Polícia apreende armamento pesado com criminosos detidos em pedágio
A Polícia Civil apreendeu armamento pesado com os criminosos presos após um cerco policial no pedágio da Rodovia Marechal Rondon em Agudos (SP). Além de dois fuzis, foram apreendidas também munição, uma pistola, uma escopeta, coletes a prova de bala e pregos colados em forma de cruz, que seriam usados para furar os pneus dos carros da polícia se a quadrilha fosse perseguida. Nove homens foram presos após explodirem caixas automáticos em Cabrália Paulista.
Oito se entregaram assim que o ônibus, que foi fretado pelos criminosos para a fuga, foi parado, mas polícia precisou negociar por quase 4 horas com um deles, que se recusava a se entregar. Ele chegou a atirar com um fuzil contra os policiais que tentaram entrar no ônibus. O arsenal apreendido mostra como os criminosos eram organizados.
“Nós temos um protocolo de roubo a bancos em que inquéritos policiais, a medida que eles foram sendo praticados, todos eles estão sendo cruzados, todos os dados de telefones, armamento para análise balística, impressões digitais e agora vai ser feito um trabalho meticuloso para tentar descobrir se eles estão envolvidos em outros casos”, diz o delegado da DIG, Kléber Granja, que investiga o caso.
Além do armamento também havia explosivos com os criminosos no ônibus que foi fretado pela quadrilha para a fuga. Por isso uma equipe do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) foi acionada para avaliar a situação. Os explosivos foram recolhidos pelos agentes, que também fizeram uma varredura nas agências bancárias em Cabrália Paulista e recolheram uma dinamite. Todo o material foi levado para ser detonado em um local seguro.
A ação
Nove homens foram presos na ação policial. Eles chegaram à Cabrália Paulista em dois carros e explodiram dois caixas automáticos de uma agência bancária, conseguiram pegar todo o dinheiro e ainda tentaram explodir caixas em outra agência, mas não conseguiram.
Para fugir, eles abandonaram os veículos e seguiram em um ônibus de turismo fretado pelos próprios criminosos. O veículo foi interceptado pela Polícia Militar Rodoviária na Rodovia Marechal Rondon, próximo da praça de pedágio de Agudos. As placas de Sumaré, o horário e também o fato de todas as cortinas estarem fechadas chamou a atenção dos policiais que estavam em uma viatura e deram sinal de parada, que não foi respeitado.
“Um dos policiais lembrou que indivíduos e tempos passados fizeram um roubo a caixa eletrônico utilizando um ônibus na fuga e desconfiaram que os indivíduos no ônibus poderiam ser os que efetuaram o estouro do caixa eletrônico”, explica o major Ordival Afonso Júnior, da Polícia Rodoviária.
No pedágio de Agudos, a polícia conseguiu cercar o ônibus. Oito criminosos se entregaram na hora e desceram do veículo. Mas quando os policiais foi vistoriar o ônibus, foram surpreendidos por tiros de fuzil. “Eles disseram que não havia mais ninguém no ônibus e no momento que entramos para fazer a vistoria fomos recebidos a tiros”, afirma o sargento Gustavo Acosta Jorge.
O criminoso continuou no ônibus e durante quase quatro horas negociou com a polícia para sair do veículo. Por volta das 8 horas, o trânsito na Rodovia Marechal Rondon sentido capital já passava de 7km. O criminoso primeiro jogou as munições. Depois, os carregadores, colete a prova de bala, uma pistola, uma escopeta calibre 12 e dois fuzis. A tensão só terminou depois que ele se entregou.
Segundo as investigações, os integrantes da quadrilha vieram das cidades de Campinas e Sumaré. O ônibus usado na fuga teria sido alugado pelos criminosos e para não levantar suspeita, depois de explodirem os caixas eletrônicos primeiro eles fugiram em dois carros e depois pegaram o ônibus no horto florestal de Cabrália Paulista.
Suposta extorsão
O último criminoso a se entregar fez denúncias de uma suposta extorsão praticada por policiais do Deic – Departamento Estadual de Investigações Criminais do Estado de São Paulo. Ele disse que o dinheiro do assalto seria para pagar uma extorsão a dois policiais do departamento. “Os caras me deram prazo para estar pagando eles até sexta-feira agora, depois do carnaval. Se não os caras iam jogar, ia prender eu, jogar um monte de B.O e eu nem estava (sic)”, disse.
O criminoso falou ainda o valor da suposta propina que deveria pagar. “Pediu R$ 400 mil, nós já demos R$ 150 mil sendo que eu não tinha dinheiro. Eles prendem meus carros, eu pedi os carros para eu poder vender e pagar, os caras não quiseram dar prazo, certo, por isso que eu estou aqui, vim roubar para poder pagar os caras”, completou.
A Corregedoria da Polícia Civil vai investigar o suposto caso de extorsão envolvendo os policiais. “Esse é um bandido com um grande histórico criminal e é comum, até para desviar o foco, que tem policiais envolvidos. O importante é o seguinte, a Corregedoria vai investigar, mas a gente vê com muita reserva e preocupação, porque é fácil jogar nomes de policiais. Esse bandido não tem nada a perder, mas os policiais sim”, explica o delegado do Deinter 4, Marcos Mourão.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública confirmou que a Corregedoria da Polícia Civil de Bauru apura a denúncia. Informou ainda que um dos suspeitos presos e os policiais militares envolvidos na ação foram ouvidos nesta quinta-feira sobre o caso. Fonte G1