo as doses para não ter convulsão.”
A Fabiana Costa e o Roberto Pereira da Costa, de Ourinhos, são pais do Miguel e se emocionam ao lembrar dos tempos difíceis sem o canabidiol para o filho. “É difícil ver seu filho vegetando. Não falava mais. Hoje é outra pessoa, brinca, fala, faz tudo”, conta Fabiana.
O Miguel, que hoje tem 12 anos, teve a primeira crise convulsiva aos 4 anos. Fabiana conta que houve dia em que ele teve mais de 50 crises. Roberto diz que não quer nada além do que a justiça garante para o filho. “Em setembro pegamos a última remessa, em dezembro nada. O advogado notificou o cartório, mas não temos notícia. O direito do Miguel não tá sendo respeitado.” Fonte: G1