Piloto de avião morre ao colidir caminhonete com a traseira de um bitrem, a 20 km de Assis
Mais um acidente com vítima fatal nas rodovias regionais.
No início da tarde desta terça-feira, dia 14 de maio, um piloto de avião, que conduzia uma caminhonete Nissan Frontier, placas de Valinhos-SP, morreu ao colidir com a traseira de um caminhão bitrem, placas de Várzea Grande-MT.
Por volta das 12h30, os dois veículos trafegavam na SP-270, na pista com direção à capital.
No Km 424, município de Palmital, a 20 km de Assis, a caminhonete bateu violentamente na traseira do bitrem.
O corpo do motorista, Marco Aurélio Incerti de Lima, de 62 anos, que era piloto de avião e retornava de uma fazenda, no Mato Grosso, para Valinhos, onde residia, foi removido ao Instituto Médio Legal de Assis, para ser submetido ao exame necroscópico, antes de ser liberado à família para o velório e sepultamento.
O motorista estava sozinho na caminhonete.
A ocorrência foi registrada pela Polícia Civil, que requisitou a perícia no local para tentar descobrir as causas do acidente.
TRAGÉDIA – O motorista que morreu no acidente em Palmital na tarde desta terça-feira, foi o penúltimo piloto da aeronave que se envolveu num acidente em 207, que resultou em 199 mortes. Ele admitiu em depoimento prestado à polícia ter efetuado um procedimento ‘não adequado’ ao passar o comando do avião aos tripulantes que morreram na tragédia.
Segundo reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, “o piloto Marco Aurélio Incerti de Lima admitiu, em depoimento no 27º DP (Campo Belo), ter executado um procedimento não-recomendado para pousar o Airbus-A320 da TAM no aeroporto de Congonhas no dia 17 de julho de 2007, horas antes de a mesma aeronave se chocar contra um prédio e matar 199 pessoas.
Incerti de Lima comandou a aeronave no trecho entre Congonhas e Confins-MG (vôo 3214), e na volta a São Paulo (vôo 3219). Ele foi o último a pilotar o Airbus antes de Kleyber Lima e Henrique Stephanini di Sacco assumirem a aeronave. Os dois morreram no acidente.
Segundo o depoimento de Incerti de Lima, em razão de a pista de Congonhas ser restrita e estar molhada e escorregadia, ele considerou mais seguro deixar o manete da turbina direita -aquela que tinha o reversor inoperante- no ponto morto (“idle”) após pousar. A norma da Airbus, em vigor há cerca de um ano, é para acionar os dois reversores após tocar o solo, inclusive o que está inoperante.
“Nas condições em que a pista se encontrava [o procedimento] apresentava mais segurança para o pouso”, disse ele. O piloto ressaltou que não teve problemas com a manobra. Incerti de Lima é piloto da empresa aérea TAM desde 1995.
No pouso que resultou na tragédia, a caixa-preta de dados do Airbus-A320 registra que o manete da turbina direita não se movimentou nem sequer um grau para o ponto morto, permanecendo em alta aceleração.
Isso levou o computador a desativar o acionamento automático dos freios aerodinâmicos das asas, impediu a frenagem, manteve a aceleração e fez o avião ultrapassar a pista.
De acordo com o promotor Mário Luiz Sarrubbo, que acompanha o caso, nos depoimentos há a informação de que, com o procedimento não-recomendado adotado por Incerti de Lima, a expectativa era que o avião “ganharia” cerca de 50 metros de pista.
Depois que soube da falha, a TAM chamou o piloto e solicitou que ele seguisse o manual.
Para o promotor, fica a dúvida se a tripulação seguinte também considerou que seria mais seguro pousar desobedecendo o manual. “Parece que eles [pilotos] não sabem bem o que fazer nesses casos”, afirmou.
MAIS PROBLEMAS – Ao passar o comando da aeronave para Kleyber Lima e Henrique Stephanini di Sacco, o piloto Incerti de Lima e o co-piloto Daniel Alves da Silva informaram que havia alguns problemas no avião.
Além do reverso pinado (travado), segundo o promotor, houve um superaquecimento de uma das turbinas. Os problemas, exceto o reverso pinado, teriam sido consertados”, informou o jornal Folha de S. Paulo, à época.
Nota de Pesar
Fonte: Jornal da Segunda