Paleontólogo encontra fóssil de crocodilo pré-histórico durante escavações em Marília

Paleontólogo encontra fóssil de crocodilo pré-histórico durante escavações em Marília — Foto: Willian Nava/Arquivo pessoal

Paleontólogo encontra fóssil de crocodilo pré-histórico durante
escavações em Marília — Foto: Willian Nava/Arquivo pessoal

O paleontólogo mariliense Willian Roberto Nava catalogou, no final de maio de 2024, mais uma descoberta de fóssil na região de Marília (SP).

A região é conhecida pela alta incidência de vestígios históricos biológicos, onde já foram, inclusive, encontrados fósseis de dinossauros. (Saiba mais no final da reportagem)

A descoberta atual trata-se de um crânio pequeno, medindo entre 6 e 7 cm em vista dorsal, localizado às margens de uma rodovia há 20 km do perímetro urbano de Marília.

Segundo o paleontólogo, a suspeita é de que o fóssil seja de algum crocodilo da espécie Mariliasuchus, já encontrada na região, ou outra espécie diferente.

Novo fóssil de crocodilo é encontrado em escavações em Marília — Foto: Willian Nava/Arquivo pessoal

Novo fóssil de crocodilo é encontrado em escavações
em Marília — Foto: Willian Nava/Arquivo pessoal

“Nós sabemos que é um crânio de crocodilo, mas ainda não conseguimos acessar a dentição para estabelecer se é um crocodilo da espécie Mariliasuchus ou alguma espécie diferente. A rocha da região de Marília é do tipo adamantina e muito maciça”, explica.

Willian Nava destaca ainda que, uma vez confirmada a espécie, a localização do fóssil apontará para uma distribuição geográfica mais ampla da espécie, descoberta pelo próprio paleontólogo.

A previsão é de que o fragmento ósseo seja retirado por completo da rocha até o final do mês, para que possa ser melhor analisado e futuramente exposto no Museu de Paleontologia de Marília.

Como funcionam as escavações

Em entrevista ao g1, o professor explicou como ocorrem as escavações que precederam a descoberta do novo fóssil. Willian Navas conta que é um trabalho semelhante ao de um detetive, uma inspeção de rotina, como ele mesmo denomina.

Paleontólogo Willian Nava descobriu fóssil em formação às margens de rodovia de Marília (SP) — Foto: Willian Nava/Arquivo pessoal

Paleontólogo Willian Nava descobriu fóssil em formação às margens
de rodovia de Marília (SP) — Foto: Willian Nava/Arquivo pessoal

“Foi uma inspeção de rotina que eu fiz nas rochas, que haviam sido mexidas e ficaram expostas após as obras de duplicação da rodovia, há cerca de dois anos. Aí nós investigamos o sedimento para ver se ali há algum fóssil, seja qual for”, conta.

Uma vez localizada o primeiro vestígio de uma ossada, o paleontólogo fez um recorte na rocha para que a ação do tempo não o deteriorasse e levou o fragmento para o laboratório, onde, em um procedimento quase cirúrgico foi retirando os detritos, para chegar no crânio completo.

Nava observa rocha com os fósseis do crocodilo, no laboratório do Museu de Paleontologia de Marília — Foto: Willian Nava/Arquivo pessoal

Nava observa rocha com os fósseis do crocodilo, no laboratório do
Museu de Paleontologia de Marília — Foto: Willian Nava/Arquivo pessoal

Berço da paleontologia no centro-oeste paulista

Os vestígios de que a região abriga criaturas primitivas no passado surgiram nos anos 90 quando os ossos de dinossauros foram descobertos na localidade.

A maioria pertencia a um dinossauro em específico: o Titanossauro, um animal quadrúpede, de pescoço bastante alongado e que só se alimentava de vegetais.

Nava (à esquerda) junto a paleontólogos da Argentina e EUA escavando fósseis de aves da Era dos Dinossauros — Foto: Willian Roberto Nava/Arquivo Pessoal

Nava (à esquerda) junto a paleontólogos da Argentina
e EUA escavando fósseis de aves da Era dos Dinossauros
— Foto: Willian Roberto Nava/Arquivo Pessoal

Apesar das descobertas inéditas, a cidade só conseguiu se consolidar na rota da paleontologia há 13 anos. Isso porque, em abril de 2009, Nava fez uma descoberta grandiosa enquanto vasculhava o solo de Maríliaossos do mais completo titanossauro já encontrado no Brasil.

As escavações do achado repercutiram tanto que serviram de inspiração para a novela “Morde e Assopra”, lançada em 2011 pela Rede Globo. A produção conta a história de uma paleontóloga que viaja ao interior de São Paulo em busca dos animais primitivos.

Um dos fatores que colaboram para que as descobertas aconteçam por aqui é o relevo colinoso da região de Marília. A área possui uma topografia bem acidentada, cheia de colinas – não à toa, é conhecida como Planalto de Marília.

“Por causa das serras, quando as rochas são cortadas nas obras feitas pelo homem, os sedimentos ficam expostos. Isso facilita a localização de fósseis”, explica Nava.

Além de favorecer a descoberta dos ossos, a região ainda ajuda na preservação deles. Isso porque o solo local é rico em carbonato de cálcio, uma substância muito presente nas águas de antigos rios e lagos, na longínqua era dos dinossauros.

“Pelo estudo geológico, sabe-se que a região em que Marília está localizada possuía um clima muito quente e seco. Havia muito mais evaporação do que acúmulo de água. Em pequenos rios e lagos, a água evaporava rapidamente e o carbonato de cálcio se concentrava no fundo. Se ali houvesse dinossauros mortos, os ossos eram envoltos por uma película protetora formada pela substância”, diz.

Especialistas encontraram possíveis fragmentos de titanossauro — Foto: Willian Nava/ Arquivo Pessoal

Especialistas encontraram possíveis fragmentos de
titanossauro — Foto: Willian Nava/ Arquivo Pessoal

Pesquisador encontrou fósseis de dinossauro, titanossauro e crocodilo em Marília — Foto: TV TEM/Reprodução

Pesquisador encontrou fósseis de dinossauro, titanossauro
e crocodilo em Marília — Foto: TV TEM/Reprodução

Fonte: G1